Um beco estreito do Morro do Cruz ganhou cara nova. Isso porque as plantas que Thaline da Mata, de 31 anos, recebeu do coletivo Favela Viva trouxeram o verde para mais perto e, até mesmo, para a sua própria casa. Próximo à porta, a moradora tem um abacateiro e outras espécies plantadas pelo projeto, que busca mitigar os efeitos da falta de arborização na favela no bairro do Andaraí.
— Eu aprendi a plantar, a cuidar das plantinhas. Na minha casa, todo mundo tomou esse amor, porque o projeto trouxe esse sentimento para a gente. Antes, o beco era feio, mas agora não. É mais verde, tem várias espécies de plantas — conta a moradora.
Além de buscar arborizar a comunidade, o projeto Favela Viva procura mostrar que não trata somente da vegetação.
— A iniciativa mostra aos moradores que não é apenas uma árvore. É um fruto, uma sombra, como abrigo ou proteção para os animais — diz Thaline.
O projeto procura promover ações socioambientais e conta com 17 voluntários, que já plantaram goiabeiras e abacateiros, entre outras espécies nativas da Mata Atlântica, incluindo o palmito do tipo jussara, que está ameaçado de extinção. Para o plantio, o coletivo faz mutirões a cada mês com os voluntários e moradores, a fim de estimular a conscientização ambiental na comunidade.
Segundo Ronaldo Rozendo, cofundador do projeto e mestrando em Geografia pela Uerj, a ideia é plantar espécies da Mata Atlântica para conservar o bioma no ambiente da favela.
— Está difícil manter os ambientes verdes. Diante disso, a minha preocupação foi criar o projeto para esse resgate. Falta muito reflorestamento; há poucas árvores nas comunidades — observa Rozendo.