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Rio

Caso Henry: confira a linha do tempo das investigações sobre a morte do menino

Desde 8 de março, delegado Henrique Damasceno ouviu 21 testemunhas, apreendeu telefones de pai, mãe e padrasto e ainda realizou reprodução simulada no apartamento da família
Caso Henry Foto: Editoria de Arte
Caso Henry Foto: Editoria de Arte

RIO — Por volta de 3h30m do dia 8 de março, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva e o namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior , o Dr. Jairinho (Solidariedade), saíram do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, para levar o filho dela, Henry Borel Medeiros, de 4 anos, à emergência do Hospital Barra D’Or. O casal disse ter encontrado o menino caído no chão do quarto, com mãos e pés gelados e olhos revirados. As pediatras garantem que ele já chegou morto à unidade de saúde.

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No mesmo dia, foi aberto um inquérito na 16ª DP (Barra da Tijuca) para apurar o caso. Desde então, 21 testemunhas foram ouvidas, entre familiares, funcionários e vizinhos da família. Além disso, os aparelhos celulares e laptops de Monique, Jairinho e do engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai de Henry, foram apreendidos e passaram por perícia. Uma reprodução simulada que encenou a narrativa contada nos depoimentos também foi feita no imóvel. Após oito semanas de apuração, o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, concluiu o inquérito e apresentou o relatório final indiciando Monique Medeiros e o Jairinho por crime de homicídio duplamente qualificado.

Confira a cronologia das investigações:

8 de março

3h30m

Fachada do Colégio Marista Foto: Editoria de Arte com foto de Paolla Serra
Fachada do Colégio Marista Foto: Editoria de Arte com foto de Paolla Serra

A professora Monique Medeiros da Costa e Silva e o namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), levam o filho dela, Henry Borel Medeiros, de 4 anos, para a emergência do Hospital Barra D’Or. Eles disseram que encontraram o menino caído no chão do quarto, com mãos e pés gelados e olhos revirados.

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5h42m

As pediatras da unidade de saúde atestam a morte do menino. Em depoimento, elas garantiram que ele já chegou morto ao hospital, mas foi submetido a tentativas de manobras de reanimação.

12h18m

Um registro de ocorrência de remoção para verificação de óbito é feito na 16ª DP (Barra da Tijuca). O delegado Henrique Damasceno determina ainda que uma perícia no apartamento 203 do bloco I do bloco I do condomínio Majestic seja feita pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).

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12h42m

Henry com o pai, Leniel Foto: Editoria de arte com foto de reprodução
Henry com o pai, Leniel Foto: Editoria de arte com foto de reprodução

O engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai de Henry, presta depoimento na delegacia. Ele contou ter recebido uma ligação de sua ex-companheira, Monique, por volta de 4h30. Ela teria dito que o filho deles estava “sem respirar” e foi levado ao hospital. Ao chegar ao local e encontrá-la, na companhia de Dr. Jairinho, foi informado de que a criança havia feito um “barulho estranho” enquanto dormia. Os dois contaram que, , no quarto do menino, encontraram-no com os “olhos virados” e com dificuldade respiratória.

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14h

O corpo de Henry é levado para o Instituto Médico-Legal (IML), no Centro do Rio.

18h24m

No IML, o perito legista Leonardo Huber concluiu o exame de necropsia e aponta que o menino sofreu hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente, e que seu corpo apresentava equimoses, hematomas, edemas e contusões. O laudo da necropsia revela que o menino tinha 23 lesões e que o óbito ocorreu em um intervalo de quatro horas após sofrer hemorragia interna provocada por lesão hepática.

9 de março

O corpo de Henry é enterrado no cemitério do Murundu, em Realengo.

17 de março

22h03m

Monique ao lado do filho Henry Foto: Editoria de Arte com foto de reprodução
Monique ao lado do filho Henry Foto: Editoria de Arte com foto de reprodução

Monique presta depoimento na delegacia. Ela conta que estava assistindo a uma série na televisão com Jairinho quando, às 3h30, teria levantado e encontrado Henry caído no chão, com mãos e pés gelados, olhos revirados e sem responder ao seu chamado. A professora disse ter gritado pelo namorado, que foi imediatamente ao cômodo. Eles teriam se arrumado rapidamente e se dirigido para o Barra D’Or. No caminho, a professora diz ter feito uma respiração boca a boca na criança, depois de orientação do parlamentar. Ao chegar à unidade, ela contou ter gritado pedindo ajuda, tendo recebido atendimento de várias pessoas imediatamente. Questionada se havia lido o laudo com a causa da morte de Henry, Monique afirmou acreditar que ele possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão.

