Carnaval
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Na solenidade de entrega das chaves do Rio ao Rei Momo, na sexta-feira passada, Eduardo Paes avisou que seu substituto temporário iria comandar a cidade até o próximo domingo — em vez de deixar o posto na Quarta-Feira de Cinzas. A dois dias da “volta” do prefeito, e ultrapassado o auge da festa no Sambódromo e nas ruas, o reinado esticado da folia já tem como ser avaliado.

O sucesso do carnaval também depende do bom desempenho em quesitos como turismo, segurança e transportes. No primeiro item, a cidade fez bonito. Atraiu 7 milhões de visitantes e movimentou R$ 5 bilhões, de acordo com o estudo “Carnaval de Dados”, feito pela Secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico, em parceria com a Riotur e o Instituto João Goulart. Chegou gente por terra, ar e mar: só no Píer Mauá, o movimento foi de 30 mil turistas, nacionais e estrangeiros, trazidos em sete navios no período.

Já aplaudida no réveillon, a união de inteligência e tecnologia na segurança voltou a surtir efeito: pontos para revista com detector de metais e videomonitoramento com sistema de reconhecimento facial garantiram maior tranquilidade, principalmente no entorno dos megablocos. Com 12 mil policiais nas ruas, segundo a Secretaria de Segurança Pública, houve aumento de 34% das prisões em flagrante. Por outro lado, houve reclamações (e assustadoras imagens nas redes sociais) sobre violência em áreas como o encontro das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, além do entorno da Candelária. Nessas regiões foram flagradas ações truculentas de roubo de celulares e bolsas. Nos arredores da Lapa, a reportagem também flagrou roubo de celulares. Uma foliona descreveu o susto que levou:

— Sofri uma tentativa de assalto na Rua Taylor, entre a Lapa e a Glória. Um homem me abordou dizendo “perdeu, perdeu”. Ele queria meu celular. Mas joguei o aparelho para dentro da guarita de um prédio. O porteiro abriu o portão, entrei e não voltei mais. Moro na Lapa, vi policiamento no miolo, mas nas ruas em volta não tinha — diz a analista de dados Ingrid Almeida, de 33 anos.

Pontos negativos

  • Violência na Presidente Vargas: Eficiente nos blocos, o policiamento ausente em outras áreas abriu caminho para a ação de ladrões
  • Banheiros da Sapucaí: Sambódromo tinha banheiros precários e sem ventilação
  • Trânsito: Engarrafamentos no entorno do Sambódromo prejudicavam até quem não foi para o Sambódromo
  • Armação lotada: Excesso de gente na armação da Sapucaí provocou confusão

A cidade teve 87% de ocupação da rede hoteleira, segundo informações do Hotéis-Rio. O percentual foi 9% inferior ao do ano passado.

— O carnaval caiu no início de fevereiro, o que sem dúvida pega os brasileiros saindo de um mês como janeiro, com concentração de pagamentos muito grande: impostos, matrícula escolar… O alto preço das passagens aéreas também foi relevante no deslocamento dos turistas do mercado nacional. Outro motivo foi o crescimento das hospedagens por meio de plataformas que concorrem diretamente com a hotelaria formal — explica Alfredo Lopes, presidente do Hotéis-Rio.

Ponto a favor no reinado de Momo em 2024, a distribuição de água salvou a festa de muita gente. Na segunda-feira de carnaval, por exemplo, a sensação térmica chegou a 50°C. Segundo a Cedae, entre 20 de janeiro e a terça-feira de carnaval (13/2) foram disponibilizados 267,2 mil litros de água potável, o equivalente a 1,3 milhão de copos d’água de 200 ml. Ao todo, 13,5 toneladas de gelo foram usadas para manter a temperatura da água. Além disso, 30 mil litros de água foram usados para refrescar o público a jato — de mangueira mesmo.

Pode melhorar

  • Sombra ou visão do palco: Nos blocos do Aterro, o mar de guarda-sóis aliviava o calor, mas dificultava visão do palco
  • Lixo: A Comlurb recolheu toneladas nos blocos oficiais, mas a limpeza dos independentes ainda é um desafio
  • Metrô: Estações fechadas facilitaram o direcionamento do fluxo, mas dificultaram o acesso de foliões na saída de alguns blocos
  • Burocracia: A quantidade de documentos para regularização de blocos é alta

No quesito limpeza pública, a Comlurb anunciou que recolheu 669,2 toneladas de resíduos no caminho dos blocos da cidade desde o pré-carnaval. Só na terça-feira, dia 13, foram retiradas 104,5 toneladas. Contêineres para o descarte apropriado de lixo foram instalados pela empresa em diversos pontos. Um desafio para futuros reinados de Momo vai ser dar conta da limpeza no rastro dos blocos independentes, não regularizados pela prefeitura.

