Os desfiles dos blocos pelas ruas do Rio já dão um tom de como os foliões resolveram caprichar nas fantasias este ano: criativos, eles lançaram mão da irreverência. Rogério Borges prestou dupla homenagem: se fantasiou de Profeta Gentileza, com bata, barba e peruca, e exibia um cartaz lembrando a jornalista Glória Maria, morta em fevereiro do ano passado. Também no Bola Preta, a criatividade dos foliões foi de Zé Gotinha (entre a vacina e a cerveja) a mensagens de paz no conflitos entre Israel e Palestina.
— É uma guerra que afeta não só esses dois povos, mas toda a região. Sou descendente de árabe e sei bem disso — explicou José Luís Ribeiro, de bandeira e traje típico.
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Inspiradas no dia 1º de fevereiro, quando 40 espectadores ficaram presos no cinema Estação Net Rio, duas amigas — Rita Constantino e Clarissa Stycer — foram para a rua ontem lembrando o episódio com adereços que as deixavam atrás das grades e debaixo do letreiro do cinema.
No Prata Preta, que desfilou na Gamboa, na Zona Portuária, um meme — um vídeo em que a cantora americana Britney Spears dançava brincando com facas — inspirou o folião barbudo de peruca loura.
No Céu na Terra, em Santa Teresa, o “troféu fofura” foi para o pequeno Tom, de 6 meses, vestido de leão Simba e protegido por tampões de ouvido para poder acompanhar os pais, Marcelo Cebukin e Tatyanne Meyer, perto da bateria.
Em outro ponto do bairro, a sátira política deu o tom: não faltou quem lembrasse das recentes operações da Polícia Federal que tiveram o ex-presidente Jair Bolsonaro como alvo. O bloco independente Stone Não Demite, que saiu do Mirante do Rato Molhado, chegou a mudar seu nome para Passaporte do Jair: um estandarte simbolizava o documento apreendido.