Carnaval
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Se o quarentão Sambódromo tivesse sua história contada pelos torcedores ou componentes das escolas de samba, as diferentes perspectivas fariam que casos distintos fossem lembrados. Enquanto alguns abordariam os episódios mais emocionantes, outros ressuscitariam as polêmicas. De 1984 para cá, relembre momentos marcantes da passarela do samba.

O regulamento do ano de estreia do Sambódromo previa que haveria uma campeã por noite de desfile: a Portela venceu no domingo, e a Mangueira na segunda-feira. No sábado seguinte, uma nova apresentação definiu ainda a supercampeã, taça erguida pela verde e rosa.

Ainda em 1984, a Estação Primeira proporcionou outro momento que marcou o carnaval para sempre. Ao fim do desfile, seus componentes contornaram a Praça da Apoteose e cruzaram novamente a Marquês de Sapucaí. Esse ano é lembrado pelo ano em que a escola “foi e voltou” na Avenida.

Os primeiros carnavais da Sapucaí ainda ficariam marcados, por exemplo, pelas chuvas. Em 1986, a apresentação luxuosa da Beija-Flor de Joãosinho Trinta (“O mundo é uma bola”) foi realizada debaixo de temporal, com água cobrindo os pés de quem desfilou. A apresentação histórica ficou com o vice-campeonato daquele ano. Já em 1988, a Vila Isabel conquistou seu primeiro título, com o enredo “Kizomba: a festa da raça”. E quem foi ao Sambódromo na ocasião assistiu à exibição única: o desfile das campeãs precisou ser cancelado pelas tempestades que atingiram o Rio.

Campeão com a escola de Noel, o cantor e compositor Martinho da Vila, em 1988, é associado a uma derrota. Ele faltou ao desfile da Mangueira, em que desfilaria com a comissão de frente, ao lado de outras personalidades negras. Na apuração, a Vila e a Estação Primeira empataram em todos os quesitos, exceto, justamente, em comissão de frente, onde só a agremiação de Martinho gabaritou. A verde e rosa amargou o vice.

No ano seguinte, o carnaval seria lembrado pelo Cristo Mendigo de Joãosinho Trinta. Aquele desfile marcante — do enredo “Ratos e urubus, larguem minha fantasia” — é lembrado por conta de a escultura ter desfilado coberta, após proibição da Igreja. “Mesmo proibido, olhai por nós” dizia a faixa instalada sobre a alegoria.

As genitálias também estiveram em evidência (e foram proibidas). Em 1989, a modelo Enoli Lara exibiu o primeiro nu frontal do carnaval, pela União da Ilha, fazendo com que o regulamento fosse alterado para o ano seguinte. Passou a ser proibido desfilar com a genitália desnuda. Mas em 1990, o ator Jorge Lafond se apresentou na Beija-Flor com seu pênis coberto por um pompom laranja. A partir de então, a proibição passou a ser à genitália desnuda ou decorada. Sem ressalvas ao topless, Dercy Gonçalves desfilou com os peitos à mostra no desfile da Viradouro — que tinha a humorista como enredo — de 1991, quando tinha mais de 80 anos.

1994-2003

Fora da Avenida, os holofotes sobre as genitálias também deram o que falar. Que o diga o então presidente Itamar Franco, fotografado em um camarote ao lado da modelo Lilian Ramos. Ela estava sem calcinha e a foto desse momento gerou uma crise política, com cogitação até de impeachment da autoridade máxima do país.

Em 1998, a modelo Luma de Oliveira era rainha de bateria da Tradição e causou polêmica pelos adereços. Para além do brilho da fantasia, ela usou uma coleira, que tinha o primeiro nome de seu então marido, o empresário Eike Batista.

A emoção também tomou conta de quem esteve na Sapucaí em 1999. Na ocasião, a comissão de frente da Mangueira, liderada por Carlinhos de Jesus, trouxe seus componentes representando os bambas do céu. Interpretando Candeia, Carmen Miranda, Cartola, Clara Nunes, Clementina de Jesus, Donga, Ismael Silva, Mestre Fuleiro, Natal, Nelson Cavaquinho, Noel Rosa, Pixinguinha, Sinhô e Tia Ciata, a caracterização dos integrantes da ala fez com que a plateia se sentisse diante dos próprios ídolos, já mortos.

Em 2001, os holofotes foram para o homem-foguete da Grande Rio, que voou na Sapucaí.