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2h15m

Monique e Jairinho após prestarem depoimentos na delegacia Foto: Editoria de Arte com foto de reprodução
Monique e Jairinho após prestarem depoimentos na delegacia Foto: Editoria de Arte com foto de reprodução

Horas depois, Jairinho também concluiu seu termo de declaração realizado na 16ª DP. O vereador confirmou todas as informações dadas pela namorada. Ele contou ter dormido após tomar três medicações que faz uso há cerca de 10 anos e, ao ser acordado por ela, foi urinar. Com os gritos dela, disse ter caminhado até o quarto. No local, o vereador diz ter colocado a mão no braço de Henry e notado que o menino estava com temperatura bem abaixo do normal e com a boca aberta, parecendo respirar mal. Ele contou que acreditou que Henry havia bronco-aspirado, mas seu quadro evoluía mal, já que no caminho para o hospital não respondeu à respiração boca a boca nem aos estímulos feitos por Monique. Jairinho contou que, apesar de ter formação em Medicina, nunca exerceu a profissão e a última massagem cardíaca que realizou foi em um boneco, durante a graduação.

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22 de março

19h18m

Uma amante de Jairinho contou em depoimento que, às 11h46 do dia 8 de março - seis horas e quatro minutos após atestada a morte de Henry, eles conversaram “ como se nada tivesse acontecido ”. A estudante afirmou que o parlamentar a enviou mensagens para saber sobre o resultado de seu antibiograma, um exame laboratorial que a moça realizaria depois de se queixar de ardência ao urinar. A estudante disse ainda ter ligado para a irmã de Jairinho, tendo o próprio posteriormente retornado o telefonema. Ela disse que o vereador a orientou a “ficar tranquila” após ter sido chamada a depor, pois apenas teria que relatar como fora o relacionamento dos dois e se ele era agressivo. Ela reiterou que ele continuou sem falar sobre o falecimento do enteado tampouco sobre como “se sentia”.

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23 de março

3h59m

Uma ex-namorada de Jairinho compareceu à delegacia relatando ter sido agredida pelo vereador e disse que a filha, de 3 anos à época, ficava nervosa, chorava e até vomitava ao vê-lo. A menina chegou a contar para a avó materna que também apanhava do parlamentar e que teve a cabeça afundada por ele embaixo da água de uma piscina. O caso está sendo investigado em um inquérito aberto na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav).

18h

O hospital Barra D'Or Foto: Ana Branco / Agência O Globo
O hospital Barra D'Or Foto: Ana Branco / Agência O Globo

As três médicas pediatras que atenderam Henry Borel Medeiros na emergência do Hospital Barra D’Or foram ouvidas pelo delegado Henrique Damasceno. As profissionais garantiram que ele chegou morto à unidade de saúde e com as lesões externas no corpo descritas nos dois laudos do exame de necropsia.

19h

Três vizinhos de apartamentos próximos à unidade 203 do bloco I do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, onde Henry morava com Monique e Jairinho também prestaram depoimento. Eles garantiram não terem ouvido nenhum barulho ou visto nenhuma anormalidade durante a madrugada do dia 8.

20h15m

Na noite seguinte, a babá de Henry, que começou a prestar serviço para a família, também foi ouvida. Ela definiu a criança como “boa” e “perfeita” e negou qualquer ter presenciado qualquer anormalidade na família, a quem disse ter visto reunida no máximo quatro vezes. A funcionária contou também que Henry lhe fazia algumas perguntas, como "Tia, por que existe a separação?". Para essa questão, ela diz ter respondido: “Para as pessoa não ficarem brigando, é melhor que se separem". A babá relatou ainda que, por volta de 9h30 do dia 8 de março, recebeu uma ligação de Monique, que dizia: “Você não precisa ir trabalhar hoje. Henry caiu da cama. Perdi meu bem mais precioso”.

24 de março

19h46m

A empregada doméstica que trabalhava para Monique e Jairinho durante os dias de semana, desde 8 de janeiro, contou em depoimento só ter visto a família junta três vezes. Ela relatou ter presenciado Henry, no carnaval, correndo em direção ao vereador gritando: “Tio Jairinho, tio Jairinho!” e o abraçando. Ela negou ter presenciado qualquer discussão entre eles. No dia 8, a mulher relatou ter chegado por volta de 7h30, como de costume, e organizado a casa. Ela disse ter estranhado apenas o fato de a luz da cozinha estar acesa. Ela contou que, às 9h46, Monique lhe telefonou e disse que ela poderia tirar o dia de folga. Minutos depois, quando esperava o elevador, a empregada encontrou a professora retornando do hospital e foi informada sobre a morte de Henry. Horas após o depoimento, na madrugada, Monique enviou uma mensagem pedindo que a empregada não a abandonasse. As mensagens foram apagadas, mas recuperadas pela polícia durante as investigações com o auxílio de um software.

21h38m

Ao delegado Henrique Damasceno, a avó materna de Henry, a professora Rosângela Medeiros da Costa e Silva definiu o neto como um menino doce, tímido, introvertido, educado e excelente aluno, disse ter recebido uma ligação de Monique dizendo: “Mãe, o Henry não está respirando!” e imediatamente se dirigiu ao Hospital Barra D’Or com o outro filho. Durante o trajeto, ela ligou novamente insistindo: “Mãe, vem pra cá”. Minutos depois, disse ter recebido o terceiro telefonema, quando soube que o menino havia falecido. Chegando a unidade de saúde, Rosângela contou que encontrou a filha “desolada”. Questionada sobre a causa da morte de Henry, Rosângela informou que "pelo que soube" ele “teve um problema no fígado, uma hemorragia causada por uma queda”.

26 de março

Policiais após comprirem mandado de busca na casa da avó de Henry, na Zona Oeste Foto: Editoria de Arte com foto de Fabiano Rocha
Policiais após comprirem mandado de busca na casa da avó de Henry, na Zona Oeste Foto: Editoria de Arte com foto de Fabiano Rocha

Policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) cumpriram 11 mandados de busca e apreensão de celulares e laptops em quatro endereços ligados a Leniel, Monique e Jairinho, no Recreio dos Bandeirantes e em Bangu. A medida foi solicitada pelo delegado Henrique Damasceno e deferida pelo juízo da II Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.

29 de março

14h

Peritos do Instituto Médico-Legal (IML) e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), além de policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca), iniciaram as perícias complementares no inquérito que apura a morte de Henry. Eles passaram a tarde no imóvel, que foi interditado judicialmente por um mês para o trabalho dos investigadores. Foram feitas medições, análises de manchas encontradas além de fotografias do apartamento.

16h06m

Henry no colo da mãe; o padrasto Jairinho faz um carinho no menino Foto: Reprodução
Henry no colo da mãe; o padrasto Jairinho faz um carinho no menino Foto: Reprodução

Na delegacia, a psicóloga que realizava o acompanhamento terapêutico de Henry, desde o início de fevereiro, disse ter sido procurada por Monique, que relatava que ele "não queria ficar" em sua casa. A profissional contou ter realizado cinco consultas com a criança, que demonstrava afeto pelos avós maternos e que pronunciou o nome de Jairinho somente no último encontro. Ela disse que a professora reclamava que Henry não queria ir ao Colégio Marista São José, onde estava matriculado na pré-escola e frequentou 20 dias de aula. A mulher disse ainda que Henry contou morar "um tio" em sua casa. Perguntado quem era, o menino respondeu: "Tio Jairinho", sem deixar transparecer medo do padrasto. Logo em seguida, ele disse estar com saudades do pai.

17h24m

Em depoimento, a professo do Colégio Marista São José, onde Henry estudou por 20 dias, disse não ter tido muito contato com ele, por ser aluno novo e pelo fato de estarem atuando em sistema híbrido - com aulas alternadas entre presenciais e on-line. Ela disse a criança apresentava comportamento alegre, falante, participativo e muito interessado.  A professora negou ter percebido alguma lesão ou qualquer sinal de maus-tratos. Ela negou também que Henry tenha reclamado de algum tipo de abuso ou problema no ambiente familiar.