O uso de transporte público para idas e vindas durante o carnaval foi amplamente recomendado. Com ruas interditadas, o metrô e o trem foram os principais aliados dos foliões: o primeiro funcionou 24h durante cinco dias e recebeu três milhões de embarques.

Mas, como nem tudo é festa, o trânsito no entorno do Sambódromo entalou, por falta de melhor orientação, e as estações Presidente Vargas e Catete ficaram fechadas nesse período, o que surpreendeu um bocado de gente. Caso estivesse em funcionamento, a Presidente Vargas poderia, por exemplo, receber parte da multidão que prestigiou o Fervo da Lud. De acordo com o Alerta Rio, da Prefeitura, no horário do bloco os termômetros marcavam 36°C, com sensação térmica de 43°C. A própria estrela do bloco, a cantora Ludmilla, decidiu encerrar o cortejo 45 minutos antes por causa do calorão. Segundo o Metrô Rio, o fechamento foi feito por questão de segurança.

O funcionamento da estação Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, também provocou reclamações. Segundo o Metrô Rio, a estação ficou com o acesso Lagoa aberto apenas até 0h, mas o outro lado não foi fechado. As máquinas de autoatendimento para recarga de Riocard foram desligadas durante a operação. As únicas estações que tinham estruturas externas para comprar bilhetes eram as da Carioca, no Centro, e da General Osório, em Ipanema. De acordo com a concessionária, a medida foi tomada para evitar vandalismo.

Pontos positivos

  • Impacto do turismo: O carnaval atraiu 7 milhões de pessoas ao Rio e teve arrecadação de R$ 500 milhões de ISS, 20% só com turismo e eventos
  • Pontos de hidratação: Distribuição de água pela Cedae e mangueira aliviaram foliões
  • Vendas a todo vapor: Número de ambulantes credenciados aumentou de 10 mil para 15 mil e subiu a oferta de produtos
  • Combate à dengue: Teve boa acolhida a distribuição de repelente na entrada das arquibancadas da Sapucaí

Marquês de Sapucaí

No Sambódromo, sede do reino de Momo, a distribuição de repelentes, em campanha do governo do estado contra a dengue, foi bem recebida. Já a grande quantidade de gente na área da armação merece atenção do próximo monarca. Houve empurra-empurra, confusão e até acidente: uma mulher chegou a ser imprensada por um carro alegórico da Porto da Pedra, a primeira a desfilar no Grupo Especial, mas teve apenas ferimentos leves.

Os banheiros da arquibancada da passarela também decepcionaram. Uma foliona ficou ferida na perna após usar uma das cabines — a porta caiu sobre ela — e teve que ser atendida no ambulatório médico.

Em resposta ao GLOBO, a assessoria da Liesa diz: "A Liesa esclarece que, assim como nos anos anteriores, recebeu o direito de uso do Sambódromo apenas a três meses do Carnaval. Trata-se de um equipamento público histórico, de 40 anos, que é administrado durante todo o ano pela Riotur que, inclusive, realiza faturamento no espaço com shows e grandes eventos. Ao receber a cessão do local para o Carnaval 2024, a Liga constatou, novamente, a presença de banheiros em estado precário, sem torneiras e sifão nas pias, vasos sanitários entupidos e infiltrações no teto, precisando correr contra o tempo para realizar a manutenção e as obras de correção necessárias para deixar os toaletes dignos aos foliões. Vale destacar que a Liesa inseriu, ainda, cabines químicas dentro das áreas de concentração e dispersão, no entanto, ressalta que tais instalações em outras áreas, fora do cerco do ambiente dos desfiles, é de responsabilidade exclusiva da Riotur, que não contactou a entidade em nenhum momento para pedir auxílio na expansão de tais aparelhos. Em síntese, a Liga reafirma seu compromisso em realizar o máximo de esforço possível para deixar o Sambódromo em condições dignas de uso para desfilantes e espectadores durante os dias de Carnaval, entretanto, lamenta que seja ela praticamente a única responsável pela manutenção existente no espaço, uma vez que tal prática não é adotada por quem de fato exerce o direito de propriedade durante os nove meses restantes do ano".

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