Carnaval
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Por — Rio de Janeiro

Nos desfiles, alegorias e música vão contar histórias na Sapucaí. Por enquanto, as tramas ganham forma na Cidade do Samba, ao som de marteladas, serra, solda e segredo: cartazes nos barracões avisam que fotos são proibidas. Mas o que as escolas levarão para a Avenida? A literatura, mais uma vez, inspira Imperatriz, Grande Rio, Portela e Porto da Pedra na criação de seus enredos.

Para Leonardo Bora — carnavalesco da Grande Rio campeã de 2022, ao lado de Gabriel Haddad —, essa aposta pode ajudar a despertar o interesse de leitores. Em 2024, a agremiação, mais uma vez aos cuidados da dupla, levará para a Passarela o enredo “Nosso destino é ser onça”, inspirado em livro do escritor Alberto Mussa (cujo título é “Meu destino é ser onça”). Na obra original, uma reconstituição de narrativas sobre a mitologia tupinambá, o felino emerge como símbolo de brasilidade e, na Sapucaí, trará para dias atuais pegadas de nossas origens indígenas.

— Artistas contemporâneos usam a onça como símbolo de luta e demarcação de terras indígenas, espalhando por territórios do Brasil a imagem de onças guerreiras unidas ao lema “terra indígena”. Caxias, cidade da Grande Rio, é terra indígena! O chamado “Recôncavo da Guanabara” abrigava aldeias tupinambás e, por isso, é um território cujas raízes profundas nos levam a essas simbologias — ensina Bora.

Os jovens carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad (no meio) na comemoração do título inédito da Grande Rio, em 2022 — Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo
Os jovens carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad (no meio) na comemoração do título inédito da Grande Rio, em 2022 — Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo

'Movimento cíclico'

Na Imperatriz, atual campeã, o carnavalesco Leandro Vieira inspirou-se em uma ficção — o testamento da cigana Esmeralda, personagem do poeta e cordelista paraibano Leandro Gomes de Barros — para criar sua própria fábula.

Nela, debruçado sobre a interpretação dos sonhos e a leitura das mãos, Leandro delira sobre a possibilidade de prever o destino, criando uma espécie de manual “para buscar a boa sorte”: o título em 2024. Ele lembra que já seguiu essa linha no último carnaval, quando criou uma terceira possibilidade para o cangaceiro Lampião, a quem a literatura de cordel só reservava o céu ou o inferno.

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Estrela da nova geração, com três títulos no Grupo Especial, o carnavalesco da escola de Ramos acredita que enredos ligados à literatura fazem parte de um “movimento cíclico” do carnaval, assim como temáticas futurista, histórica e política:

— O carnaval se olha e se referencia em si próprio. Olhando para a trajetória dos meus pares, nós todos buscamos nos referenciar na história do carnaval.

O carnavalesco Leandro Vieira durante comemoração do título da Imperatriz em 2023 — Foto: Alexandre Cassiano
O carnavalesco Leandro Vieira durante comemoração do título da Imperatriz em 2023 — Foto: Alexandre Cassiano

Para a Porto da Pedra, campeã da Série Ouro, a permanência no Grupo Especial está em jogo com enredo baseado no “Lunário Perpétuo”, escrito pelo espanhol Jerónimo Cortés no final do século XVI. O carnavalesco Mauro Quintaes baseou-se no livro — um almanaque de conhecimentos gerais —, mas partiu da constatação do folclorista Câmara Cascudo de que, por dois séculos, este foi o título mais lido no Nordeste.

— A gente brinca que o Lunário era o Google da época. Ensinava sobre agricultura, o comportamento de insetos, que determinava se ia chover, conselhos amorosos, a vida dos santos... Tudo que o nordestino precisava estava ali — diz Mauro, que conheceu a obra através do artista pernambucano Antonio Nóbrega.

Após muito estudo, o carnavalesco, que teve na equipe o enredista Diego Araújo, enxergou nesses saberes da brasilidade um “enredo perfeito”.

Porto da Pedra: cartaz do enredo para 2024 — Foto: Reprodução/Liesa
Porto da Pedra: cartaz do enredo para 2024 — Foto: Reprodução/Liesa

A Portela investiu em um clássico contemporâneo, lançado em 2017: “Um defeito de cor”, de Ana Maria Gonçalves, vai embalar o desfile da azul e branca. Assinado por André Rodrigues e Antônio Gonzaga, o enredo promete levar o afeto para a Avenida.

Através da obra de Ana Maria e do olhar do ícone abolicionista Luiz Gama, a escola de Madureira promete honrar “o papel das mulheres negras que fundaram e carregaram este país”, conforme escreveu a dupla em artigo publicado no GLOBO em novembro, sob o impacto de grave episódio de racismo vivido pela porta-bandeira Vilma Nascimento.

"Um defeito de cor" é o enredo da Portela em 2024 — Foto: Reprodução/Liesa
"Um defeito de cor" é o enredo da Portela em 2024 — Foto: Reprodução/Liesa
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Outras escolas

A cantora Alcione será homenageada por sua Mangueira de coração. O Salgueiro, por sua vez, destaca o povo Yanomami, enquanto a Paraíso do Tuiuti leva o almirante João Cândido para a Avenida. A Beija-Flor apresenta a Maceió de um personagem único, Ras Gonguila, enquanto a Vila Isabel reedita “Gbalá”, de 1993, e a Mocidade celebra o Caju. A Unidos da Tijuca leva seu “Conto de Fados” à Sapucaí, enquanto a Viradouro fala das crenças dos povos da Costa da Mina, no Golfo da Guiné.

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