30 de março

Monique e Jairinho são intimados a participar de uma reprodução simulada no apartamento onde moravam com Henry, às 14h do dia 1o de abril. O casal foi chamado para encenar a narrativa que apresentou em depoimento na delegacia sobre o que ocorreu no imóvel durante a madrugada de 8 de março.

31 de março

14h

Um cirurgião plástico responsável pelo implante de silicone em uma das ex-namoradas de Jairinho prestou depoimento. Ele foi intimado a fim de que confirmasse as informações dadas por ela na delegacia de que os pontos da cirurgia teriam rompido depois de uma agressão do vereador.

16h

O advogado André França Barreto, que representa Monique e Jairinho, solicita ao delegado do caso o adiamento da reprodução simulada, alegando que não houve tempo hábil para a preparação de um assistente de acusação e que a professora ainda se encontra "demasiadamente abalada pela perda do filho" e apresenta um "grave quadro depressivo". A defesa então solicitou que a reconstituição fosse agendada a partir de 12 de abril, o que foi indeferido por Henrique Damasceno, que justificou a medida é custosa ao Estado e essencial para dar continuidade às investigações que apuram a morte de Henry.

19h

O juiz Paulo Roberto Sampaio Jangutta negou um habeas corpus com três pedidos feitos por André França Barreto, que pleiteava a remessa do inquérito que apura para a Divisão de Homicídios; a suspensão das investigações; e o adiamento da reprodução simulada. O magistrado explicou que a medida tem previsão legal e, como o inquérito envolve a morte de uma criança em tenra idade e com ampla repercussão na mídia, é razoável a urgência para a sua realização.

1º de abril

14h

Peritos fazem a reprodução simulada por cerca de quatro horas no apartamento do casal Foto: Editoria de Arte com foto de Domingos Peixoto
Peritos fazem a reprodução simulada por cerca de quatro horas no apartamento do casal Foto: Editoria de Arte com foto de Domingos Peixoto

Mesmo com a ausência de Monique e Jairinho, peritos do IML e do ICCE e de policiais da 16ª DP realizaram a reprodução simulada por cerca de quatro horas no apartamento. Uma investigadora representou a professora e um agente representou o parlamentar nas encenações. Um boneco, com as características de peso e altura de Henry também foi usado.

8 de abril

6h

Dr. Jarinho, padrasto de Henry Borel, foi preso pela Polícia nesta quinta, 8 de abril Foto: Reprodução
Dr. Jarinho, padrasto de Henry Borel, foi preso pela Polícia nesta quinta, 8 de abril Foto: Reprodução

Dr. Jairinho e Monique são presos, no início da manhã, acusados de envolvimento na morte de Henry. Após um mês de investigação, a polícia concluiu que o vereador agredia o enteado , e que a mãe da criança sabia disso.

10h

O médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), e a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, presos nesta quinta-feira acusados de envolvimento na morte do filho de Monique , serão indiciados por homicídio duplamente qualificado.

Ainda pela manhã, o vereador prestou depoimento ao delegado Adriano França, titular da Delegacia da Criança Adolescente Vítima (Dcav), sobre as agressões contra uma ex-namorada e a filha dela , que na época do caso tinha 3 anos. A cabeleireira de 31 anos disse que teve uma crise de consciência ao tomar conhecimento da abertura do inquérito instaurado na 16ª DP (Barra da Tijuca) para apurar a morte de Henry. A moça foi até a delegacia relatar que ela e a filha foram agredidas pelo parlamentar há quase uma década. Jairinho negou as acusações .

13h

O casal deixa a 16ª DP (Barra da Tijuca), na Zona Oeste do Rio, após caminharem, escoltados, em silêncio até as duas viaturas da Polícia Civil, rumo ao Instituto Médico-Legal (IML), no Centro. Pessoas que acompanhavam a cena xingaram os suspeitos e os chamaram de "assassinos" . Um homem mais exaltado chegou a furar o bloqueio da polícia e deu um tapa no vereador.

