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Por Priscilla Litwak — Rio de Janeiro

Após cinco anos, pelo menos, sem receber uma intervenção significativa, a ciclovia no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas começou a ser revitalizada. A obra, iniciada há pouco mais de uma semana, está prevista para ser finalizada em dezembro, de acordo com a prefeitura. No momento, as equipes da Secretaria municipal de Conservação (Seconserva) estão fazendo serviço de fresagem e recapeamento. Em seguida, a pista da ciclovia vai receber a sinalização horizontal (pintada no chão). Usuários do equipamento celebram a boa notícia, mas fazem várias ressalvas. Entre elas, além da qualidade, segundo eles, duvidosa do asfalto — os buracos teriam retornado pouco tempo depois da última reforma —, outro problema, este mais complexo, são as raízes das árvores que causam rachaduras e desníveis em vários pontos da pista.

Com o objetivo de fazer um levantamento sobre a atual situação da ciclovia, Heitor Wegmann, frequentador da Lagoa e presidente da Associação de Moradores do Jardim Botânico, percorreu o local a pé e observou toda a extensão também de lancha. Ele começou a caminhada, na última quinta-feira, pelo trecho ao lado do estacionamento do Clube Naval Piraquê e deu a volta no sentido Rebouças. Wegmann conta que logo no início do percurso reparou que alguns trechos do muro de contenção entre a ciclovia e a Lagoa estavam sem várias pedras, que caíram na água. Já chegando no trecho da Curva do Calombo, constatou que o problema continua.

— Antes de receber asfalto nesta área, acredito que vão recuperar isso, ou teremos contratempo no futuro — opina.

Irregular. Árvore cresceu dentro de muro de contenção — Foto: Acervo Pessoal/Heitor Wegmann
Irregular. Árvore cresceu dentro de muro de contenção — Foto: Acervo Pessoal/Heitor Wegmann

Seguindo a caminhada, Wegmann observou que as equipes da Seconserva iniciaram o recapeamento da ciclovia logo após o parcão da Lagoa e pararam um pouco antes da Rua Garcia D’Ávila. Após este ponto, notou alguns buracos no trecho de terra entre a ciclovia e o muro de contenção da Lagoa.

— As pessoas reclamam, e há anos a prefeitura tapa sem se dar ao trabalho de abrir o buraco e identificar a causa do problema, que provavelmente acontece devido a uma árvore que cresceu no muro de contenção ou a alguma manilha quebrada. Mas seria muita coincidência que nesses trechos em que vemos as árvores tenhamos buracos na ciclovia. É preciso haver um trabalho preventivo para evitar que isso aconteça. — pondera.

Intervenção. Ciclistas na pista no entorno da Lagoa: reforma está prevista para acabar em dezembro  — Foto: Rebecca Maria
Intervenção. Ciclistas na pista no entorno da Lagoa: reforma está prevista para acabar em dezembro — Foto: Rebecca Maria

Wegmann também destacou pontos positivos na reforma, como a instalação do piso intertravado em locais onde havia apenas terra, e propôs ainda medidas para melhoria da ciclovia.

Que tal um parque sustentável?

Para Heitor Wegmann, a prefeitura deveria buscar saídas para a orla da Lagoa estimulando a economia local e o turismo. Ele sugere que o Poder Executivo transforme o local em um parque e invista nas barracas de coco.

— Deveria pensar fora da caixa. Isso sim seria uma revitalização bacana. A Lagoa Rodrigo de Freitas tem o seu espelho d’água tombado e está localizada entre duas áreas de proteção ambiental: o Parque da Catacumba e a área do Jockey. Eu uniria os três locais e criaria um parque, com um gestor. A prefeitura deveria abrir um concurso para que arquitetos pudessem sugerir um modelo da barraca para os vendedores de coco que seja esteticamente mais bonita e funcional. Isso estimulará o turismo e dará mais dignidade aos vendedores de coco, criando uma linha de crédito especial ou até buscando um patrocinador para bancar este projeto — conclui.

Vendedora de coco há dez anos na ciclovia, Gisele Mendonça aprova a ideia e conta que a padronização e melhora dos quiosques é um sonho antigo. Gisele relata ainda que já presenciou vários acidentes devido a irregularidades na pista e ao estreitamento dela em alguns pontos. A vendedora conta também que sofre com os bolsões d’água em frente à sua banca, a Barraca do Mosaico, que fica na altura do Colégio Capri.

— Já vi muita gente se machucar e várias confusões. Espero que agora isso pare de acontecer e que também olhem para nós, vendedores, que estamos aqui lutando diariamente, sobretudo após a pandemia, e que muitas vezes somos furtados, perdemos nossas mercadorias que ficam à mostra — detalha.

Especialista em medicina do esporte e corredor, o ortopedista Sérgio Maurício treina diariamente na ciclovia do entorno da Lagoa e conta que já atendeu pacientes em seu consultório em Ipanema que torceram o tornozelo no local.

Ortopedista e corredor. Maurício já atendeu gente acidentada no local — Foto: Acervo Pessoal/Sérgio Maurício
Ortopedista e corredor. Maurício já atendeu gente acidentada no local — Foto: Acervo Pessoal/Sérgio Maurício

— Um terreno irregular como vemos em vários pontos da ciclovia predispõe que situações como essas aconteçam. No trecho entre o Corte do Cantagalo e o Clube dos Caiçaras vemos muitos buracos, raízes de árvores que levantam o asfalto e ainda uma árvore grande com um sombra que escurece bastante a região e a torna ainda mais perigosa. Isso tudo aumenta muito o risco de tropeçar correndo ou caminhando, fraturar punho, ombro e outros membros, que podem ter diferentes consequências, desde uma lesão de ligamento até um trauma com indicação cirúrgica. Os ciclistas também precisam se desviar dos buracos e no reflexo acabam esbarrando em pessoas que estão caminhando ou correndo — avalia o médico e atleta.

A médica Adriana Mello que corre e anda de bicicleta diariamente na ciclovia chama a atenção para as rachaduras na altura do Rebouças, da Curva do Calombo e da Fonte da Saudade.

— Após a última obra, os buracos voltaram tão rapidamente que nem parece que fizeram algo. Não adianta um serviço malfeito só para aparecer e em seguida ter que refazer. A cidade demanda muito para perder tempo com maquiagem — enfatiza.

Outros pontos citados por usuários foram risco de acidente com bicicletas elétricas, iluminação precária em alguns pontos e falta de lixeiras.

A Secretaria de Conservação informa que este ano implementou a rota alternativa da ciclovia em dois trechos onde há alagamentos: na altura do Parque dos Patins e do Corte do Cantagalo, e que as intervenções estão devidamente sinalizadas e foram feitas em parceria com a CET-Rio.

Sobre falta de lixeiras, a Comlurb afirma que tem feito reposições regulares na extensão da ciclovia e que vai fazer uma nova vistoria no local e programar a reposição de papeleiras de acordo com a necessidade verificada.

Em relação às bicicletas elétricas, a prefeitura esclarece que, de acordo com o Contran, não há restrições para a circulação deste tipo de veículo no local.

Sobre problemas com iluminação, a Rioluz informa que enviará uma equipe para averiguar e realizar os reparos necessários.

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