Carnaval iluminado: novo sistema de luz cênica da Sapucaí fez as escolas inovarem com materiais para fantasias e alegorias; veja fotos

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Última a desfilar, já no amanhecer desta terça-feira, a Viradouro usou 200 metros de material refletivo — os chamados olhos de gato, comuns em placas de trânsito ou em uniformes de garis. Na comissão de frente, bailarinos com maquiagens fluorescentes chamavam a atenção. A escola de Niterói ainda mudou a disposição de cores conforme o passar da hora: a paleta foi diluída “para resplandecer a luz do amanhecer”, detalhou o carnavalesco Tarcísio Zanon:

— Neste ano, as escolas estão usando esses efeitos muito mais. Percebo que algumas estão acertando e outras ainda testando. A tendência é investir cada vez mais em profissionais e estudos sobre a luz.

Também no segundo dia de desfiles do Grupo Especial, a Vila Isabel chamou a atenção com os quatro mil pixels de led na fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas. Em outro momento, lasers também foram disparados e levantaram o público, com efeito ampliado por pedrarias, espelhos e cristais.

Confeccionada pelo ateliê de Fernando Magalhães, a roupa inicialmente teria suas luzes acionadas pelo casal. Mas quem acabou comandando a iluminação foi a coreógrafa Ana Formighieri, que usou um controle remoto.

— Quando a gente soube que ia ter a iluminação (cênica), pensamos “temos que usar, porque engrandece muito a cena”. Foi quando o (carnavalesco) Paulo Barros propôs apagar a luz da Sapucaí — disse a coreógrafa.

Segundo ela, foi preciso ensaiar no escuro e até acender lanternas de celular nos olhos do casal, para simular o momento que o led fosse acionado. Apesar das três baterias de lítio num colete preso ao corpo dos dois, uma das pernas de Marcinho apagou e foi preciso desligar toda a parte de baixo da fantasia dele. Foi preciso ainda fazer ajustes, para a vestimenta ficar mais leve — a informação é de que ela é um pouco mais pesada que uma fantasia normal, que chega a 20 quilos.

— Tivemos uns probleminhas nas luzes, mas nada que comprometesse a dança — disse Marcinho.

Quando a Mocidade abriu os desfiles de segunda-feira, logo de cara, mostrou uma nova forma de apresentar sua comissão de frente. Enquanto o público mantinha os olhos voltados para a pista, depois de os refletores se apagarem, um canhão de luz foi lançado sobre a arquibancada. De lá, surgia uma Carmen Miranda segurando cajus em meio ao público.

— A gente quis conectar um dos nossos (bailarinos) com o povo, e colocamos uma Carmen, que é um dos símbolos que levou nossa cultura lá para fora, na arquibancada — observou o coreógrafo Paulo Pinna.

O movimento arriscado arrancou aplausos do público. Depois da terceira e última apresentação aos jurados, Paulo não se aguentou e se ajoelhou eufórico agradecendo que ousadia tenha dado certo.

Na comissão de frente da Acadêmicos do Grande Rio, a quarta escola de samba a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial, uma onça foi protagonista quando os refletores se apagaram. A escultura do animal levou quatro meses para ficar pronta sendo feita por alunos da Escola de Belas Artes.

Com oito metros de altura, o felino — para além dos 510 refletores que iluminam a pista — contou ainda com 50 holofotes próprios e nove condutores. Os bailarinos, com roupas fluorescentes, e o público das arquibancadas, com pulseiras de led no braço, também ajudaram a brilhar mais o desfile. Tudo se conectou e a iluminação da Passarela funcionou a serviço do show.

Segundo a coreógrafa Beth Bejani, que faz dupla com Hélio Bejan, foram compradas 55 mil pulseiras, entregues na entrada do Sambódromo. O acessório é chamado "xyloband" e acende e muda de cor em sincronia, sendo comandado remotamente. A inovação lembrou o feito da banda Coldplay no último Rock in Rio e, da mesma forma, foi preciso devolver a pulseira quando o portão da Praça da Apoteose foi fechado.