O Solidariedade, partido o qual Jairinho fazia parte, comunicou a " expulsão sumária " do parlamentar. A legenda comunicou sobre o pedido ao Conselho de Ética solicitado pela Comissão Executiva Nacional do Solidariedade. No dia anterior, o vereador já tinha sido afastado do partido.

18h

O Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores aprovou o afastamento de Jairinho do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa. Os membros do conselho decidiram apresentar representação contra o vereador por falta de decoro.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) informou que abriu uma sindicância interna para apurar a situação do vereador, que é médico de formação. De acorodo com o órgão, a investigação pode culminar em advertência ou até na cassação do registro profissional de Jairinho.

9 de abril

É puplicado no Diário Oficial a exoneração da pedagoga Monique , mãe de Henry, do Tribunal de Contas do Município (TCM). Ela era lotada no gabinete do conselheiro Luiz Antônio Guaraná. Ela deixou o cargo comissionado e voltou à Secretaria municipal de Educação (SME) onde é servidora de carreira.

Preso em cadeias diferentes, Monique e Jairinho começam a cumprir o isolamento de 14 dias antes de terem contato com outros detentos com o objetivo é evitar a disseminação do coronavírus dentro dos presídios. Somente são permitidas as visitas dos advogados neste período de pandemia.

10 de abril

A defesa pediu ao Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) a libertação do casal . O advogado André França Barreto, que representava ambos, alegou, no pedido, que os investigados "se encontram submetidos a manifesto constrangimento ilegal" e que não havia a necessidade de prendê-los.

12 de abril

Thayna de Oliveira Ferreira, de 25 anos, ex-babá de Henry prestou novo depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca) sobre o caso. Para a polícia, ela teria mentido no primeiro interrogatório, quando negou saber que o menino era agredido. Ela admitiu que mentiu na declaração dada em 24 de março, por medo de Jairinho ,  e afirmou ter presenciado três agressões de Dr. Jairinho contra Henry. A ex-baba contou ainda que Monique solicitou que ela apagasse as mensagens trocadas entre as duas em 12 de fevereiro e que a avó materna de Henry sabia das agressões .

O desembargador Joaquim Domingos de Almeida Neto, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), indeferiu o pedido de liminar para a soltura do casal.

Monique trocou o advogado André França Barreto, que a defendia e ao namorado. Foram nomeados como novos representantes os advogados Thiago Minagé, Hugo Novais, Thaise Assad e Lucas Antunes.

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13 de abril

A Polícia Civil intimou para prestar depoimento sobre o caso do menino Henry a irmã do vereador Jairinho, Thalita Souza , e a empregada doméstica da família, Leila Rosângela de Souza Matto.

14 de abril

O advogado Hugo Novaes, um dos defensores de Monique, afirmou que solicitou à polícia que marque um novo depoimento de sua cliente. O pedido foi feito após a defesa ter acesso ao conteúdo da investigação.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio informou que o diretor da cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, pediu para ser exonerado após denúncias de regalias durante a passagem do vereador Dr. Jairinho (sem partido) e  Monique pela unidade. Um vídeo revela Jairinho recebendo um sanduíche das mãos do próprio diretor da unidade, Ricardo Larrubia da Gama.

A Justiça do Rio indeferiu o pedido feito pela bancada do PSOL na Câmara dos Vereadores para o afastamento imediato de Jairinho . A juíza Mirela Erbisti, da 3ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça, argumentou que um possível afastamento de Dr. Jairinho esbarraria nos princípios da presunção da inocência e da separação dos poderes.

No segundo depoimento prestado, a empregada doméstica Leila Rosângela de Souza Mattos acrescentou informações à declaração que apresentou na 16ª DP em 23 de março. A funcionária contou estar no apartamento do médico e vereador Dr. Jairinho (sem partido), e de Monique  em 12 de fevereiro, data em que a babá Thayna de Oliveira Ferreira narrou em tempo real as agressões do parlamentar a Henry. Segundo ela, o menino saiu do quarto com " cara de apavorado ".

Em depoimento, a irmã de Jairinho, Thalita Fernandes Santos disse que a cunhada e mãe de Henry, Monique, contou que o menino tinha dificuldade de “ aceitar o relacionamento ” do casal. Ela contou que a professora revelou ter levado o menino a um acompanhamento psicológico pela dificuldade que ele tinha de aceitar a relação da mãe com o parlamentar. Thalita negou ter visto ou presenciado qualquer comportamento anormal entre a família.

