Quem tem curiosidade de saber como é feita a restauração de uma obra de arte pode anotar na agenda: a partir de sábado que vem, a Casa Museu Eva Klabin, na Lagoa, vai apresentar técnicas de restauro, retoque e limpeza, além de oferecer uma oficina imersiva aberta ao público. Com uma extensa coleção de arte, a Casa Museu terá cinco obras de seu acervo restauradas pelo especialista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edson Motta Junior.
Na abertura das atividades, sábado, a partir das 14h, haverá um bate-papo com o professor, o museólogo Diogo Maia e a restauradora Marcia Rizzo. Depois, será realizada uma análise química dos pigmentos e dos aglutinantes usados para colorir as obras para encontrar tons de cores semelhantes aos originais, resgatando a intenção original do artista.
No Ateliê de Restauro, de quarta-feira a sábado, das 14h às 18h, o público vai assistir ao processo e às técnicas de retoques e limpeza empregadas para devolver a autenticidade aos quadros, num trabalho que será realizado dentro de um estúdio de vidro montado no jardim.
Essa atividade está prevista para durar três meses, durante os quais será feita a recuperação de cinco pinturas do acervo: “Netuno e Anfitrite”, de Hendrik Van Balen (1575-1632); “Galateia na beira do rio”, de Gabriel Metsu (1629–1667); “O rapto de Europa”, de Luca Giordano (1675-1760); “Apolo e Dafne”, de Louis Silvestre (1675-1760) e “Cena campestre”, de Philips Wouverman (1619-1668).
Também será ministrada uma Oficina de Restauro, dentro do Programa de Educação da Casa, em que os participantes serão convidados a restaurar réplicas de obras de arte utilizando as técnicas aprendidas. Ambas as atividades são gratuitas e para todas as idades. O objetivo é proporcionar as experiências que os profissionais têm nos processos de restauração e conservação de obras. A oficina será aos sábados e domingos, das 15h às 16h, até o fim do mês.
Motta Junior explica que no processo de restauro é possível encontrar elementos escondidos nas obras por restaurações passadas, como no quadro “São Jerônimo penitente”, pintado por José Ribera, restaurado em 2002 pelo próprio professor. Ao remover a camada de tinta do restauro anterior, ele descobriu que havia um crânio encoberto por um tecido vermelho pintado posteriormente. Um “antes e depois” da obra será exibido para o público durante o evento, evidenciando a importância do restauro, que pode revelar partes escondidas da obra original.
— Quando você abre uma obra, você está tirando 200 ou 300 anos de restaurações antigas. Ao remover as camadas de tintas para limpar, o antigo verniz sai e confere um caráter de “limpeza excessiva” à obra. Uma técnica é o escurecimento do óleo novo para harmonizar com o óleo anterior da tela, que foi escurecido pelo tempo — explica o professor.
O endereço é Avenida Epitácio Pessoa 2.480.
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