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Paulo Barros promete surpresa na Tijuca e fala sobre novas estrelas: ‘Minha vez vai passar’

Ecola do Borel leva para Avenida este ano um desfile sobre arquitetura e urbanismo
Paulo Barros - Carnavalesco da Unidos da Tijuca e da Gaviões da Fiel, em São Paulo Foto: Fábio Rossi/Agência O Globo
Paulo Barros - Carnavalesco da Unidos da Tijuca e da Gaviões da Fiel, em São Paulo Foto: Fábio Rossi/Agência O Globo

RIO — O carnavalesco Paulo Barros , que por conta de sua criatividade e inventividade já foi chamado de Mago da Sapucaí , garante ver com naturalidade o processo de renovação no carnaval carioca, representado acima de tudo por Leandro Vieira — que conquistou os dois campeonatos mais recentes da Mangueira (2016 e 2019). Mas, como quem foi rei nunca perde a majestade, o artista volta pela terceira vez à Unidos da Tijuca como um dos trunfos da escola para conquistar mais um título no Especial , com o enredo “Onde moram os sonhos”. Para esse ano, o carnavalesco, como sempre, promete surpresas desde a comissão de frente.

— Não é que minha vez esteja passando, mas vai passar. Espero que eu não morra, mas o Paulo vai chegar uma hora que vai ter que parar. É uma coisa que a gente não sabe o que vai acontecer. Mas o novo tem que aparecer, tem de vir. Não adianta, faz parte da história. É o processo da evolução. Só quero estar lá como comentarista para poder meter o malho neles. Ou elogiar — brinca, ao analisar o surgimento de novos valores, sem citar nomes. Quase todos são oriundos da Série A e, de certa forma, repetem a sua trajetória, já que ele começou na Vizinha Faladeira.

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A expectativa de dar um novo título à Tijuca vem no ano em que o primeiro dos seus quatro campeonatos — três dos quais pela escola do Borel — completa uma década. Para Barros, seria uma boa forma de comemorar a data redonda. Sem menosprezar a importância da vitória, ao falar do vice-campeonato do ano passado pela Viradouro (num desfile considerado de excelência estética), o carnavalesco diz que o que conta para ele é a avaliação do público.

— Será que o caneco é tão importante assim? Lógico que é, mas o que eu quero mais se a pessoa que vai no desfile entendeu tudo e eu saio de lá com todos os elogios possíveis para o meu trabalho e da escola? Eu faço um trabalho para passar alegria. Eu crio e desenvolvo meu enredo para que as pessoas se divirtam, tomem um susto e se surpreendam. A vitória não depende só de mim, mas de todo o conjunto.

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A Tijuca leva para a Avenia este ano um desfile sobre as obras de arquitetura e urbanismo, além das belezas naturais da cidade. Nos últimos meses, o artista tem se dividido entre Rio e São Paulo , onde assumiu paralelamente a montagem do carnaval da Gaviões da Fiel .

Desfile terá mensagem educativa

Nas palavras de Paulo Barros, o desfile sobre arquitetura e urbanismo será conscientizador. A intenção é falar da poluição, da sustentabilidade e de como as pessoas podem rever suas atitudes e conceitos. A ideia é celebrar o Rio no ano em que a cidade escolhida pela Unesco como a capital mundial da arquitetura sedia o congresso internacional da categoria. Mas, também, será dado um alerta sobre o meio ambiente.

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Tendo como foco o Rio, a escola entra na Avenida fazendo uma referência às heranças dos povos milenares e suas construções, como o Partenon, na Grécia ; Coliseu, na Itália ; e as pirâmides do Egito . Depois passa pela chegada da arquitetura ao Brasil, trazida pelos portugueses, o Barroco, fala das obras de Aleijadinho e da modernidade do trabalho de Oscar Niemeyer . O carnavalesco pretende também promover uma reflexão sobre o que deu errado na arquitetura e urbanismo, por conta da ação do homem, e vai encerrar mostrando o que seria o seu conceito de cidade ideal:

— Vamos tocar nos pontos importantíssimos para que o erros não se repitam. E a gente fecha o desfile falando de um projeto de futuro para o Rio, em que precisamos nos preocupar com a mobilidade, uso de bicicleta e carro elétrico (já que o automóvel não é mais a solução), a questão da poluição e do urbanismo por si só, além do reaproveitamento do material.

‘Carro parecer incompleto é questão de estilo’

Em resposta às pessoas que acreditam que o carnaval da Tijuca está atrasado, Barros diz que o fato de muitos carros parecerem incompletos é uma questão de estilo. Ele comenta que seu barracão é “esquisito mesmo”, mas as pessoas não duvidam do resultado “por acharam que ele está escondendo alguma coisa para surpreender na Avenida”. Em tempos de escassez de recursos, ele promete criar soluções que caibam no orçamento.

— Não adianta criar um projeto se o (Fernando) Horta (presidente da escola) não tem como bancar. Cada um sabe onde está doendo a sua ferida. Então é fazer um carnaval dentro da realidade. Você tem que se adequar.

Nesse ano, Paulo Barros está se dividindo entre Rio e São Paulo, onde monta o desfile da Gaviões da Fiel. O convite da escola paulista custou sua saída da Viradouro, que pretendia ter exclusividade com ele. Sobre a experiência, o carnavalesco disse que está sendo um aprendizado, sobretudo sobre montagem de carros alegóricos. A solução para atender as duas escolas, segundo ele, é tecnológica. Barros comenta que controla o trabalho das duas equipes pelo Whatsapp, quando não pode estar presente, mas faz questão de viajar para São Paulo pelo menos uma vez por semana. Sobre o desgaste de ter que se dividir entre as duas cidade, ele brinca:

— Perdi três anos da minha vida esse ano.