São mais de 40 anos no garimpo de mobiliário, mais de cem viagens pela Europa para buscar raridades e mais de 45 contêineres trazidos para o Brasil. Não é à toa que o carioca Arnaldo Danemberg, morador do Leblon de 68 anos, é um dos nomes que se destacam no segmento de antiquários.
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— Meu pai trabalhava com antiguidades e comecei a frequentar leilões quando ainda era pequeno. Eu me formei em Direito, mas, quando meu pai acabou com a sociedade que tinha, ele me chamou para abrir com ele um antiquário na Rua do Lavradio. Depois se aposentou e tive duas lojas no Chopin, ao lado do Copacabana Palace — relembra.
Para se especializar, Danemberg fez aulas de mobiliário brasileiro com a decoradora Tilde Canti. Foi quando teve a ideia de não apenas vender peças, mas realizar o restauro antes de comercializá-las. Depois de aluno, virou professor e passou a fazer pesquisas sobre o tema.
— Lembro que estava no Bar Lagoa quando vi a propaganda das aulas da Tilde. No mesmo lugar conheci a minha mulher, mãe dos meus dois filhos, a Paloma e o André, que hoje trabalham comigo — detalha.
Arnaldo Danemberg se especializou no mobiliário francês dos séculos XVI a XIX. Os itens preferidos são as peças campesinas e citadinas. Cada viagem em busca de raridades dura cerca de dois meses, e é o profissional quem dirige o caminhão de antiguidades até ser descarregado em depósitos. O principal, e mais antigo, fica em Bordeaux, na França. Nesses espaços, as peças são numeradas, fotografadas e embaladas para o transporte.
—Fui eu quem trouxe esse mobiliário da Europa, do campo, para a sala contemporânea brasileira. Minha marca registrada é o tom da madeira cor de mel. Gosto dos móveis europeus porque são leves e muito bem estruturados, uma especialidade francesa. O Brasil não tem a mesma oferta de móveis que a Europa —afirma Danemberg, que coleciona móveis brasileiros do século XIX.
É na oficina São José, em São Cristóvão, na Zona Norte, que os itens são restaurados, resultado de um processo conduzido por uma equipe de artesãos e historiadores. Quando todas as etapas são finalizadas, os itens históricos são enviados para o antiquário Jardim América, em São Paulo:
— São 16 artesãos, todos brasileiros, na São José. Um deles começou a trabalhar comigo antes de a minha filha nascer, há 40 anos. Também vi o filho dele nascer. É um trabalho que me enche de orgulho. Para mim, a restauração é um rito de renascimento.
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