Rio

Disque-praia: Vendedores de mate, esfirra e açaí garantem o sustento fazendo delivery

Ambulantes comemoram retomada das vendas em meio à pandemia

Vai uma prainha aí? Simone Ferreira embala copos de açaí para viagem
Foto:
Arquivo pessoal
Vai uma prainha aí? Simone Ferreira embala copos de açaí para viagem Foto: Arquivo pessoal

RIO - Se o cliente não pode ir até a praia , a praia vai até o cliente. Sem ter como trabalhar desde o início da quarentena, em 16 de março, ambulantes que vendiam iguarias como esfirra , mate e açaí nas areias da Zona Sul deram um jeito de garantir o próprio sustento: passaram a oferecer os produtos em sistema de delivery e, de quebra, a alegrar a vida de fregueses que, isolados, estavam com crise de abstinência de sal e sol.

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É gente como a arquiteta Marcelle Peixoto, que costumava ir à Praia do Leblon todos os fins de semana, salvo os de frio e chuva. E bater ponto no Posto 12 significava comer o açaí de Simone Ferreira, que há mais de seis anos vende opções com a fruta na orla do bairro.

— Comprei logo nove copos. O açaí dela tem um sabor mais puro, não é muito doce e eu conheço a procedência, sei que a preocupação com higiene é grande. Eu me sinto bem por poder ajudá-la num momento difícil como este — afirma Marcelle.

Na Praia do Leblon, Simone, o marido e dois sobrinhos formavam o time Rio Açaí e costumavam vender cerca de 150 copos por dia. A demanda no delivery ainda está surgindo: a média diária tem sido de dez unidades. Cada copo de 700ml de açaí natural, batido com banana ou com morango, sai a R$ 19; e o de 400 ml, a R$ 12. O cliente pode escolher opcionais como leite em pó, granola e paçoca, pagando a partir de R$ 0,50 a mais. As encomendas podem ser feitas pelo telefone 97679-1293, e a entrega é feita em toda a Zona Sul.

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— Outro dia fui fazer uma entrega no Leblon, vi a orla vazia e senti muita tristeza. Não sei como vai ser daqui para a frente. Dá uma sensação de impotência. Para quem tem a praia como ganha-pão, esta situação é um labirinto sem saída — diz Simone.


Tradição delivery. Moisés entrega seu famoso mate em toda a Zona Sul
Foto: Divulgação
Tradição delivery. Moisés entrega seu famoso mate em toda a Zona Sul Foto: Divulgação

O sentimento é compartilhado pelo vendedor de mate Moisés Barbosa, que há quase 30 anos obtém o sustento da família nas areias da Praia do Leme. Por sugestão do desenvolvedor de novos negócios Marcel Mouta, um cliente antigo, ele passou a fazer delivery da bebida nos sabores limão, maracujá e natural sem açúcar, por R$ 7, a garrafa de 400ml, e R$ 14, a de um litro. A entrega é feita aos domingos, também em toda a Zona Sul (pedidos pelo telefone 98334-7001).

— Fiquei sem chão com a quarentena. Sou autônomo e preciso pagar minhas contas. A ideia do delivery foi uma luz na minha vida — afirma Barbosa.

Para Mouta, morador do bairro e criador do perfil @praiadolemeoficial no Instagram, “a maior satisfação é vê-lo se reconstruir num momento de tanta indecisão”:

— Sei o quanto ele gosta de trabalhar e farei o que estiver ao meu alcance para ajudá-lo.


Fofinhas. As esfirras de Alexandre da Silva fazem sucesso há quase 20 anos na Praia do Leme
Foto: Divulgação
Fofinhas. As esfirras de Alexandre da Silva fazem sucesso há quase 20 anos na Praia do Leme Foto: Divulgação

Outro com “escritório” na Praia do Leme que está fazendo delivery é o vendedor de esfirras Alexandre da Silva. A unidade sai a R$ 5, nos sabores carne, queijo, frango, espinafre com queijo e calabresa com queijo. Moradores de toda a Zona Sul podem fazer encomendas pelo telefone 99666-5379.

— Quando veio a quarentena, bateu aquela preocupação. Mas renegociei as dívidas e estou confiante de que vai dar tudo certo — diz Silva.