O engenheiro João Gomes, candidato a prefeito de Niterói pelo Novo, desistiu de disputar as eleições na cidade. O pré-candidato encaminhou uma carta de renúncia ao diretório do partido, na última quarta-feira (24), expondo os motivos da decisão, e acusa o assessor parlamentar Renato Quintanilha, filiado à sigla e funcionário do deputado federal Carlos Jordy (PL), de ter participado de uma manobra para impugnar a candidatura de um postulante a vereador do Novo, Alexandre Ceotto. Jordy seria adversário de Gomes na disputa pela prefeitura da cidade.
"Na votação nominal durante a recente convenção realizada em 22 de julho, dois filiados, portadores de procurações de filiados ausentes, votaram pela impugnação da candidatura de um determinado postulante a vereador aprovado no longo processo seletivo do partido. Em ação orquestrada, os votos destes filiados, mais os votos dos ausentes (por eles representados), foram fundamentais na formação da maioria para a impugnação da referida candidatura. Mesmo operando legalmente, mas imprimindo pareceres manifestadamente pessoais na representação dos filiados ausentes, causa enorme desconforto saber que um deles, nomeado e remunerado pelo gabinete do deputado federal Carlos Jordy (PL), tenha sido um dos promotores deste movimento, não tenha se declarado impedido e ainda tenha votado na convenção, agravando ainda mais este desconforto meu e dos filiados presentes. O deputado Carlos Jordy é o adversário do Novo na disputa municipal ao Executivo", declarou Gomes na carta ao diretório do Novo. Ao GLOBO-Niterói, nesta segunda-feira (29), o agora ex-candidato disse não acreditar na participação de Jordy no movimento.
No mesmo documento, em que agradece à pré-candidata a vice Renata Esteves e aos apoiadores, Gomes afirma que o Novo sai prejudicado do episódio: "Sem capacidade de articulação e resolução dos problemas internos, estas ações e atitudes não têm minha concordância. O Partido Novo em Niterói sai menor desta convenção. E um partido menor, dividido, carente de recursos, físicos e financeiros, não logrará êxito em uma disputa com outras campanhas milionárias."
O deputado e candidato à Prefeitura de Niterói Carlos Jordy afirma que não tem nenhuma relação com a decisão tomada pela Executiva do Partido Novo sobre suas indicações para quaisquer cargos nas próximas eleições.
— Minha preocupação é com a minha campanha e com as necessidades da população de Niterói. Reafirmo que não tenho qualquer influência na decisão da Executiva do Novo que, de maneira independente e legal, toma suas decisões sobre quem serão seus candidatos. Para o bem da política niteroiense, espero que o João Gomes repense sua posição. Sua presença é importante para que possamos ter um ambiente democrático e com mais representatividade na eleição. Aproveito para lembrar que a minha coligação sofreu a interferência indevida da Executiva nacional do partido Agir, que acabou com o sonho de mais de 20 candidatos a vereador. Portanto, jamais iria interferir no sonho de quem deseja se candidatar — declara Jordy.
O pré-candidato do PL se refere à decisão do presidente nacional do Agir, Daniel Tourinho, de apoiar a candidatura de Rodrigo Neves (PDT) à prefeitura de Niterói, o que levou pré-candidatos do partido a protestarem e reforçarem suas declarações a favor de Jordy.
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Assessor parlamentar de Jordy presente na votação que impugnou a candidatura de Alexandre Ceotto a vereador, Renato Quintanilha destaca que é filiado ao Novo desde 2018 e nunca esteve em outro partido. Ele ressalta que tinha o direito de participar da votação e que outra filiada, que, segundo ele, nada tem a ver com o deputado Jordy, levou cinco procurações e também votou contra a possibilidade de Ceotto concorrer a um cargo no Legislativo de Niterói.
