Rio

Carcaça de baleia está há 10 dias em praia da Ilha Grande; moradores relatam mau cheiro

A exposição desse animal pode trazer riscos para a saúde de quem passa pelo local
Moradores reclamam de mau cheio e relatam medo de doenças Foto: Priscila de Melo
Moradores reclamam de mau cheio e relatam medo de doenças Foto: Priscila de Melo

RIO — Há quase dez dias que moradores e visitantes de Ilha Grande, na Costa Verde, em Angra dos Reis, estão convivendo com o forte cheiro de uma carcaça de baleia jubarte na Praia de Parnaioca. O animal foi encontrado morto no último dia 29, na areia da praia .

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— A baleia fica em frente ao camping, o cheiro vai longe. Está um pouco insuportável ficar nesse paraíso com esse transtorno todo. É uma praia que se vive do turismo e a questão da baleia tem prejudicado bastante. Muita reserva já foi cancelada. Quem chega não fica. O camping acabou sendo prejudicado. Sem contar os riscos à saúde. A gente não sabe o tipo de doença que pode transmitir, os malefícios que podem trazer para saúde não só os que moram aqui, mas de toda a comunidade — relatou Priscila de Melo, que trabalha no local.

Amostra do animal será coletado para análise
Amostra do animal será coletado para análise

A carcaça que é de um animal jovem com cerca de 8 metros já está em decomposição. A exposição dessa espécie pode trazer riscos de doença para pessoas que tiverem contato com o animal, segundo o veterinário Milton Marcondes, coordenador de pesquisa do Projeto Baleia Jubarte.

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— No caso da baleia de Parnaioca são toneladas de carne e gordura se decompondo, e então vai ter proliferação de bactérias e mau cheiro. Caso alguém coloque a mão ou passe perto desse animal pode acabar ficando doente — alerta Marcondes, acrescentando que algumas bactérias e agentes patológicos do animal já estão adaptadas para os seres humanos.

Caso ocorre na praia de Parnaioca, em Ilha Grande Foto: Priscila de Melo
Caso ocorre na praia de Parnaioca, em Ilha Grande Foto: Priscila de Melo

Segundo moradores da região, essa foi a primeira vez que uma baleia encalhou nessa localidade. A determinação de causa da morte fica praticamente inviabilizado, segundo o biólogo Rafael Carvalho, que integra a equipe do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua) da UERJ, pois o animal está em decomposição avançada.

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A Prefeitura de Angra dos Reis informou que está tentando ajudar neste processo, mas é um apoio, pois a obrigação deste procedimento não é da prefeitura. A remoção do animal será feita nesta sexta-feira.

Recorde de encalhes

Ao menos 48 baleias jubartes encalharam no litoral brasileiro e marcaram o primeiro semestre de 2021, aponta balanço do Projeto Baleia Jubarte. Os registros começaram em abril, dobraram em maio e em junho os números dispararam com 32 mortes, sendo considerado o terceiro pior mês dos últimos tempos, no Brasil. O total de mortes é um número inédito para esta época do ano.

Para o veterinário Milton Marcondes, especialista em baleias, a situação é atípica e esses dados podem subir ainda mais até o fim do ano porque o pico de encalhes ocorre entre agosto e setembro.

— Normalmente as primeiras jubartes começam aparecer em maio, em junho aumenta um pouquinho e julho já começa a ter bastante baleia. É a época que elas estão passando pelo Rio de Janeiro, indo para o banco dos Abrolhos, ao sul da Bahia e norte do Espírito Santo. O pico em que elas encalham é em agosto, que coincide com o nascimento dos filhotes, e depois esses registros começam a diminuir. Quando chega em novembro elas estão indo embora — explica Marcondes, coordenador de pesquisa do Projeto Baleia Jubarte, que compara os números aos meses de agosto de 2017 com 46 mortes e agosto de 2018 com 45. Nesses dois anos, os encalhes ultrapassaram a barreira dos 100 registros.