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Por — Rio de Janeiro

“O conceito de velhice envelheceu”, afirma a atriz Ruth Mezeck, de 88 anos, considerada a palhaça mais velha do Brasil e que promete provar por A mais B que um corpo velho tem — e muita — potencialidade, beleza e expressão política e artística, na peça “A mulher aquela”. Com direção de Karla Conká, o solo escrito por Ruth celebra seus 25 anos como palhaça profissional e fica em cartaz de 1º a 30 de março, às sextas e aos sábados, às 19h, no novo Cine Teatro Joia, em Copacabana.

Em cena, Ruth dá vida a Clownesse Sassah Coco de La Merde, vulgo Palhaça Sassah, livremente inspirada na personagem feminina da peça “Dias felizes”, de Samuel Beckett, obra sobre a qual a atriz se debruça há cerca de 20 anos.

— Eu faço da minha vulnerabilidade a minha potência. Na minha peça, a arte burlesca conversa com a arte da palhaçaria feminina em um encontro poderoso, burlando todos os preconceitos e estabelecendo novos parâmetros para a velhice humana, demonstrando que o conceito de velhice envelheceu e preparando novos parâmetros para a revolução da longevidade — comenta Ruth.

Quando entrou em contato com a palhaçaria, ainda no fim dos anos 1990, Ruth não imaginava que esse encontro mudaria para sempre a sua vida.

Ruth Mezeck e a diretora do espetáculo, Karla Conká — Foto: Divulgação/Mariana Rocha
Ruth Mezeck e a diretora do espetáculo, Karla Conká — Foto: Divulgação/Mariana Rocha

— A palhaçaria me ensinou a ver a vida com outro olhar, me tornou mais humana. A minha persona palhaça é quem me salva — diz ela.

Unindo duas paixões, Ruth vem, desde 2007, desenvolvendo diversos projetos teatrais, de pesquisa e performance, inspirados na obra de Beckett. Conseguir trazer a personagem beckettiana Winnie para a palhaça foi um longo e desafiante processo. Uma construção que teve início em 2009, quando ela estreou seu primeiro solo, “Sassaricos da Sassah”, no qual encarnou, pela primeira vez, a personagem Clownesse Sassah Coco de La Merde.

Após muitos cursos e experimentações e pesquisas, em 2015 Ruth começou o processo de criação de “A mulher aquela”, que só foi finalizado em 2018, mesmo ano da estreia do espetáculo no 7º Festival Internacional de Comicidade Feminina — Esse Monte de Mulher Palhaça.

— Um dos maiores desafios da minha trajetória artística foi a dramaturgia de “A mulher aquela”, junto com a Karla Conká, que corajosamente aceitou dirigir o espetáculo inspirado na personagem Winnie. Antes desse trabalho, tive outro desafio gigantesco, que marcou definitivamente a minha expressão artística: o de me sentir confortável num corpo octogenário para botar o peito de fora e rodar os pasties (adesivos para cobrir os mamilos) no espetáculo de burlesco da Madame Sassah, construindo um corpo político e quebrando os parâmetros impostos pela sociedade etarista e machista — lembra Ruth.

A atriz relata que em “Dias felizes”, a personagem principal está enterrada até o pescoço, mas, ainda sim, continua vivendo o mais normalmente possível, ao contrário do marido, que não consegue lidar com a situação.

— A peça discute sobre as possibilidades de ser feliz diante da senilidade e da fragilização do ser humano a partir dos efeitos do tempo. Fala sobretudo de esperança — reflete a artista.

Em “A mulher aquela”, ela traz para o universo beckettiano uma dramaturgia que mistura teatro do absurdo, palhaçaria e muitas brincadeiras.

— A palhaça Sassah é muito pop, ela é uma “clowntadora de histórias”. Conta causos engraçados da sua infância no Rio Grande, do seu cotidiano no Rio e de suas aventuras no Moulin Rouge. A cena inesperada é a da bengala, o marido, um presente que ela trouxe de Paris. O seu marido Willie é real, existe, ou é apenas uma bengala em que ela se apoia para ouvir os seus delírios, viajando no tempo? Nem tudo é real, mas, ainda assim, tudo acontece na imaginação dela. O público viaja junto e adora os devaneios da Clownesse Sassah Coco de La Merde, a velha senhora que cantou “Prenda minha” em gauchês no Moulin Rouge e que roda peito no melhor estilo burlesco no final — adianta Ruth, referindo-se a uma icônica música do folclore gaúcho.

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