O advogado André França Barreto, que representava o Dr. Jairinho, renunciou à defesa do vereador no caso.

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16 de abril

14h30

Debora de Mello Saraiva, ex-namorada e amante do vereador, voltou atrás nas declarações prestadas na 16ª DP. Em novo depoimento, a estudante narrou, ao longo de quatro horas, os episódios de violência que sofreu por parte do parlamentar - foram tantos, segundo a moça, que ela sequer é " capaz de contabilizar ". Ela ainda contou à polícia que seu filho foi a uma festa infantil com o então padrasto e voltou com uma lesão na perna, que foi constatada como fratura do fêmur .

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17 de abril

Em nota, a defesa de Monique Medeiros, mãe de Henry, reforçou que enxerga uma "repetição de um comportamento padrão de violência " em Dr. Jairinho. O comunicado foi divulgado para insistir em que a professora deve ser ouvida novamente pela polícia, por ter "tanto a esclarecer".

19 de abril

O presidente da Câmara de Vereadores do Rio, Carlo Caiado (DEM), afastou o vereador Dr. Jairinho (sem partido) da presidência da Comissão de Justiça e Redação. A decisão foi tomada depois que o Solidariedade formalizou, no dia 16, a expulsão do parlamentar.

A defesa de Monique afirma que a dinâmica do que aconteceu no apartamento do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na madrugada de 8 de março, “foi diametralmente oposta ao que foi colocado ”. Em depoimento prestado na 16ª DP, oito dias depois do ocorrido, ela corroborou as informações dadas pelo namorado, o médico e vereador, o Dr. Jairinho (sem partido), de que o casal encontrou o menino no chão com mãos e pés gelados e olhos revirados e acreditavam que ele poderia ter caído da cama. A defesa ainda alegou que Monique sofria agressões do namorado , sendo enforcada em uma

23 de abril

Em uma carta, escrita durante o tratamento contra a Covid-19 no Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, no Complexo Penitenciário de Gericinó, Monique mudou sua versão do depoimento sobre a morte do filho, Henry. Em 29 páginas, ela descreve uma rotina de violências, humilhações e crises de ciúmes do namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), e afirma ter sido o parlamentar quem encontrou a criança com dificuldade para respirar, depois que, segundo ele, a criança havia caído da cama . Além de mudar a versão sobre a noite da morte do menino, ela ainda relata a relação com o namorado, contando episódios em que teria sido agredida , como numa tentativa de ser enforcada.

26 de abril

A defesa de Monique entregou na 16ª DP (Barra da TIjuca) a carta na qual relata uma nova versão dos acontecimentos que culminaram com a morte do filho, Henry. Em nota à imprensa, a defesa da professora ainda afirmou ter reforçado a necessidade de um novo interrogatório para Monique. Segundo a equipe de advogados, o inquérito que investiga a morte de Henry não poderia ser encerrado com "contradições internas".

O advogado Braz Sant’Anna, que atualmente representa o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), classificou como “peça de ficção” a carta escrita pela professora em que ela afirma ter sido orientada a mentir sobre a morte do filho.

3 de maio

Após oito semanas de investigações, o delegado que preside o inquérito, Henrique Damasceno, concluiu o inquérito que apura a morte do menino Henry Borel, de 4 anos. Segundo o documento, Monique Medeiros da Costa, a mãe do menino, e Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), foram indiciados pela crime de homicídio duplamente qualificado , por emprego de tortura e impossibilidade de defesa do menino

4 de maio

A Policia Civil concede entrevista coletiva sobre a conclusão do inquérito. O GLOBO teve acesso às 110 páginas do inquérito sobre o caso . Na ocasião, o delegado responsável pelo caso, Henrique Damasceno, disse, se referindo aos argumentos de inocência da mãe do menino, que "'a única pessoa calada foi o Henry" . "Ele pediu ajuda e não foi ajudado", declarou o delegado. O relatório foi encaminhado para o Ministério Público, que tem cinco dias para apresentar uma denúncia à Justiça. O pai do menino, Leniel Borel, disse em suas redes sociais: " Henry, hoje vimos a justiça começando a ser feita" .