Rio

Dr. Jairinho pede absolvição à Câmara; 'Um pai carinhoso, que não teve espaço para defesa'

Defesa do vereador pede para que ele não tenha o mandato cassado. Votação final deve ser realizada na próxima quarta-feira
Doutor Jairinho durante discurso na Câmara de vereadores Foto: Renan Olaz / Agência O Globo
Doutor Jairinho durante discurso na Câmara de vereadores Foto: Renan Olaz / Agência O Globo

RIO - A defesa do vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), encaminhou ao Conselho de Ética e Decoro da Câmara dos Vereadores do Rio o relatório que pede a sua absolvição no processo que pode levar à cassação do mandato. A votação que pode acarretar o afastamento definitivo de Jairinho deve acontecer na próxima quarta-feira (30). O político está preso sob a acusação da morte do enteado, Henry Borel, de 4 anos, em março.

Em 38 páginas, os advogados do parlamentar argumentam que Jairinho sempre foi um "pai carinhoso, presente, amado pelos filhos, quiçá por Henry. Além de ser uma pessoas que conquistou uma legião de amigos e admiradores na Câmara". O documento ressalta que Jairinho não teve espaço para o contraditório e afirma que o vereador é vítima de "uma farsa".

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Para que a votação final aconteça, o Conselho de Ética precisará aprovar o parecer do relator do caso, o vereador Luiz Ramos Filho (PMN), que se manifestou pela perda do mandato de Jairinho . Esta análise será realizada na segunda (28). Nos bastidores da Câmara, as chances de Jairinho escapar da cassação são consideradas nulas.

Para que o relatório oferecido ao Conselho de Ética seja aceito, será necessário o aceite de quatro dos sete membros, na próxima segunda. Jairinho perderá o mandato se dois terços do plenário da Câmara (ou seja: 34 vereadores) votarem pela sua cassação.

No relatório entregue aos membros do Conselho de Ética foram citados o homicídio triplamente qualificado de Henry Borel Medeiros , de 4 anos, na madrugada de 8 de março, tortura e agressões contra o menino, além de tentativa de tráfico de influência e uso político em causa própria. Jairinho e a namorada, Monique Medeiros da Costa e Silva de Almeida , estão presos desde 8 de abril.

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O documento afirma que a acusação de quebra de decoro parlamentar está embasada nas “robustas evidências de envolvimento” de Jairinho “no crime que vitimou o menor”, nos depoimentos de testemunhas e dos envolvidos ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), na perícia técnica e na conclusão do inquérito.

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“Não restam dúvidas de que Henry foi vítima de homicídio duplamente qualificado, por emprego de tortura e meio que impossibilitou a defesa da vítima, quando estava apenas na companhia de Monique e Jairo. Também não restam dúvidas que Jairinho agredia Henry. A própria extensão das lesões, em sua gravidade e quantidade, demonstra ação brutal contra a criança, culminando com a morte dela, antes da chegada ao hospital”, diz o trecho do inquérito policial, reproduzido no relatório.

Na mira do Cremerj

Além de ver o processo que pode levar à sua cassação agilizado, Jairinho é alvo de outro processo. O Conselho Pleno do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremer) decidiu pela abertura de um processo ético contra o vereador , que pode culminar na perda definitiva do seu direito ao exercício da medicina. Ainda não há previsão para este julgamento. No entanto, o vereador já está impedido de preventivamente de exercer a profissão.

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O registro dele foi cassado cautelarmente com o objetivo de impedi-lo de realizar atendimentos médicos enquanto estiver preso, por exemplo. Formado em medicina no ano de 2004, Jairinho nunca exerceu a profissão.