Tijuca e Zona Norte
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Por Regiane Jesus — Rio de Janeiro

Dizer que ele está esquentando os tamborins talvez não seja a forma mais apropriada de definir a intensa rotina de ensaios do coreógrafo e passista Gabriel Castro a pouco mais de um mês para o carnaval. Mas, sem dúvida alguma, é a partir do som produzido pelas baterias de consagradas agremiações cariocas que o morador de São Cristóvão, diretor artístico do Império Serrano e diretor da ala de passistas da Unidos de Vila Isabel e do Império da Tijuca, diz no pé com a desenvoltura de quem levou o Estandarte de Ouro de Melhor Passista em 2015, época em que defendia as cores da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Sambista nato, o afilhado de João Nogueira que estreou na Marquês de Sapucaí em 2001, na ala mirim da Paraíso do Tuiuti, acelera o passo para ensinar quem não sabe sambar a tempo de movimentar o corpo com gingado nos desfiles do maior espetáculo da Terra. A batida do também professor de História inclui ainda coreografar os foliões que vão pisar na Sapucaí com o compromisso de brilhar no quesito evolução, além de estar à frente do projeto “Eu sambo assim”, que idealizou para dar aulas de dança gratuitas a pessoas de todas as idades em espaços públicos.

Como a sua empolgação parece inesgotável, ainda encontra tempo para estar à frente do “Celeiro de bambas”, iniciativa social da Unidos de Vila Isabel, que oferece sem qualquer custo aulas de nove modalidades de dança para moradores da comunidade do Morro dos Macacos. E quando o carnaval acabar, será hora de arrumar as malas para uma temporada pela Europa e pelos Estados Unidos. Na bagagem, a missão de fazer os gringos sambarem ao som do gênero musical mais popular do Brasil.

O passista e coreógrafo dá aulas de samba no exterior — Foto: Divulgação/Diego Mendes
O passista e coreógrafo dá aulas de samba no exterior — Foto: Divulgação/Diego Mendes

— Desfilei pela primeira vez em 2001 e não parei mais. Eu lembro que tentei me inscrever sozinho para a ala mirim da Paraíso do Tuiuti, mas, aos 11 anos, é claro que não consegui. A minha mãe, que não é uma sambista, me deu essa força de autorizar que eu desfilasse (risos). Herdei a paixão pelo samba do meu pai, que é músico e foi percussionista da banda do João Nogueira, que é meu padrinho de batismo, e do Diogo Nogueira. Com 16 anos, me tornei passista da Império da Tijuca. No ano seguinte, fui promovido a diretor da ala de passistas. Eu não sabia que aquilo seria a minha profissão, muito menos que essa arte me levaria a conhecer o mundo todo. Não tenho formação acadêmica em dança, sou formado em História. Até 2018, conciliava o samba com a docência. Eu abandonei as salas de aula, mas não a História. Aliás, eu sempre amei História por conta dos enredos das escolas de samba. Quando deixei o magistério, passei a dar workshops de história do samba e do carnaval tanto no Brasil quanto no exterior — diz o coreógrafo, de 34 anos.

A carreira de passista foi fundamental, em vários sentidos, para a formação de Castro.

— O samba me levou a ter contato com pessoas de mundos diferentes do meu. Conheci médicos, empresários, advogados, professores, pessoas que desfilavam nas escolas de samba, ensaiavam comigo, falavam das suas profissões, enfim, me fizeram aumentar o meu capital intelectual. Eu fui indicado para trabalhos por algumas dessas pessoas. Além de professor de História, fui funcionário de um banco. O samba também me apresentou vários países. Quando passa o carnaval, viajo para dar aulas de samba. Este ano, já fui contratado para ir a Portugal, Suíça, França e Espanha, na Europa, além de Los Angeles e Havaí, nos Estados Unidos. Costumo ficar pelo menos dois meses fora do Brasil. Os estrangeiros são apaixonados por samba — frisa.

Gabriel Castro, no carnaval de 2022, na Unidos de Vila Isabel — Foto: Acervo pessoal
Gabriel Castro, no carnaval de 2022, na Unidos de Vila Isabel — Foto: Acervo pessoal

Devido aos compromissos no exterior, Castro só coloca na rua o seu projeto “Eu sambo assim”, criado em 2015, no segundo semestre. Antes disso, trabalha captando recursos que possibilitem a sua viabilização. Em 2022, as aulas de dança aconteceram no Parque Madureira. Este ano, o local ainda está indefinido, mas as aulas gratuitas de samba estão confirmadas a partir de julho.

— Eu faço este trabalho com ou sem patrocínio. Já tirei dinheiro do bolso para levantar o projeto, mas é claro que um apoio financejro é muito bem-vindo. É uma missão colocar todo mundo para dançar. Crianças a partir de 6 anos podem participar, e não há limite máximo de idade. Tenho alunos de 80 anos. A dança funciona para quem quer só aprender o básico, para quem tem a intenção de se profissionalizar e para quem só deseja praticar uma atividade física. Eu também tenho muito prazer em ser professor no projeto “Celeiro de bambas”, da Unidos de Vila Isabel, que oferece aulas gratuitas — ressalta o coreógrafo, que mantém o perfil eu_ gabrielcastro, no Instagram, para contato.

Com o samba correndo nas veias desde a infância, Castro enfrentou o preconceito logo que entrou para uma ala de passistas.

— No samba não é diferente do balé clássico. Associam a dança à homossexualidade. Se fosse gay, isso não seria nenhum problema. Mas é incrível como as pessoas dizem que dança não é para homem, fazem piadinhas... Mas dança é para homem, sim, sejam gays ou héteros. Eu vivo da dança e para a dança — afirma o pai da pequena Helena, de 5 anos.

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