RIO - A Mocidade Independente de Padre Miguel rebateu as declarações do jurado de enredo Valmir Aleixo de que a escola não teria enviado uma errata avisando sobre a atualização de seu roteiro de desfile . Em nota, a verde e branco afirma que entregou seu material oficial no prazo correto, com conhecimento da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) e do júri. Nesta segunda-feira, a polêmica se espalhou logo após a divulgação das justificativas das notas do carnaval 2017. Valmir tirou um décimo da agremiação, segundo ele, porque a Mocidade não teria apresentado o destaque de chão “O esplendor dos 7 mares”. Na versão atualizada do roteiro, no entanto, não se previa mais esse personagem no desfile.
“Se o jurado utilizou um roteiro que não era o oficial — a própria Liesa já informou que enviou o livro atualizado pela escola — o equívoco obviamente não é da Mocidade Independente de Padre Miguel. Não se trata de uma falha subjetiva, mas de um erro de procedimento do julgamento, e que precisa estar corretamente explicado às pessoas: a Mocidade entregou seu material oficial no prazo correto, mas foi julgada a partir de análise de um roteiro que havia sido previamente invalidado (com conhecimento da Liesa e do júri)”, afirmou a nota da Mocidade.
Com o 9,9 dado por Valmir, a escola acabou vice-campeã do carnaval. Caso tivesse recebido uma nota 10, terminaria empatada com a Portela, mas ficaria com o campeonato devido aos critérios de desempate.
“A própria Liesa, em comunicado oficial, sinaliza: ‘pode ter havido uma falha de comunicação ocasianando a avaliação, pelo julgador, através de sua versão inicial, deixando de considerar o livro impresso entregue pela Liesa no dia do desfile’. E complementa: ‘neste caso, analisando as justificativas do julgador Valmir Aleixo, depreende-se que o referido julgador utilizou a versão anterior, recebida no dia do curso de julgadores, com suas observações iniciais sobre o enredo de cada escola de samba’. Fica evidente, portanto, uma falha procedimental longe da alçada da Mocidade. O fato é que a Mocidade Independente de Padre Miguel foi prejudicada com a perda do seu campeonato por um problema do que não teve a menor culpa”, continua a nota.
Ontem, Valmir tinha dito ao GLOBO que é possível mudar o roteiro no dia do desfile, mas que é preciso apresentar uma errata. Segundo ele, essa mudança não teria sido apresentada pela escola. Na primeira versão do roteiro, o destaque de chão a que Valmir se referia seria a modelo Camila Silva. No fim de janeiro, no entanto, Camila foi designada para substituir a angolana Carmen Mouro como nova rainha de bateria. O roteiro, então, foi modificado, e divulgado antes das apresentações na Sapucaí, inclusive, no site da Liesa, com acesso ao público em geral.
No regulamento do carnaval deste ano, a Liesa recomenda que as escolas entregassem o roteiro de seus desfiles até o dia 10 de janeiro. A data limite, no entanto, não é apresentada como uma obrigatoriedade. O documento tampouco veda mudanças no passo a passo do desfile depois de sua entregue à Liesa.
CARNAVALESCO PUBLICA E-MAILS ENVIADOS À LIESA
No Facebook, o carnavalesco Alexandre Louzada publicou imagens do e-mail enviado pela escola à Liesa no dia 2 de fevereiro, informando mudanças em seu roteiro. A retirada da musa Camila Silva da frente da quarta alegoria é apenas uma das alterações. Há também mudanças em imagens de alegorias e de nomes de fantasias, além do nome do novo figurino de Camila, já no cargo de rainha.
Em outra postagem, Louzada publicou a resposta de um representante da Liesa, em 8 de fevereiro, afirmando que as alterações tinham sido realizadas.
A Mocidade Independente de Padre Miguel levou à Sapucaí o enredo “As mil e uma noites de uma ‘Mocidade’ pra lá de Marrakesh” e conquistou o vice-campeonato com um total de 269,8 pontos. A agremiação ficou apenas um décimo atrás da campeã, Portela, que somou 269,9.