Exclusivo para Assinantes
Rio Carnaval Carnaval 2020

'Quero sair da prateleira que me colocaram como um carnavalesco político', diz Leandro Vieira

Carnavalesco da Mangueira que causou polêmica com enredo sobre Jesus rejeita rótulo de crítico
RI Rio de Janeiro (RJ) 14/01/2019 Carnaval 2019. Leandro Vieira, Carnavalesco da Mangueira. Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
RI Rio de Janeiro (RJ) 14/01/2019 Carnaval 2019. Leandro Vieira, Carnavalesco da Mangueira. Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

RIO - Aos 35 anos, seis deles como carnavalesco nos desfiles das escolas de samba, Leandro Vieira se notabilizou pelos enredos recheados de críticas sociais e políticas. As polêmicas começaram em 2018, quando assinou o enredo "Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco" da Mangueira . Naquele ano, criticou o corte de verba feito pelo prefeito Marcelo Crivella e ficou em quinto lugar. No ano seguinte, notabilizou-se com uma crítica ácida ao retratar os marginalizados pela História do Brasil, defendendo os pobres, negros e indígenas em “História para ninar gente grande” e foi bastante festejado pela crítica.

LEIA : Leandro Vieira vive o dilema de escolher entre Mangueira e Imperatriz em 2021

Neste carnaval, foi responsável pelo enredo de duas escolas. Além da verde e rosa, que ficou em sexto lugar no Grupo Especial , fez o carnaval da Imperatriz Leopoldinense com o enredo "Só da Lalá" e foi campeão da Série A.

O criativo Leandro Vieira, no entanto, rejeita todos os rótulos. O primeiro carnaval com a sua assinatura foi em 2015 na Caprichosos de Pilares. Mesmo com poucos recursos, fez um desfile elogiado pela crítica especializada, o que lhe rendeu um convite para a verde e rosa. Este ano, causou bastante polêmicas e recebeu críticas ao levar para a avenida o enredo “A verdade vos fará livre”, que mostrou não a história do Jesus bíblico e seu martírio, mas sim uma colocação de como seria a volta do Cristo, em um contexto de tanta intolerância, preconceito, violência e perseguição.

O GLOBO - Já tem algum tema para o próximo carnaval? É algum enredo político?

Leandro Vieira - Só vou pensar no que fazer para ano seguinte depois. Estou satisfeito, mas percebo a necessidade de todos em colocar rótulos. Sou contra isso. Não aceito nenhum rótulo. Quero sair da prateleira que me colocaram como um carnavalesco político.

Com duas escolas no Grupo Especial (Mangueira e Imperatriz Leopoldinense), você terá que escolher. Já decidiu?

Estou há cinco anos na Mangueira e todos os anos dizem que eu vou sair. Todo carnavalesco só avalia o seguinte após a conclusão do trabalho, e isso ainda não terminou. Eu não tenho contrato assinado com a escola. Na Mangueira, sempre foi tudo acertado no aperto de mão e isso, na minha avaliação, é o suficiente.

Então a verde e rosa tem mais chances para a renovação?

Não é isso. Nada está decidido . Ainda tenho pendências financeiras para resolver com a escola.

Algumas pessoas disseram que você homenageou um bandido na alegoria do Cristo representado por um jovem negro crucificado. O que achou dessas  críticas?

Esse tipo de crítica dizendo que o jovem negro, com cabelo platinado e tatuagem é bandido só reforça da necessidade do enredo da Mangueira. É uma demonstração de racismo e intolerância.

O que você achou do sexto lugar da Mangueira este ano?

Ainda não tive condições de avaliar. No final das contas é a nota dos jurados que avalia o seu trabalho, mas a escola estará de volta no Desfile das Campeãs.