Rio

Caso Henry: 'Peça de ficção', diz advogado de Jairinho sobre carta de Monique

Em documento de 29 páginas escrito a mão, a professora revelou agressões, humilhações e crises de ciúmes por parte de vereador
Trecho da carta de Monique Medeiros Foto: Reprodução
Trecho da carta de Monique Medeiros Foto: Reprodução

RIO — O advogado Braz Sant’Anna, que atualmente representa o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), classificou como “peça de ficção” a carta de 29 páginas escrita pela professora Monique Medeiros da Costa e Silva em que ela afirma ter sido orientada a mentir sobre a morte do filho, Henry Borel Medeiros, na madrugada de 8 de março.

No documento, divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo, ela também revela uma rotina de agressões, humilhações e crises de ciúmes por parte parlamentar. O casal está preso temporariamente desde 8 de abril e é investigado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, com emprego de tortura e impossibilidade de defesa do menino.

Leia aqui a íntegra da carta de Monique

— A carta da Monique é uma peça de ficção, que não encontra apoio algum nos elementos de prova carreados aos autos. Não há realidade no relato dela — afirmou o defensor, em entrevista a O GLOBO.

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Braz assumiu a defesa de Jairinho no último dia 19, depois de o advogado André França Barreto deixar o caso alegando querer evitar “conflito de interesse”. Ele representava o casal desde o primeiro depoimento que prestaram, em 18 de março, mas Monique contratou o escritório de Thiago Minagé, Hugo Novais e Thaise Assad quatro dias após a prisão. A equipe entregou uma procuração assinada pela moça dando poderes a eles e pleitearam ao delegado Henrique Damasceno que a professora fosse novamente ouvida na 16ª DP (Barra da Tijuca).

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Na carta, escrita na última sexta-feira, no Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, no Complexo Penitenciário de Gericinó, onde recebe tratamento contra a Covid-19, Monique mudou sua versão do depoimento sobre a morte do Henry. Nos escritos, ela afirma ter sido o parlamentar quem encontrou a criança com dificuldade para respirar, depois que, segundo ele, Henry havia caído da cama.

Monique diz ter sido orientada a mentir sobre a morte do filho. Ela escreveu que, por volta de 1h30m de 8 de março, Jairinho lhe deu dois remédios e ela logo adormeceu. Horas depois, ele a acordou dizendo que ouviu um barulho e, ao chegar no quarto, Henry havia caído da cama. Ela diz ter acredito que a criança estava desmaiada.

“Na emergência do hospital, foram os minutos, segundos e horas mais desesperadoras que eu já pude vivenciar na vida. Eu orava, ajoelhava, implorava”, finalizou Monique sobre o momento em que esteve no Barra D’Or, para onde ela e Jairinho socorreram Henry. De acordo com os depoimentos prestados por médicas na unidade hospitalar, o menino já chegou morto ao local.