— Gozo de meus direitos como filiado, estando apto a votar na convenção partidária. Não há qualquer vedação estatutária para que filiados trabalhem ou façam campanhas para outros políticos. O que o estatuto veda é que dirigentes, mandatários e candidatos façam campanha para outros candidatos em locais onde o Partido Novo já tenha candidatura — diz Quintanilha. — Todos os requisitos e exigências estatutárias foram rigorosamente atendidos para a realização da convenção partidária, com respaldo do diretório nacional para a votação por procuração. As declarações apresentadas na carta de renúncia escrita pelo João Gomes são levianas, lamentáveis e contraditórias. Se não tem as informações dos motivos que levaram cada filiado a votar pelo "não aprovo", deveria ter feito contato com as pessoas e entender suas motivações, como qualquer grande líder faria, mas preferiu abandonar a nominata dos demais candidatos, em detrimento de uma única pessoa, recém-filiada ao partido. O senhor Alexandre Ceotto, em um curto espaço de tempo, criou um ambiente muito hostil dentro do partido. Criando intrigas, inventando mentiras para colocar umas pessoas contra as outras, intimidando filiados, a ponto de algumas pessoas terem medo de ir para a convenção, pensando em contratar segurança particular. Eu mesmo fui agredido e ameaçado durante a convenção pelos apoiadores do Ceotto e percebi que o medo das pessoas era real.
Alexandre Ceotto, por sua vez, informa que acionou a Justiça para reverter a decisão do diretório municipal do Novo e poder levar sua candidatura adiante. Ele está filiado ao partido desde março, quando iniciou o processo seletivo aplicado pela sigla para candidaturas, e nega estar envolvido em qualquer episódio de violência.
— Judicializei e vai caber à Justiça Eleitoral decidir o que aconteceu lá. Estamos tentando reverter por liminar e acreditamos totalmente que conseguiremos, porque não tem nenhuma jurisprudência. Nunca na história da democracia brasileira alguém foi cassado por procuração. Já vinha alertando aos dirigentes estaduais do partido e ao próprio João que isso iria acontecer, que poderiam tentar uma manobra para cassar minha candidatura por votos. O Novo tem um processo seletivo no qual o candidato faz prova e dá todas as certidões. Eu tirei a maior nota do partido entre os postulantes. Acredito que assustei uma postulante e arrumaram um jeito de me tirar da disputa. Foi apunhalado pelas costas. Com relação ao Renato Quintanilha, o Jordy não quer que eu seja uma liderança de direita porque estou fora do extremismo, não fico nessa polarização raivosa que ele representa. Seu assessor me acusar de ameaça é algo muito sério, tem que ter prova e boletim de ocorrência.
No último domingo (28), o Novo Niterói publicou uma nota em suas redes sociais anunciando a desistência de seu pré-candidato a prefeito: "Informamos a todos os filiados, apoiadores e simpatizantes a desistência de João Gomes ao pleito majoritário em nossa cidade. O Partido Novo segue em frente com a nominata de vereadores, aprovada em recente convenção, na luta por uma Niterói melhor e na defesa de nossos princípios e valores."
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Presidente do partido na cidade, Andrea Carvalho afirma que a votação feita na convenção municipal foi legítima e que lamenta a desistência de João Gomes:
— Recebemos a notícia da desistência da candidatura do João e foi muito triste, um choque. Ele está há muito tempo no partido, mas tomou as dores de um determinado candidato que já passou por vários partidos e sempre saiu de forma ruim. Antigamente tínhamos um processo seletivo muito longo no Novo. Este ano, criamos uma jornada, que inclui prova de alinhamento com o partido. Esse candidato teve nota de aprovação, mas o processo se chama jornada porque a avaliação é feita durante todo período e só é aprovado nas convenções. Os filiados decidem e ele simplesmente não foi aprovado. O trâmite foi de acordo com a legalidade. É leviano acusar o deputado Carlos Jordy de interferência pelo fato de o Renato Quintanilha ter sido um dos filiados do Novo que levou procurações. É só entrar em contato com as pessoas que entregaram procurações. Não foi só ele. Ele levou três e a outra cinco. Foram 18 votos contrários e 15 a favor. Nossa convenção é legítima, seguiu um rito — diz.
Ela garantiu que o partido não apresentará outro candidato ao Executivo:
— Pretendemos perseguir só com a nominata à vereança. Nem temos tempo hábil para tirar outro nome da cartola. Também não pretendemos fazer coligação.
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