Carnaval
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Por e — Rio de Janeiro

Em 2018 a Unidos de Vila Isabel cruzou a Marquês de Sapucaí cantando “Corra que o futuro vem aí”. Na cadência do samba, o prenúncio se tornou realidade. Em 2023, algumas agremiações, ainda que timidamente, usaram o novo recurso de iluminação cênica na Avenida, que em 2024 banha de luz e cor os quatro dias de desfiles (incluindo os da Série Ouro), incidindo sobre comissões de frente, casais de mestre-sala e porta-bandeira, carros ou baterias. Seria essa a virada de chave para uma série de modernizações na folia carioca? Um Ziriguidum 2024, 23 anos depois do “Ziriguidum 2001” que previa a Mocidade em 1985?

Ao longo do Sambódromo, 510 refletores estão apontados para a pista: cada torre tem equipamentos que podem destacar cenas (moovings), gerar qualquer cor (refletores RGBW) ou controlar o brilho das luzes brancas. Os efeitos serão percebidos principalmente nos setores 3, 6 e 10, onde ficam as cabines de jurados.

Para comandar a dança das luzes, operadores estarão numa salinha de aproximadamente dez metros quadrados, ao lado de ao menos um integrante de cada escola, que comandará o acionamento de uma programação específica. Segundo o designer de luz Césio Lima, responsável pelo sistema no Sambódromo, os carnavalescos souberam utilizar os recursos.

— Fico animado, porque estou vendo muitas escolas contratando iluminadores experientes. Como já teve polêmica, que fique claro: quem não quiser usar, não é obrigado — explica Lima.

Lorena Raissa, rainha de bateria da Beija-Flor, na Avenida 'pintada' de azul, uma das cores da agremiação de Nilópolis — Foto: HERMES DE PAULA
Lorena Raissa, rainha de bateria da Beija-Flor, na Avenida 'pintada' de azul, uma das cores da agremiação de Nilópolis — Foto: HERMES DE PAULA

Entre os adeptos está o carnavalesco Alexandre Louzada, que assina o desfile da Unidos da Tijuca. Experiente, ele defende a nova tecnologia, mas com ressalvas:

— Sou um grande apologista do novo. Temos que saber usar a tecnologia, como essa iluminação que, aos poucos, está chegando ao desfile. Ela tem que ser usada com sabedoria, para não virar “Holiday On Ice”.

Para brilhar sob os holofotes, a aposta da rainha de bateria do Paraíso do Tuiuti, Mayara Lima, de 26 anos, é no samba no pé, que ganha a influência de outras danças sem perder sua raiz. Ela caiu nas graças do público em 2022, quando ainda era princesa de bateria, ao sambar em sintonia com o ritmo tocado pelos seus ritmistas. Hoje, acumula quase um milhão de seguidores nas redes e viaja o mundo dançando.

— Quando eu era pequena, minha mãe me colocava em tudo que era aula de dança. É o que tento mostrar na hora de sambar. Faço meus passos e, em seguida, sambo muito, porque não tem problema inovar, desde que respeitando a ancestralidade — conta Mayara, que valoriza as rainhas de comunidade, como ela. — Fico muito feliz porque estivemos distantes desse cargo por muitos anos.

Mayara Lima e Lorena Raissa na Marquês de Sapucaí — Foto: HERMES DE PAULA
Mayara Lima e Lorena Raissa na Marquês de Sapucaí — Foto: HERMES DE PAULA

Mayara estreou no posto no carnaval de 2023, assim como Lorena Raissa, hoje com 17 anos, da Beija-Flor. O carisma da adolescente, que nasceu a caminho de um ensaio técnico da agremiação de Nilópolis em 2007, é o amanhã de uma escola de veteranos como Neguinho da Beija-Flor, Selminha Sorriso e Claudinho.

— É uma história muito louca. Daqui a um tempo, eu me sentirei um Neguinho da vida. Se ele chegou em 1976, vou olhar para trás e falar: “Nossa, eu cheguei em 2007!” — brinca Lorena.

Revolução nos quesitos

Alguns desfiles ficam marcados na história: em 2010, a Unidos da Tijuca revolucionou com truques de ilusionismo em sua comissão de frente, em que os bailarinos trocavam rapidamente de roupa e deixavam a plateia boquiaberta.

Naquele ano, que valeu o campeonato para a escola do Borel, os coreógrafos Priscilla Motta e Rodrigo Negri, bailarinos do Theatro Municipal, estavam no terceiro desfile. Segundo ela, foi uma “virada de chave” na carreira dos dois, que passaram a ter o compromisso de “trazer o encantamento” para a Avenida:

— O que dá muito certo é se conectar com o público, trazê-lo para dentro do espetáculo, seja uma emoção, uma interação ou despertando alguma sensação.

Se a comissão está em evolução, não é diferente com a bateria, que cresceu com a paradinha instituída pelo saudoso Mestre André, da Mocidade, e foi além em 1997, com a levada funk do Mestre Jorjão, então na Viradouro. Hoje na vermelho e branco de Niterói, Mestre Ciça ousa fazendo seus ritmistas se abaixarem ou subirem em um carro.

Da nova geração, inspirado nos mestres históricos, Macaco Branco, de 36 anos, está à frente da bateria da Vila Isabel. Formado em Música e em Produção Musical, ele produz o disco de sambas-enredo da Série Ouro.

Macaco Branco vê a tecnologia como grande aliada e destaca a evolução das mesas de som, hoje digitais. Com apresentação em cortejo, e não num palco parado, a “constante evolução” é vista por ele como um desafio para se chegar ao mais alto nível de excelência.

— A evolução já está acontecendo, e a captação tende a evoluir muito mais. Olhando lá para a frente, penso numa bateria com fones de ouvido, com um retorno, para todos os ritmistas. Daria mais embasamento e uma performance muito maior — especula Macaco Branco.

Segundo o mestre de bateria da Vila Isabel, antigamente os ofícios não exigiam formação, e as profissões eram passadas de pai para filho. Já hoje, é preciso estudar, se aprimorar e aprender cada vez mais, como no caso da bateria e de outros setores, que buscam profissionais para os cargos.

O caju e a picardia

Além de ambições ou revoluções já concretizadas, o carnaval 2024 reserva a expectativa sobre o desempenho do samba-sensação da safra: o caju da Mocidade. Criticado por alguns, que defendem que ele não faz parte da categoria “samba”, o tema segue na boca do povo.

— Quando estávamos no governo anterior, com aquela ameaça à democracia, era natural que viessem enredos mais políticos. Agora, com a vida mais estável, podemos pensar em carnaval, e foi assim que chegamos ao caju, um enredo simples, com uma leitura sacana, cheia de picardia e duplo sentido, mas que não deixa de ser acadêmico. No carnaval, tem espaço para tudo — diz o jornalista Fábio Fabato, um dos autores do enredo da Mocidade.

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