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Protesto em Santa Teresa pede volta do bonde no Largo das Neves

Na próxima terça-feira, acidente que matou seis pessoas e deixou mais de 50 feridos completará oito anos
Na memória. Bonde circula pelo Largo das Neves: moradores já estão há oito anos sem o transporte Foto: Marcelo Sayão/28-09-2001
Na memória. Bonde circula pelo Largo das Neves: moradores já estão há oito anos sem o transporte Foto: Marcelo Sayão/28-09-2001

RIO — Na próxima terça-feira, o acidente de bonde que matou seis pessoas e deixou mais de 50 feridos, em Santa Teresa , na Zona Sul do Rio, completará oito anos. Depois da tragédia, o serviço ficou interrompido por quatro anos, até que, em 2015, os tradicionais coletivos amarelos voltaram a ser vistos , mas não em toda a extensão do bairro. Uma decisão judicial de 2010 — ano anterior ao acidente — obriga o estado a restaurar todo o itinerário, mas, até agora, os moradores do Largo das Neves não viram nem sinal da obra. Como forma de protesto, a Associação de Moradores e Amigos de Santa Teres a (Amast) e o grupo comunitário Moreno organizaram o ato “Marco 27”, que também honrará a memória das vítimas.

ACERVO: Bonde de Santa Teresa funcionava desde 1896

As atividades terão início neste domingo, às 11h, com uma missa na Igreja Anglicana, na Rua Paschoal Carlos Magno. Em seguida, haverá um ato público no Largo do Guimarães , marcado para as 13h. A partir das 16h, os moradores vão sair em cortejo em direção ao Largo das Neves, onde ocorrerá um ato cultural com artistas do bairro.

Na terça-feira haverá um ato ecumênico no próprio largo, às 18h, com a apresentação do coral Encanta Santa e exibição do documentário “Um bonde chamado Santa Teresa”, que narra a história do transporte típico do bairro, em circulação desde 1877.

— Sem o bondinho no Largo das Neves, o comércio começou a ser prejudicado, as ruas foram ficando vazias e o número de roubos aumentou consideravelmente. Os trilhos da linha Paula Mattos estão destruídos e provocam acidentes de trânsito — explica Christovam Barcellos, coordenador do Moreno, grupo de moradores do largo.

Segundo ele, o que explica a demora é um imbróglio político. Mesmo que os moradores tenham saído vitoriosos judicialmente, há um impasse: o asfalto de Santa Teresa pertence à prefeitura, enquanto os trilhos são responsabilidade do estado. Nenhum dos dois, no entanto, inicia as obras.

— Esse evento acontece todo ano. Já são oito anos de espera e, para piorar, ninguém foi punido pelo acidente. Se o estado tivesse feito as obras de manutenção necessárias, ele nem teria acontecido — afirma o líder comunitário.

Nova composição

Até o fim deste mês, o sistema de bondes de Santa Teresa contará com mais uma composição, quando o oitavo veículo, que está passando por testes operacionais desde a semana passada, começar a operar.

A composição manterá as características visuais originais aprovadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). O bonde conta com diversas tecnologias modernas como sistemas de freios dinâmico e magnético, painel de comando, sistema de tração controlado eletronicamente, motores de última geração com menor consumo de energia, sistema de som para comunicação com os usuários, além de estribo retrátil — que impede que passageiros viajem em pé no veículo.

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