RIO — A magnífica performance como Exu no desfile da Acadêmicos do Grande Rio segue dando frutos para Demerson Dalvaro. O mais recente é o Estandarte de Ouro como destaque do público neste carnaval. O ator venceu a votação popular promovida pelos jornais O GLOBO e Extra, desbancando para isso, nomes como o de Martinho da Vila homenageado pela Unidos de Vila Isabel. Ao ser informado da vitória, Demerson se emocionou.
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— Eu não sei descrever. Sabe aquele sonho que você sabe que nunca será realizado? Caraca, ganhei um Estandarte de Ouro. Já chorei, to chorando agora. Quero agradecer de coração a todo mundo que votou. Meu Deus, realizei um sonho —- disse.
O ator dedicou o título a todos que fazem o carnaval do Rio acontecer. Para ele, ser escolhido em uma votação popular tem um significado único, pois significa que quem assistiu à sua performance entendeu a mensagem e deu retorno por meio da votação do Estandarte.
— Ser escolhido pelo povão coroa ainda mais meu trabalho. É o povão que faz o Carnaval, é o povão que assiste o Carnaval. Quem faz alegoria, quem faz fantasia é o povão. É claro que por trás há carnavalesco, coreógrafo, N proissionais capacitados. Mas tem o carpinteiro, a tia costureira, a pessoa que nem está dentro do Carnaval, mas comprou ingresso para poder assistir, é para esse povo que eu faço Carnaval. E é maravilhoso ter esse retorno - afirmou.
Cria da Zona Norte
Cria de Honório Gurgel e que Demerson Dalvaro, o Exu da Acadêmicos do Grande Rio , está colhendo os frutos da catarse coletiva que o desfile e sua encarnação do orixá provocaram na Marquês de Sapucaí e que além de o tornarem principal personagem dos desfiles deste ano, podem dar para a agremiação o título inédito, aguardado por 30 anos.
Nascido e criado no subúrbio do Rio, mais especificamente em Honório Gurgel, Demerson, por pouco não teve como destino os gramados dos campos de futebol, ao invés do palco do maior espetáculo da terra. Como goleiro, fez base em diversos clubes pequenos, com destaque para o Art Sul e o São Cristóvão. Ele chegou a fazer testes no Fluminense, mas não foi aprovado.
— Passei por diversos clubes durante a formação. No São Cristóvão eu fui de uma geração que veio pouco após o Ronaldo Fenômeno e tinha uma presença muito forte do nome dele por lá. Quando me profissionalizei, cheguei a jogar pelo Japeri também — contou.
No Carnaval de 2016, ele já havia interpretado o personagem Exu Catiço na comissão de frente do Salgueiro. A diferença é que desta vez, na tradição do candomblé, ele interpretou a própria entidade Exu, a força da natureza. Já o Exu Catiço do Salgueiro é um espírito menor, que representa as ruas.
Bombado nas redes sociais com a performance, Demerson contou com uma ajuda fundamental para a composição do personagem. A esposa, Isadora Neves, é praticante do candomblé e ajudou o marido indicando livros para estudo da religião e também ajudando na composição do personagem. Também do mundo do samba, sendo integrante do Salgueiro, ela se disse realizada com a repercussão do trabalho do marido.
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— Fico muito feliz pois ele é merecedor. Só Exu sabe o quanto ele se dedicou e se esforçou para esse trabalho. Eu indiquei alguns livros para ele estudar e estive ao lado ajudando. Este resultado é fruto de muito estudo e dedicação. É puro trabalho — disse Isadora.
Morando hoje em dia no Riachuelo, Demerson ainda mantém laços com a comunidade de Honório Gurgel e o futebol, onde mantém um projeto social com um time de futebol infantil, o Marimba. Inclusive, ele estava dando treino para os garotos, quando recebeu a notícia do prêmio.
— Assim que eu soube, não contive a felicidade e todos vieram me abraçar e parabenizar. Sentimento fantástico — contou.
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Para a apuração desta terça-feira, Demerson ainda não decidiu se irá para a Sapucaí. O ator diz que costuma ficar muito nervoso, mas a esposa, Isadora, disse que irá arrastá-lo, mesmo que precise dopá-lo com calmantes.