Em meio aos holofotes da competição, as rainhas da Série Ouro do Carnaval do Rio de Janeiro enfrentam diversos desafios, mas se mantiveram implacáveis diante dos perrengues. Ombro quebrado e curativos improvisados foram sinais que restaram da batalha contra as adversidades surgidas nos dois dias de desfiles, em uma luta que vai além do glamour das avenidas.
Enquanto o brilho e a grandiosidade dos desfiles encantam multidões, nos bastidores das escolas de samba, a realidade é marcada por cruzadas que desafiam a resiliência de cada integrante. Com atrasos, falta de material e orçamento reduzido, essas agremiações desdobram-se em esforços sobre-humanos para manter viva a chama do espetáculo.
'Ombrinho quebrado'
A rainha de bateria da São Clemente, Raphaela Gomes, por exemplo, desfilou com o ombro quebrado no segundo dia da Série Ouro, na Marquês de Sapucaí, na madrugada deste sábado. Apesar dos ferimentos também nas pernas, ela cruzou a Sapucaí sem perder o samba no pé. No entanto, teve algumas dificuldades ao longo da avenida para fazer ajustes nos curativos.
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Rafaela afirmou que está com um pouco de dor, mas que não é empecilho para o desfile:
— Está doendo um pouquinho. Mas eu estou bem feliz, Deus me deu o presente de estar aqui hoje, inteira, apesar do braço quebrado. Graças a Deus ele me preservou. Foi só uma pedra no caminho, mas agradeço minha família, minha escola e comunidade pelo apoio — disse a rainha, que está desde os 5 anos de idade na escola.
Já ao fim do desfile, Raphaela contou que adiou a cirurgia da clavícula quebrada para poder desfilar. Ela sofreu um acidente ontem no Centro do Rio. A irmã fisioterapeuta e o irmão ortopedista acompanharam ela durante todo o desfile. Nas redes sociais, a rainha publicou uma foto usando uma tipoia e declarou que teria "ombrinho quebrado na Sapucaí sim".
No improviso
Laynara Telles, 34 anos, que reina no posto de rainha da bateria da Império da Tijuca há 19 anos, chorou ao ficar sem fantasia em seu último desfile nesta sexta-feira. Ela precisou desfilar descalça e sem costeiro da fantasia após os adereços não chegarem a tempo durante os desfiles da Sério Ouro do Rio de Janeiro.
Neste ano ano, o carnaval marca a despedida da filha do presidente da Império da Tijuca, que está à frente da bateria da Império da Tijuca, agremiação que representa desde 2005 e disputa uma vaga no Grupo Especial. Na avenida, a rainha representou “Mãe Catirina”, uma personagem do bumba meu boi, manifestação cultural típica do Maranhão.
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Horas depois, no Instagram, Laynara divulgou vídeo em que aparece com um salto e o costeiro.
Além da falta da fantasia da rainha, a escola de samba Império da Tijuca enfrentou pelo menos um grave problema no desfile de Carnaval da Série Ouro do Rio. O último carro alegórico que participava do carnaval teve um princípio de incêndio.
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Corrida contra o tempo
Já na primeira vez em que a União do Parque Acari pisou na Marquês de Sapucaí, pela Série Ouro, foi preciso ter jogo de cintura para continuar o samba. Foram minutos de tensão em que os sambistas aguardavam a rainha de bateria, Rose Nascimento, chegar na avenida. Atrasada, ela entrou no Sambódromo quando a bateria estava no primeiro recuo.
No dia após o episódio, a sambista anunciou o desligamento da agremiação.
"Uma estreia que ficará marcada na memória. Apesar de ter sido uma noite muito especial, hoje anuncio o meu desligamento do cargo de rainha de bateria da União do Parque de Acari. Agradeço o carinho dos componentes que me receberam de braços abertos. Guardarei boas lembranças em meu coração", publicou nas redes sociais.