Tijuca e Zona Norte
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Por Regiane Jesus — Rio de Janeiro

Se simpatia é quase amor, réveillon é quase carnaval. Abre alas para a maior festa popular do país, o réveillon cumpre a missão de ser um esquenta, de respeito, para os dias de folia que se aproximam. Enquanto os tamborins anunciam que fevereiro está chegando, a realeza do samba se prepara para brilhar na Marquês de Sapucaí. Moradora do Complexo do Alemão, Maria Mariá, de 20 anos, entra 2023 com muito samba no pé e uma representação da nobreza suburbana na cabeça. A estudante de Comunicação Social, na UFRJ, é a nova rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense, com direito a ganhar uma coroa inspirada no boné CPX confeccionada especialmente para ela pelo carnavalesco da escola, Leandro Vieira. O presente tem diversos significados para a também atleta de taekwondo.

— Eu moro na Rua Itararé, em Ramos, vizinha à quadra da Imperatriz. Tenho o maior orgulho de ser nascida e criada no Complexo do Alemão, lugar de muita gente guerreira e trabalhadora. Sou filha de mãe cabeleireira e de pai servidor público, já aposentado, que sempre pegaram no batente para sustentar os quatro filhos. Nunca nos faltou nada, mas também nunca tivemos luxo. Quando coloco na cabeça a coroa de rainha que é um boné do CPX passa este filme da minha vida na cabeça. Ser escolhida rainha de bateria, sendo da comunidade, é uma responsabilidade imensa. Eu estou representando todas as pessoas do Complexo do Alemão que lutam para ser o que elas quiserem – diz.

Maria Mariá já foi aluna das oficinas de bateria da Imperatriz Leopoldinense — Foto: Divulgação/Nelson Malfacini/MalfaciniPress
Maria Mariá já foi aluna das oficinas de bateria da Imperatriz Leopoldinense — Foto: Divulgação/Nelson Malfacini/MalfaciniPress

Quando pisou pela primeira vez na quadra da Imperatriz Leopoldinense, aos 9 anos, Maria não poderia imaginar que um dia reinaria à frente dos ritmistas da escola. Mas o amor pelo samba já dava sinais da história que seria escrita. Não demorou para começar a fazer as aulas de bateria oferecidas pela agremiação. O repique foi o seu instrumento de escolha. Aos 12 anos, desfilou pela primeira vez na ala mirim e não parou mais. Quando saiu da adolescência, migrou para a ala de passistas. Chegar ao posto de rainha de bateria foi uma questão de (pouco) tempo.

— No fundo, sempre existe o sonho de ser a rainha. Eu ficava encantada quando via aquelas mulheres deslumbrantes. Nunca imaginei que um dia ocuparia este lugar que é como ganhar na Mega-Sena: todo mundo quer, mas ninguém acha que vai acontecer. Quando fui anunciada como a nova rainha, quase morri de emoção – ressalta.

Pisar na mesma Avenida onde também estarão suas musas (ou rainhas) inspiradoras é motivo de orgulho.

— Eu admiro demais a Evelyn Bastos, da Mangueira, a Bianca Monteiro, da Portela, a Mayara Lima do Paraíso do Tuiuti e tantas outras. Mas fico especialmente feliz em ver que o quadro de rainhas da comunidade não para de crescer. Este posto começa a ter a cara das raízes das escolas. Nós representamos a certeza de que os sonhos podem se realizar. Quero chegar à Marquês Sapucaí com muita energia para fazer bonito neste grande espetáculo. A pandemia foi muito difícil para os profissionais do carnaval e para todos que amam a festa, por tudo isso o carnaval de 2023, em fevereiro, no período certo, vai ser muito especial – observa, referindo-se ao fato deste ano os desfiles terem ocorrido em abril.

Maria Mariá é apaixonada por samba desde a infância — Foto: Divulgação/Nelson Malfacini/MalfaciniPress
Maria Mariá é apaixonada por samba desde a infância — Foto: Divulgação/Nelson Malfacini/MalfaciniPress

Fôlego para brilhar defendendo as cores da Imperatriz Leopoldinense e o enredo “O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida”, do carnavalesco Leandro Vieira, não falta à Maria, que é uma esportista nata.

— Sou atleta de taekwondo desde os 5 anos e ainda pratico até hoje. Não estou mais competindo, mas treino com regularidade. O esporte me ajuda a ter disciplina e um bom condicionamento físico, claro, mas tenho uma preparação específica para o carnaval. Faço aulas de samba no pé, musculação e tenho uma alimentação saudável, com pouca gordura e açúcares – conta.

Maria Mariá é estudante de Comunicação Social e atleta de taekwondo — Foto: Acervo pessoal
Maria Mariá é estudante de Comunicação Social e atleta de taekwondo — Foto: Acervo pessoal

As aulas de samba são necessárias devido às coreografias apresentadas à frente da bateria. Mas dizer no pé é coisa que a rainha sabe desde a infância.

— Sempre gostei de sambar. Em assistia aos desfiles na televisão a noite inteira imitando as passistas. O samba está na minha vida desde que eu me entendo por gente. O meu pai arrumava a casa, cozinhava, sambando. Nas festas de família só dava samba, então é um amor genuíno, que nasceu comigo – frisa.

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