Qual é o melhor samba-enredo dos 40 anos de Sambódromo?

2004-2013

Já em 2004, o carro do DNA — trazido numa alegoria viva — marcou o desfile da Unidos da Tijuca, do carnavalesco Paulo Barros. Seis anos depois, a escola ainda deixou os torcedores boquiabertos ao trazer truques de ilusionismo em sua comissão de frente, que trocava de roupas rapidamente.

O período foi marcado ainda pelo desfile da Portela de 2005, em que a velha-guarda, maior patrimônio da escola, ficou de fora do desfile, após o presidente Nilo Figueiredo mandar fechar os portões, para não estourar o relógio.

Depois de 57 anos à frente do microfone da Estação Primeira de Mangueira, o intérprete — e não um puxador — Jamelão comandou o carro de som da verde e rosa pela última vez em 2006. Ele morreu dois anos depois, aos 95 anos.

Em 2009, Neguinho da Beija-Flor se casou com a mulher, Elaine Cristina dos Reis, no Sambódromo. A cerimônia foi realizada em 10 minutos, entre uma escola e outra, na ocasião em que o intérprete se tratava de um câncer no intestino. E não é só quem canta que vive momentos marcantes: em 2007, os ritmistas da Viradouro desfilaram sobre um carro alegórico, enquanto, em 2013, a Mangueira levou duas baterias para a passarela do samba.

O ano de 2012 teve ainda a conclusão do projeto original do Sambódromo, após a demolição de uma antiga fábrica de cerveja e a construção de arquibancadas no lugar. O arquiteto Oscar Niemeyer visitou as obras, ao lado do prefeito Eduardo Paes, em fevereiro daquele ano e, aos 104 anos, morreu 10 meses depois.

2014-2023

Outros momentos inusitados levantaram as arquibancadas da Sapucaí. Em 2015, a Unidos da Tijuca levou patinadores de gelo para a Avenida. Já a Portela, reservou uma surpresa: paraquedistas pousaram na Marquês de Sapucaí antes da azul e branco começar seu desfile.

Naquele mesmo ano, o símbolo máximo da escola, a águia, foi especial. Com enredo sobre os 450 anos do Rio, o mascote foi inspirado na estátua do Cristo Redentor, que desfilou com as asas – e não os braços - abertos. Na chegada à torre de transmissão, próximo à dispersão, as arquibancadas foram ao delírio ao ver a escultura se abaixando e deixar o Sambódromo sem problemas.

Já em 2016, quando o desfile campeão da Mangueira homenageou Maria Bethânia, a então porta-bandeira Squel Jorgea foi uma das imagens daquele carnaval, ao desfilar careca, representando uma iaô. No ano seguinte, a sensação foi o Aladin voador da Mocidade, boneco colocado sobre um drone.

2017 foi marcado ainda pelos acidentes nas duas noites do Grupo Especial. No domingo, o carro alegórico da Tuiuti atropelou pessoas na concentração, enquanto o veículo da Unidos da Tijuca teve parte da estrutura despencando, fazendo vários integrantes caírem.

O Tuiuti chamou a atenção em 2018, ao levar um vampirão com a faixa presidencial, enquanto, em 2020, a Viradouro tirou o fôlego dos torcedores ao levar uma sereia à Avenida. Ainda em 2020, a cantora Elza Soares foi homenageada pela Mocidade, naquele que seria seu último carnaval. Ela morreu em janeiro de 2022, aos 91 anos.

Já em 2022, a Grande Rio conquistou seu primeiro título do Grupo Especial, com enredo sobre Exu. A performance de Emerson Dálvaro como a entidade impressionou. Naquele mesmo ano, um marco foi a Mocidade ter desfilado com seus ritmistas carecas, inclusive a então rainha de bateria Giovana Angélica.

O carnaval 2023 reservou ainda outros momentos emocionantes. Quinho, intérprete histórico do Salgueiro, se recuperava de um câncer e não cantou. Mas puxou o grito de guerra antes do desfile, pela última vez, já que morreu no início deste ano. Naquele mesmo desfile, a campeã Imperatriz falava sobre Lampião e teve a presença ilustre de sua filha, Expedita Ferreira, aos 90 anos.

Outras imagens daquele carnaval foram drones trazendo nomes de personalidades históricas da Portela, que completava seu centenário, enquanto a Vila Isabel levou uma alegoria prateada e vazada de São Jorge.

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