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Por — Rio de Janeiro

Um professor acusa a loja Gamelandia Brinquedos, no Botafogo Praia Shopping, em Botafogo, de racismo.  Moisés Machado ficou chocado ao se deparar com uma vitrine do estabelecimento que exibia uma boneca negra ao lado de outra com feições de macaco em um berço, enquanto duas bonecas brancas dividiam espaço no lado oposto. O vídeo denunciando o caso foi publicado nas redes sociais no domingo (25). Para Machado, a marca comparou pessoas negras a animais. 

"Parear uma criança preta com um macaco é cruel demais! Por meio desse símbolo, a criança negra internaliza sua posição como subalterna e crianças brancas são incentivadas a reproduzir o negro como um animal, um inferior. Em nossa sociedade, o racismo não é velado; é escancarado. Esse mal precisa ser combatido. Exigimos uma atitude já quanto a esse crime", reivindicou em sua conta do Instagram. 

Moisés reforçou a necessidade de letramento racial em todas as instituições do país.

— Eu estava passeando pelo shopping com minha esposa. Quando vi, fiquei perplexo. Demorei uns segundos até processar aquela imagem, que tem um propósito.A pergunta que fica é: que subjetividades ela visava construir? Em um país em que o racismo é estrutural, as instituições que não adotarem práticas antirracistas efetivas correm o sério risco de cometerem racismo no seu cotidiano — avaliou.

Experimento com bonecas

A denúncia chamou a atenção da influenciadora Bárbara Carine, professora da Universidade Federal da Bahia, que classificou o caso como "gravíssimo". 

"A gente fica se perguntando o que a loja Gamelandia quer construir subjetivamente no imaginário coletivo das crianças com essa imagem, porque toda imagética tem uma resposta cognitiva; tem uma intenção", afirmou. 

E fez uma análise sobre a simbologia das bonecas.

"Há mais de um século, a doutora pesquisadora estadunidense Mamie Philips Clark, uma grande psicanalista mundial negra, acabou com a segregação racial nas escolas do Rio de Janeiro com um experimento social com bonecas. Vocês já viram muitas vezes, né? Bota lá as crianças negras diante de bonecas brancas e de bonecas negras e pede que elas reajam. Quais as impressões dela? Qual é a boneca má, perversa e criminosa, por exemplo? A negra. As crianças associam tudo que há de ruim às bonecas negras e, inclusive, muitas delas choram desesperadamente nesse experimento, porque é o autoreflexo da criança, é o espelho dela. Então, se ela diz que aquela boneca é tudo de ruim, ela também e tudo o que ela representa são ruins. Aí a gente consegue sair de um local desse com muita luta, inclusive o Brasil demorou muito para ter bonecas negras, e uma loja num shopping branco faz essa associação imagética. O que está por trás disso? Na minha leitura, retirar da vitrine é muito pouco; a loja precisa responder", pontuou. 

Apuração do caso

De acordo com Moisés, após a repercussão da denúncia, o caso chegou à Comissão de Combate às Discriminações da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e a ocorrência foi registrada na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na Lapa. A Polícia Civil informou que diligências serão realizadas para apurar os fatos. 

Em nota, o Botafogo Praia Shopping garantiu que não tolera nenhuma forma de preconceito e que, assim que tomou conhecimento, acionou o lojista para a retirada do brinquedo. O centro comercial reforçou que o boneco já não está mais na vitrine e que está em constante revisão dos seus processos para assegurar o compromisso com o respeito, a pluralidade e a diversidade a fim de evitar que situações como esta voltem a acontecer.

Em seu perfil do Instagram, a Gamelandia Brinquedos, por sua vez, disse que repudia atos racistas, homofóbicos ou de qualquer natureza preconceituosa e discriminatória. Afirmou ainda que a marca sempre foi pautada pela inclusão, respeito e diversidade. Em relação ao caso que ganhou repercussão, garantiu que não houve a intenção em promover qualquer tipo de ato racista.

Aplicação de multa

Presidente da Comissão pelo Cumprimento das Leis da Alerj, mais conhecida como a Comissão do Cumpra-se, o deputado estadual Carlos Minc (PSB) disse que irá acionar o Ministério Público para aplicação de multa à Gamelandia. O pedido será embasado numa lei de autoria do próprio parlamentar, 8.515/2019, que trata de punições a casos de racismo praticados em estabelecimentos. O artigo 7º da legislação estabelece multa de R$ 1 mil a R$ 10 mil como sanção aplicável aos que praticarem atos de discriminação.

— Além disso, vamos propor para esse e outros shoppings que divulguem a lei para seus associados e que criem um selo com a frase "Neste local, não tem racismo". Não basta criticar ou não ser (racista). Ser antirracista é uma atitude de cidadania e de solidariedade — destacou o deputado.

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