Samba e resistência. Esses são os pilares do enredo para 2024 do Grêmio Recreativo Escola de Samba Em Cima da Hora. “A nossa luta continua” resgata a própria história do bairro de Cavalcanti e do maior líder sindical da região, o operário Benedito Cerqueira, e sua influência no Sindicato dos Metalúrgicos, que o elegeu deputado federal.
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O enredo deste ano mantém a tradição cavalcantinense de exaltar, na poesia e na literatura, a batalha de um povo, além do modo de ele viver.Neste contexto, ganha destaque no mercado editorial, num encontro entre carnaval e literatura, o livro “Enredando ilusões”, com uma coletânea de enredos, entre outros, que a Em Cima da Hora apresentou em décadas passadas, sempre defendendo a cultura carioca.
O carnaval como cenário
Já na recém-lançada obra “Safiras de Candinho” está o dia a dia do bairro de Cavalcanti, num romance que tem o carnaval (a Em Cima da Hora e a Portela) como cenário, além da orelha do livro assinada por Carlinhos de Jesus, um dos principais personagens da festa popular brasileira mais conhecida em todo o mundo. As duas publicações são assinadas pelo escritor José Leonídio e publicadas pela Editora Autografia.
“Safiras” se passa na década de 1960 e mostra a história de amor de Candinho e Maria das Neves. Sobre o envolvimento do autor com o carnaval, ele vem antes dos livros escritos: em 1984, Leonídio desenvolveu o enredo “33: Destino, Dom Pedro II”, também para a Em Cima da Hora.
— Quando o enredo está em nossa imaginação, ele nos pertence. Ao dividirmos com os componentes da escola de samba (diretoria, compositores, ritmistas, baianas, passistas) deixa de ser nosso. O samba-enredo traz dezenas de interpretações diferentes que permitem ao público opinar qual o de sua preferência. A entrar na Avenida, da versão original restam menos de 50% porque, democraticamente, enredo e samba foram se adequando às exigências de seus verdadeiros donos, os componentes da comunidade de sambistas que formam as escolas, o universo livre do carnaval — define Leonídio.
O autor publicou seu primeiro romance, “A raposa do Cerrado”, em 2001. No mesmo ano, a obra rendeu a Leonídio uma menção especial da União Brasileira de Escritores, do Prêmio Erico Verissimo. Escritor que segue a linha da literatura de fantasia, ele é há mais de 20 anos um pesquisador do antigo Estado da Guanabara.