Caso Henry: conheça a estratégia da defesa de Monique contra Dr. Jairinho

Novos advogados da professora afirmam que dinâmica do que aconteceu no dia da morte do menino foi 'diametralmente oposta ao que foi colocado'
Monique com o filho Henry Foto: Reprodução

RIO — A defesa de Monique Medeiros da Costa e Silva, garantindo a inocência da professora no inquérito que apura a morte de seu filho, Henry Borel Medeiros, de 4 anos, afirma que a dinâmica do que aconteceu no apartamento 203 do bloco I do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na madrugada de 8 de março, “foi diametralmente oposta ao que foi colocado”. Em depoimento prestado na 16ª DP (Barra da Tijuca), oito dias depois do ocorrido, ela corroborou as informações dadas pelo namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido) , de que o casal encontrou o menino no chão com mãos e pés gelados e olhos revirados e acreditavam que ele poderia ter caído da cama.

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De acordo com o advogado Hugo Novais, embora tenha sido alertada em tempo real pela babá Thayna de Oliveira Ferreira das agressões de Jairinho contra Henry, na tarde de 12 de fevereiro, ele afirma que “não havia nada de concreto que a fizesse tomar uma postura”. Na ocasião, a funcionária chegou a enviar vídeos e fotos do menino mancando e com hematomas nos braços e nas pernas. Em uma videochamada, a própria criança pediu que Monique fosse para casa, pois o tio estava “batendo” ou brigando”.

Laudo do Instituto Médico- Legal (IML) constatou muitas lesões espalhadas pelo corpo do menino, infiltrações hemorrágicas nas partes frontal, lateral e posterior da cabeça, contusões no rim, no pulmão e no fígado. A mãe afirmou acreditar que ele tenha caído da cama e batido a cabeça Foto: Reprodução / Instagram
Coletiva sobre a conclusão do inquérito sobre a morte do menino Henry Borel. Da esquerda para a direita estão: Marcos Kac (promotor do caso), o delegado Antenor Lopes (diretor da DGPC), Henrique Damasceno (delegado titular da 16ª DP), Denise Rivera (perita criminal) e Ana Paula Medeiros (delegada-adjunta da16ª DP) Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
O delegado titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), Henrique Damasceno, deu uma entrevista coletiva sobre a conclusão do inquérito que apurou a morte de Henry. "A única pessoa calada foi o Henry. Ele pediu ajuda e não foi ajudado", disse o investigador Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Monique Medeiros, mãe do menino Henry, exibe a tatuagem feita para esconder uma homenagem ao ex-marido nas redes sociais. O desenho foi feito no dia em que Monique pediu que Jairinho "pagasse suas coisas" para não prejudicá-lo Foto: Reprodução
Os avós de Henry com o menino ainda bebê. 'Me sinto muito culpada', disse mãe do menino ao pai uma semana após morte. Conversa com o avô da criança faz parte do conteúdo recuperado pela polícia no celular de Monique: 'Tudo foram escolhas minhas', disse ela em outro trecho Foto: Reprodução
Henry em sua última festa de aniversário: pai compartilhou foto nas redes sociais no dia em que o menino faria 5 anos Foto: Arquivo pessoal
Monique revela 'humilhações e agressões' em carta sobre a relação com Jairinho. Carta foi escrita na última sexta-feira (23), no Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, no Complexo Penitenciário de Gericinó, onde recebe tratamento contra a Covid-19. A professora descreve uma rotina de violências, humilhações e crises de ciúmes do namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido) Foto: Reprodução
Dr. Jairinho e Monique Medeiros, em fotos feitas no ingresso do casal no sistema penitenciário Foto: Reprodução / Agência O Globo
Vereador Dr. Jairinho, preso, ao lado de diretor de presídio. Na imagem ele come um sanduíche que o diretor entregou para ele Foto: Reprodução
O advogado André Françao, que representava Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, Barreto renunciou à defesa do vereador no caso Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Doutor Jairinho durante discurso na Câmara de vereadores, onde os sete membros do Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores decidiram, por unanimidade, abrir o processo de cassação do mandato do vereador Foto: Renan Olaz / Agência O Globo
Dr. Jairinho foi preso junto com Monique, mãe do menino Henry, por tentar interferir na investigação do caso. Segundo a polícia, o casal será indiciado por tortura e homicídio duplamente qualificado, além de poder perder o mandato na Câmara dos Vereadores do Rio Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Monique Medeiros, mãe do menino Hnery cumpre prisão preventiva e será indiciada por tortura e homicídio duplamente qualificado Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Peritos chegam ao edifício Majestic para fazer a reconstituição da morte do menino Henry Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Câmera encontrada por policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) no quarto de Henry. Anotação recuperada em celular de Monique Medeiros da Costa e Silva expõe sua vontade de instalação do equipamento dentro de imóvel no Majestic Foto: Reprodução
Edifício Majestic, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde o menino Henry vivia com a mãe e o padrasto Foto: Reprodução / TV Globo
Henry no colo da mãe enquanto Dr. Jairinho faz um carinho nele Foto: Reprodução
A mãe de Henry, Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador Dr. Jairinho, chegam à 16ª DP (Barra) para ser ouvidos como testemunhas Foto: Reprodução / TV Globo / Agência O Globo
Polícia cumpre mandado na casa da família de Monique, em Bangu, Zona Oeste do Rio Foto: Fabiano Rocha em 26/03/2021 / Agência O Globo
Leniel Borel de Almeida em entrevista ao Fantástico: 'Acordo de manhã chorando. Tem que ter muita força, cara. E o que eu sei é que esse menino não pode ter morrido em vão' Foto: Reprodução / TV Globo
Dr. Jairinho na Câmara dos Vereadores do Rio. Ele era padrasto de Henry Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo - 23/05/2019
Henry Borel Medeiros tinha 4 anos quando morreu na madrugada do dia 8 de março em condomínio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde morava com a mãe e o padrasto. A causa da morte, segundo laudo do IML, foi "hemorragia interna causada pelo rompimento do fígado" Foto: Reprodução / Instagram
O pai de Henry, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, que é separado da mãe do menino, tem publicado fotos e mensagens para o menino. Ela diz ainda esperar respostas Foto: Reprodução / Instagram
Em trocas de mensagens entre o pai e a mãe, Monique Medeiros, foi revelado que Henry não gostava de voltar para a casa, onde vivia com Monique Medeiros e o padrastro, o vereador Dr. Jairinho Foto: Reprodução / Instagram
Monique com o filho Henry Foto: Reprodução TV Globo

