Após décadas tendo de lidar com o mau cheiro, moradores do bairro Piedade já têm um motivo para comemorar. A concessionária Águas do Rio concluiu as obras de implantação da rede de esgoto da região que abrigará o Parque Piedade, onde antes funcionava a Universidade Gama Filho, fechada desde 2014. As novas tubulações vão beneficiar não apenas a área de lazer, mas também cerca de 500 moradores que vivem em seu entorno.
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As obras foram realizadas durante quase todo o mês de junho e vão levar o esgoto produzido nas ruas Doutor Luiz Masson, Martins Costa e Xavier dos Pássaros para a Estação de Tratamento Alegria, no Caju, na Zona Portuária.
— Nessas três ruas ao redor do futuro parque, instalamos mais de 480 metros de rede que vão direcionar o esgoto da forma correta para o tratamento, e não mais para a rede pluvial — explica Juliano Cyrne, supervisor de Operações da empresa.
A aposentada Orlanda Pereira mora no bairro há cerca de 20 anos e diz que já enfrentou diversos problemas devido a alagamentos constantes, mau cheiro e o medo de cair em poças. Ela conta que a obra lhe trouxe mais segurança, pois agora sabe que poderá sair de casa sem correr o risco de contrair uma doença causada pela água suja. Orlanda lembra que em diversas ocasiões precisou conviver com o esgoto na porta de casa:
— Sempre que chovia, eu, meu marido e meu filho passávamos aperto por causa de alagamentos. Andávamos na rua com medo de escorregar e cair, pois sempre tinha poça de esgoto. Fora o cheiro que invadia a nossa casa. Era muito desagradável. Agora, finalmente, meus netos vão poder brincar na rua sem medo de doença. Acredito que vai ficar maravilhoso para todo mundo — comemora.
Carlos Alberto Marques de Andrade, de 73 anos, tem um prédio comercial na Rua Martins Costa há 30 anos. Ele alugava os espaços para uma fotocopiadora, uma papelaria, uma confecção de roupas e outros comércios. Marques diz que ter um espaço na região lhe deu conforto e garantiu tranquilidade para curtir a aposentadoria. No entanto, depois que a Universidade Gama Filho fechou as portas, ele perdeu todos os inquilinos, que dependiam dos alunos para continuar com seus serviços. Com o fim das atividades na universidade, ele conta que passou a sentir o peso do abandono no bairro.
— Ter um estabelecimento comercial foi um investimento para me dar tranquilidade, mas desde o fim da universidade as coisas só pioraram por aqui. Fomos nos sentindo abandonados. Agora, pela primeira vez em mais de dez anos, estamos vendo de fato obras de melhorias na região, e sem dúvida isso nos dá esperança de dias melhores — diz ele.