Niterói
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Por — Niterói

Em busca do bicampeonato do carnaval do Rio, a Unidos do Viradouro apresenta um enredo sobre um líder de um quilombo que, junto com indígenas, desvendou os segredos das ervas e a força da natureza. Sob o tema “Malunguinho — O mensageiro de três mundos”, a vermelho e branco de Niterói promete uma viagem pela história de uma figura emblemática para a cultura afro-indígena brasileira e que ainda não havia sido homenageada na Marquês de Sapucaí.

A narrativa que conduzirá o desfile de 2025 lançará luz sobre João Batista, também conhecido como Malunguinho, um símbolo de resistência e líder do Quilombo do Catucá, situado no estado de Pernambuco, durante a primeira metade do século XIX.

Em razão das perseguições por seus atos libertários, Malunguinho refugiou-se na mata, onde adquiriu conhecimentos ancestrais e teve contato com a Jurema, um culto de origem indígena presente nas regiões Norte e Nordeste do país.

A escola vai destacar, primeiramente, a relação do personagem com os povos indígenas e, em seguida, abordará a sua transformação em mensageiro de três mundos: mata, Jurema e encruzilhada. A entidade se manifesta como caboclo, mestre e exu-trunqueiro.

O enredo foi concebido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, à frente da agremiação niteroiense há quatro anos. Com dois títulos conquistados, além de um vice-campeonato e um terceiro lugar, Zanon traz consigo uma trajetória de sucesso.

— O enredo precisa ser pensado não só para o grande público, mas também para a escola. Cada agremiação tem uma característica. A Viradouro, por exemplo, é uma escola mística, e, ao longo da minha trajetória, a gente tem conseguido que o viradourense vista essa fantasia e esses personagens — explica o carnavalesco.

Nos últimos desfiles, a escola tem se destacado por temáticas que celebram a história e as culturas africana e afro-brasileira, desde “Ganhadeiras de Itapuã”, em 2020; passando por “Rosa Maria Egipcíaca”, em 2023; até “Arroboboi, Dangbé”, em 2024.

— A gente vem trazendo temas que falam desse Brasil profundo, dessa realidade e desses personagens que foram apagados na História do país. Então, entendendo esse espírito da escola, esse desejo da comunidade, a gente resolveu caminhar mais uma vez por esse tipo de narrativa, para fazer essa reparação — diz Zanon.

O anúncio do próximo enredo sugere que esse compromisso com a representação e a valorização de povos historicamente oprimidos vem se consolidando como uma característica marcante da Unidos do Viradouro.

— Nós tivemos um enredo afro-brasileiro, que eu chamo de cristianismo preto, que foi o da Rosa Maria Egipcíaca; um enredo afro também, porque a origem de Dambê talvez seja o enredo mais africano de todos; e agora nós temos um enredo ameríndio, que, apesar de o personagem ser negro, tem uma ligação com a história da Jurema, que é indígena; então é um enredo mais plural nesse sentido — define Zanon.

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