Carnaval
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Por Ruan de Sousa Gabriel — São Paulo

A Mocidade Alegre é a campeã do grupo especial do Carnaval de São Paulo. É o décimo-primeiro título da agremiação, que não vencia o Carnaval desde 2014 e passou anos batendo na trave. A Mocidade Alegre venceu com 270 pontos.

A presidente da escola, Solange Cruz Bichara Rezende, passou toda apuração rezando. Quando o veio a confirmação do título, ela parabenizou o carnalavesco Jorge Silveira, que estreou na agremiação este ano.

— Estava esperando pelo título. Em 2018, 2020 e 2022, o título estava na nossa mão, mas agora veio. É sorte, é trabalho — disse Mestre Sombra, que comanda a bateria da Mocidade Alegre.

A escola do bairro do Limão na Zona Norte de São Paulo, levou para o Sambódromo a história de Yasuke, o primeiro samurai negro da história do Japão. Misturando elementos das culturas africana e nipônica e alas como "Samurai da Quebrada", a agremiação quis mostrar que o jovem preto pode ser o que quiser, apesar do preconceito e discriminação. A médica e ex-campeã do Big Brother Brasil Thelma Assis foi um dos destaques da escola. Thelminha, como é conhecida, estreou como musa do abre-alas e foi ovacionada pelo público.

Durante boa parte da apuração, a Mocidade Alegre esteve empatada com a Mancha Verde, que terminou na segunda posição. Campeã no ano passado, a Mancha Verde apresentou um samba-enredo intitulado "Oxente: sou xaxado, sou Nordeste, sou Brasil", o enredo da escola exaltou figuras como Luiz Gonzaga, Padre Cícero e o cangaceiro Lampião. A única filha de Maria Bonita e do cangaceiro, Expedita Ferreira, desfilou na escola aos 90 anos.

Em terceiro lugar, ficou a Império de Casa Verde, que apresentou um enredo que exaltou os ritmos de origem africana no Brasil. O samba “Império dos tambores, um Brasil Afromusical” foi um dos que mais animaram a arquibancada e os camarotes do Anhembi.

Estreante no grupo especial, a Estrela do Terceiro Milênio volta para a grupo de acesso do Carnaval paulistano. A agremiação é apoiada pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Milton Leite (União Brasil), principal aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB). A escola do Grajaú, na periferia da Zona Sul da capital paulista, homenageou o humor, dos bobos da corte medievais aos memes da internet, passando pelo ator Paulo Gustavo, vítima da Covid-19. A Unidos de Vila Maria também foi rebaixada.

Carnaval chuvoso e político

O Carnaval de São Paulo foi marcado por samba-enredos engajados e chuva. Na sexta-feira (17), o primeiro dia de festa, choveu pouco, mas o suficiente para alagar os camarotes e atrapalhar do desfile da Unidos de Vila Maria. As bailarinas pretendiam usar patins para deslizar pelo piso do Anhembi, mas desistiram por conta do risco de queda. Encararam a Avenida de sapatilhas. A escola apresentou um samba-enredo que saudou a história do bairro da Zona Norte paulistana que batiza agremiação.

No segundo dia, choveu durante a maioria dos desfiles. Houve atrasos e os foliões recorreram à capas de chuva para não se molhar. No sábado, foi a Estrela do Terceiro Milênio que enfrentou dificuldades na Avenida. A apresentação atrasou cerca de 20 minutos devido a um problema com os equipamentos fornecidos pela Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga SP), os quais posicionam pessoas nos carros alegóricos. De acordo com dirigentes da escola, a Liga não forneceu a quantidade necessária de máquinas para alçar os destaques. Havia apenas dois carros.

Também não faltou política na Avenida. A Acadêmicos do Tucuruvi, que homenageou Bezerra da Silva, exaltou a luta do sambista contra a fome e a opressão e saudou a todos os "da Silva e Bezerras" do país. Uma das fantasias da escola trazia uma faixa com o escrito "presidente caô" e um chapéu de jacaré, em referência à declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de que imunizados pela vacina contra a Covid-19 poderiam se transformar no réptil. A Barroca da Zona Sul também deu seu recado político ao dedicar seu samba-enredo aos indígenas guaicurus, que, por mais de 300 anos, defenderam seu território das tentativas de invasão estrangeira.

A cultura afro-brasileira foi ressaltada outras duas escolas além da campeã, Mocidade Alegre, que contou a história de Yasuke, o primeiro samurai negro da história do Japão, e da Império de Casa Verde, que destacou os ritmos afro-brasileiros. A Rosas de Ouro apresentou a luta do povo negro contra o racismo e por justiça. O carro que mais chamou atenção trazia em sua dianteira uma placa com a frase que o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, disse quando assumiu o cargo no atual governo Lula: “'Vocês existem e são valiosos para nós”. O carro prestou homenagens, por meio de fotos, a Glória Maria, Pelé, Seu Jorge e Leci Brandão. A escola Tom Maior homenageou as “mães pretas ancestrais”. O samba enredo levantou a arquibancada mesmo após mais de sete horas de desfile e com o sol começando a nascer.

A Gaviões da Fiel celebrou a liberdade religiosa, fazendo referência a Chico Xavier e a Jesus Cristo. A agremiação contou com um empurrãozinho importante: a arquibancada cantava a plenos pulmões o samba-enredo.

O Nordeste também passou pelo Sambódromo. A Mancha Verde apresentou um samba-enredo sobre a cultura nordestina. A Dragões da Real, fundada por integrantes da torcida organizada do São Paulo, homenageou João Pessoa, capital da Paraíba.

A Acadêmicos do Tatuapé destacou a cidade histórica de Paraty, no litoral fluminense, com um enredo que, em diversas ocasiões, fez referência ao fundo do mar e às belezas naturais. Uma das primeiras figuras a aparecer na avenida foi a madrinha da escola, Leci Brandão.

A Águia de Ouro apostou no samba-enredo “Um Pedaço do Céu”. Em 20 alas, quatro carros, 2 mil componentes e duas cores, azul e branco, a escola buscou responder a uma única pergunta: qual é o seu pedaço do céu?

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