Rio Carnaval 2017

Liesa confirma divisão do título do carnaval entre Mocidade e Portela

Sete escolas votaram pela divisão, cinco se abstiveram e uma foi contra
Componente da Mocidade Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
Componente da Mocidade Foto: Márcio Alves / Agência O Globo

RIO - Em reunião na noite desta quarta-feira, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) decidiu que Mocidade Independente de Padre Miguel e Portela dividirão o título do carnaval deste ano. Entre as agremiações, sete votaram pelo título compartilhado, cinco se abstiveram e apenas uma escola se opôs à medida. A Mocidade solicitou a divisão do campeonato em virtude de um suposto erro de um dos jurados.

Os votos a favor foram: Vila Isabel, Grande Rio, União da Ilha, Paraíso do Tuiuti, Mangueira, São Clemente e Mocidade. Não quiseram votar: Imperatriz Leopoldinense, Beija-Flor de Nilópolis, Unidos da Tijuca e Salgueiro. A Portela foi a única que votou contra.

Participaram do encontro figuras como o patrono da Mocidade, Rogério Andrade, e o presidente de honra da Beija-Flor, Anísio Abraão David, além do ex-presidente da Liesa Capitão Guimarães. A reunião aconteceu na sede da Liga, na Avenida Rio Branco, no Centro do Rio.

Em frente ao prédio, um grupo de cerca de 30 torcedores da Mocidade aguardava com ansiedade o veredicto. O grupo chegou ao local por volta das 18h e estendeu um bandeirão de sete metros quadrados na calçada. Uns tentavam aplacar a ansiedade puxando o samba-enredo da agremiação, enquanto outros bebiam caipirinha para desestressar.

— O clima é de otimismo. A Mocidade fez o trabalho dela e nós queremos sair daqui com o nosso título — disse Leonardo Novais, da torcida Independentes Mocidade, ainda antes do resultado da reunião.

MATERIAL DESATUALIZADO

O impasse em torno do resultado do carnaval teve início quando, no último dia 23, a Mocidade solicitou a divisão do título para, segundo a escola de Padre Miguel, tentar solucionar o erro de um jurado. Para a agremiação, que havia ficado com o vice-campeonato, a nota do julgador Valmir Aleixo foi injusta e impediu que ela vencesse a disputa. Aleixo teria feito o julgamento do abre-alas se baseando nas informações da primeira edição do roteiro do desfile , em que haveria a participação de um destaque num determinado trecho da apresentação. Mas, numa segunda edição do material, que não foi recebida por Aleixo, houve a retirada do destaque do enredo.

O resultado foi que Aleixo subtraiu um décimo em sua nota, sob o argumento de que a Mocidade “não apresentou o destaque de chão" (...)“o Esplendor dos Sete Mares, que executa função narrativa dentro do enredo, comprometendo assim sua leitura", justificou o jurado. A própria Liesa reconheceu que esse destaque só existiu na primeira versão do abre-alas, em que ficam registrados todas as fantasias e as alegorias da escola. Portanto, teria havido uma falha na distribuição do roteiro do desfile que ajuda o júri a acompanhar o espetáculo e a votar de acordo com as regras da Liesa.

'MIL E UMA NOITES'

A Mocidade levou à Marquês de Sapucaí o enredo “As mil e uma noites de uma ‘Mocidade’ pra lá de Marrakesh". O desfile foi uma homenagem ao Marrocos e conquistou o vice-campeonato com um total de 269,8 pontos. A agremiação ficou apenas um décimo atrás da campeã, Portela, que somou 269,9. Um dos momentos mais elogiados da apresentação foi uma cena de ilusionismo em que um destaque, fantasiado de Aladim, supostamente voou sobre a Sapucaí. Na verdade, o componente foi substituído por uma réplica em madeira que foi transportada por um aeromodelo.

Se o julgador Valmir Aleixo tivesse dado nota 10 para a Mocidade, ela empataria com a escola de Madureira. No desempate, seria a campeã do carnaval pelo quesito comissão de frente, em que a Portela perdeu um décimo, somando 29,9 pontos. Nesse quesito de desempate, a escola de Padre Miguel teve nota máxima: 30 pontos.