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- Quando pegamos o caso, fizemos uma análise e chegamos à conclusão de que a única possibilidade de obter êxito era se a Monique falasse a verdade. É um caso que considerávamos difícil e injusto porque, para a defesa, a Monique é inocente. Ela chegou a desconfiar de agressões de Dr. Jairinho contra o filho, mas nunca havia flagrado nada. As questões foram muito espaçadas e não havia nada de concreto que a fizesse tomar uma postura. Devemos revelar o que aconteceu no apartamento quando encontraram Henry caído. A dinâmica foi diametralmente oposta ao que foi colocado - afirmou Hugo Novais, em entrevista ao GLOBO.

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O advogado cita a necessidade de Monique ser ouvida novamente na delegacia, como ocorreu com a babá, a empregada da família e com Debora Mello Saraiva, uma ex-namorada de Jairinho. As três acrescentaram e retificaram informações aos depoimentos prestados anteriormente:

- Tanto a babá quanto a ex-namorada afirmaram ter medo dele. Será que a única pessoa que não teve o depoimento influenciado por Jairinho foi Monique? É uma questão de raciocínio.

Na primeira versão apresentada ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, a professora disse ter dado banho no filho por volta de 20h do dia 7 de março, e depois o colocado na cama de casal para dormir. Monique e Jairinho teriam ficado na sala, assistindo televisão. Até 1h50m, Henry teria levantado três vezes, sendo levado de volta ao quarto pela mãe. Ela relatou que foi para o quarto de hóspedes com o namorado de modo a continuar vendo uma série sem que o barulho incomodasse o filho. Logo após, Jairinho teria adormecido.

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Por volta de 3h30, Monique disse ter levantado e chamado o vereador, que foi ao banheiro. Ao voltar ao quarto do casal, ela diz ter encontrado Henry caído no chão, com mãos e pés gelados, olhos revirados e sem responder ao seu chamado. Ela disse ter gritado por Jairinho, que foi imediatamente ao cômodo. Eles teriam se arrumado rapidamente e se dirigido para o Hospital Barra D’Or. No caminho, a professora diz ter feito uma respiração boca a boca na criança, depois de orientação do parlamentar. Ao chegar na unidade de saúde, ela contou ter gritado pedindo ajuda, tendo recebido atendimento de várias pessoas imediatamente.

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Questionada se havia lido o laudo com a causa da morte de Henry, Monique afirmou acreditar que ele possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão. O laudo de perícia concluído por profissionais do Instituto Médico Legal e do Instituto Carlos Éboli afirma que o menino morreu entre 11h30 e 3h30, e que o casal saiu de casa somente às 4h09 para leva-lo ao Barra D’Or. As lesões descritas nos exames de necropsia apontam hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente, além de equimoses, hematomas, edemas e contusões não compatíveis com um acidente doméstico.