O fotógrafo Dan Delmiro fazia sua habitual volta de bicicleta pela orla da Zona Sul carioca, por volta das 15h desta terça-feira, em busca de cliques de pessoas famosas, quando, ao passar próximo à Praça Antero de Quental, no Leblon, notou um grupo de pessoas com celulares nas mãos tirando fotos de uma amendoeira. Curioso, ele, que costuma carregar a máquina fotográfica na mochila, preparou o equipamento e viu dois tucanos na árvore.
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— Eles estavam tranquilos nos galhos. É muito legal ver uma cena dessas, ainda mais em um local movimentado como este. Moro no Vidigal, e lá, na parte mais próxima da mata, é comum ver tucanos, mas nunca tinha visto um assim tão de perto, no meio da rua — descreve.
Mesmo com o movimento das pessoas ao redor, Dan afirma que em nenhum momento os pássaros demonstraram intenção de fugir. Cerca de cinco minutos após a chegada do fotógrafo, porém, quem sabe cansados da plateia, alçaram voo.
— Estava todo mundo muito surpreso e, ao mesmo tempo, feliz. Ver uma cena dessas muda o dia, deixa a gente mais leve e contente. Foi pura sorte passar por ali, só é pena não ter conseguido tirar uma foto dos dois juntos. Eles estavam em galhos diferentes e não consegui um bom ângulo para isso — conta Dan.
De parar o trânsito
Em 2012, guardas municipais pararam o trânsito para resgatar um filhote de tucano na Rua Dias Ferreira, também no Leblon. O pássaro foi encontrado por um agente durante patrulhamento de rotina na área.
Segundo o relato do guarda na época, a ave estava na rua, próximo à guia da calçada, tentando voar. O agente interrompeu o trânsito para evitar que o filhote fosse atropelado e o colocou em uma caixa aberta para transporte. A ave recebeu os primeiros cuidados no Parque Chico Mendes, no Recreio dos Bandeirantes, para onde foi levada pelos guardas. Lá, foi identificada como um tucano-de-bico-preto.
Biólogo explica
De acordo com o biólogo Marcello Mello O avistamento de tucanos na cidade, embora incomum, pode ocorrer em regiões próximas a áreas de mata, como o Vidigal, o Alto Leblon e bairros próximos ao Parque Nacional da Tijuca. Esses pássaros, especialmente o tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus), são habitantes da Mata Atlântica e se alimentam de frutas, ajudando na dispersão de sementes. A espécie é considerada ameaçada de extinção, e está na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
— É difícil frequentarem regiões tão urbanizadas, mas não é impossível. Eles vivem mais no interior e nas bordas das florestas úmidas, como a Floresta da Tijuca, e têm sofrido com o tráfico de animais. Existem algumas razões que podem tê-las trazido para o interior da cidade. Perda de habitat, procura de alimento, principalmente nesta época do ano, quando as árvores oferecem menos frutos, ou busca de um parceiro. É uma espécie vulnerável. Eles também podem ter fugido de algum cativeiro. São aves monogâmicas, ou seja, vivem com o mesmo parceiro a vida toda — explica.
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