Rio

Memorial às Vítimas do Holocausto será aberto em setembro com exposição permanente no subsolo

Monumento terá um museu que contará a história da perseguição aos judeus
Obelisco do memorial tem lacuna que representa os mortos pelos nazistas nos campos de concentração Foto: Guito Moreto
Obelisco do memorial tem lacuna que representa os mortos pelos nazistas nos campos de concentração Foto: Guito Moreto

RIO — Considerado o maior crime contra a Humanidade da História moderna, o genocídio contra 11 milhões de pessoas — sendo 6 milhões de judeus — perpetrado pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, será lembrado nesta quarta-feira (27) com o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto. Por conta da data criada pela ONU em 2005, o GLOBO registrou, pela primeira vez, os detalhes do espaço ainda em obras do Memorial às Vítimas do Holocausto, construído no Parque Yitzhak Rabin, no Mirante do Pasmado, em Botafogo. O monumento e museu que, mesmo que inaugurado simbolicamente pelo então prefeito Marcelo Crivella em dezembro do ano passado, só estarão abertos ao público em setembro.

Logo na entrada do espaço de 1.624 metros quadrados, vê-se um obelisco com cerca de 20 metros. Formado por mensagens positivas sobre a vida, ele sugere estar sem um pedaço perto da sua base. A lacuna representa os mortos nos campos de concentração construídos pelos nazistas para o extermínio daqueles que o regime considerava "inimigos do estado": homossexuais, negros, poloneses, ciganos, comunistas, pessoas com deficiência, Testemunhas de Jeová e judeus.

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— A gente dialoga muito com essa proposta da ausência das pessoas, dessas culturas e dessas histórias. A proposta é uma abordagem mais globalizante sobre o holocausto, pois entendemos que este não é um evento restrito à História judaica, pois afetou toda a Humanidade. Nós queremos mostrar como é que pôde existir um processo que levou seres humanos a tentar exterminar outros seres humanos — disse o coordenador da curadoria do memorial, Alfredo Tolmasquin.

Vereadora Teresa Bergher, presidente da associação Alberto Klein e a curadora Sofia Débora Levy no suboslo do monumento, que terá uma exposição permanente Foto: Guito Moreto
Vereadora Teresa Bergher, presidente da associação Alberto Klein e a curadora Sofia Débora Levy no suboslo do monumento, que terá uma exposição permanente Foto: Guito Moreto

A varanda do espaço vai abrigar exposições temporárias sobre arte relativa ao holocausto e a outros grandes momentos de genocídio da história recente, além de palestras, filmes e atividades e educacionais.

Já no subsolo, que tem as paredes vazadas, haverá um museu com uma exposição permanente que será baseada em três momentos: antes do holocausto, sobre a vida as pessoas antes de elas serem levadas aos campos de concentração; durante, sobre a ascensão do nazismo e o envolvimento da população com a perseguição e formas de resistência e resiliência; e o depois, sobre a dificuldade daqueles que foram libertos dos campos no fim da guerra e que ficaram sem nada. Alunos e professores da rede municipal terão acesso e cursos gratuitos no local.

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— Nós gostamos de dizer que nós não trabalhamos com a história de 6 milhões, mas sim com 6 milhões de histórias. Cada um é um potencial que foi perdido nessa grande chacina. Mas o memorial, além de ser um espaço de memória, será, principalmente, um espaço educativo. Não será para ir e chorar, mas para ir, aprender e pensar sobre que amanhã ou que sociedade nós queremos — disse Tolmasquin.

O projeto, que custou um pouco mais de R$ 15 milhões, foi financiado pela iniciativa privada e terá a museografia realizada pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). As obras começaram em fevereiro de 2019, após a escolha do projeto em 2018, por meio de concurso público nacional promovido pela prefeitura e pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil. Antes, o monumento havia sido sugerido pelo então deputado estadual Gérson Bergher, morto em 2016, que brigou pela construção do espaço por 20 anos. Quem deu prosseguimento à obra foi a vereadora Teresa Bergher (Cidadania), presidente de honra da associação que foi casada com o deputado por 33 anos.

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— Acima de tudo, nós vamos lembrar e preservar o combate ao ódio e à intolerância, que é o princípio básico dos que preservam o estado de direito e da democracia. Aqui, serão discutidos temas que envolvem a prática dos direitos humanos e de intolerância, procurando levar para a sociedade uma forma de combate a este comportamento humano. Nós teremos uma comissão composta por representantes de todos os seguimentos que foram perseguidos pelo nazismo — disse Teresa, que também é a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal.