Rio
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Por Geraldo Ribeiro e Pedro Araujo* — Rio de Janeiro


 À espera de ajuda. Uma pessoa tenta se proteger com um cobertor da noite fria numa calçada da Presidente Vargas: passagem de massa polar em pleno outono aumenta preocupação com população em situação vulnerável nas ruas do Rio — Foto: Roberto Moreyra
À espera de ajuda. Uma pessoa tenta se proteger com um cobertor da noite fria numa calçada da Presidente Vargas: passagem de massa polar em pleno outono aumenta preocupação com população em situação vulnerável nas ruas do Rio — Foto: Roberto Moreyra

O inverno nem começou oficialmente, mas a queda brusca nos termômetros já desencadeia uma onda de solidariedade. A chegada do frio à capital — segundo o Alerta Rio, a previsão de mínima para hoje era 11 graus, na madrugada mais fria do ano até agora — antecipa as campanhas de doações de agasalhos, meias e cobertores, além das ações de distribuição de sopa e chocolate quente para ajudar a aquecer quem vive nas ruas ou que se encontra em situação de vulnerabilidade.

A mudança de tempo foi provocada pela massa de ar polar trazida por uma frente fria. A mais baixa temperatura de 2022 no Rio até ontem foi registrada no Alto da Boa Vista: lá, os termômetros desceram a 13,2 graus. A queda brusca nos termômetros não se restringe ao Rio, mas a quase todas as regiões do país, sobretudo o Sul, após a passagem do ciclone Yakecan pela costa brasileira. Alertas de queda de temperatura são emitidos e renovados em várias cidades de hoje até o fim de semana.

— A temperatura continua amena nos próximos dias. Mas, com essa massa perdendo força, há previsão de subida gradativa da temperatura — explica Raquel Franco, meteorologista do Alerta Rio, que também chama a tenção para a previsão hoje de vento forte, acima de 76 km/h, além de chuva fraca e isolada a partir da noite.

A previsão preocupa quem não tem um teto para se proteger. Ontem, na Avenida Presidente Vargas, perto da Central, pessoas em situação de rua aguardavam alguma ajuda que aplacasse o frio. Dormindo em calçadas desde a pandemia, Ana (que prefere não divulgar o sobrenome) é deficiente visual e afirma que, com o clima gelado, sobreviver fica ainda mais difícil.

— Tem muita gente que ajuda como pode. A gente vai pegando agasalho, quentinha… Tem gente que oferece serviço, mas aí é aquilo, de 15 em 15 dias uma faxina. Tem muito preconceito, acham que só porque está na rua é envolvido com droga — contou ela, que ontem jantou uma quentinha entregue por uma igreja evangélica do Encantado.

Para atender a população em situação de rua nessas noites e madrugadas mais frias, associações civis, ONGs e poder público adiantam uma série de iniciativas. Além de começar hoje sua campanha do agasalho — um mês mais cedo — a Secretaria municipal de Assistência Social vai abrir 166 vagas de abrigo provisório, sendo 70 da sua rede. O restante será oferecida por parceiros, como a escola Império Serrano, que pelo segundo ano vai abrir sua quadra, em Madureira.

 À espera de ajuda. Uma pessoa tenta se proteger com um cobertor da noite fria numa calçada da Presidente Vargas: passagem de massa polar em pleno outono aumenta preocupação com população em situação vulnerável nas ruas do Rio — Foto: Roberto Moreyra
À espera de ajuda. Uma pessoa tenta se proteger com um cobertor da noite fria numa calçada da Presidente Vargas: passagem de massa polar em pleno outono aumenta preocupação com população em situação vulnerável nas ruas do Rio — Foto: Roberto Moreyra

E, desde anteontem, três pontos da rede da secretaria — dois Creas (Centros de Referência Especializados de Assistência Social) e um Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) — que abriam só no horário comercial funcionam 24 horas. Nesses locais, as pessoas recebem de água e alimentação a peças mais quentes. Elas ainda são encaminhadas para uma das 2.600 vagas em abrigos.

Com os termômetros despencando a pouco mais de um mês para o inverno, a Arquidiocese do Rio também correu e iniciou sua campanha para arrecadar casacos e cobertores. Um dos pontos de coleta e distribuição é a Catedral Metropolitana, no Centro.

Sofrimento nas ruas

Com três filhos, sendo um ainda no carrinho de bebê, Yasmim é uma das pessoas que ontem à noite, na Presidente Vargas, recorriam à doação de quentinhas. A jovem afirma que tem casa, mas que lá não há o que dar para as crianças comerem. Todas encaravam a noite gelada com a mãe.

— Nesse frio, fica muito difícil a rua. Mas a passagem está cara e não tem nem para onde a gente fugir — disse a jovem.

A família conseguiu comer graças ao taxista Márcio dos Anjos que, com a Igreja Evangélica de Todos os Povos, faz ações de doação há dois anos:

— A gente sempre pensa nos que no frio não têm nada, como um teto para se proteger.

Além de igrejas, ONGs estão mobilizadas. A Ores, da Ilha do Governador, vai distribuir a partir de amanhã 30 barracas desmontáveis, feitas de vinil, nas ruas do Rio. A organização, que há mais de quatro anos oferece banho social e corte de cabelo através de uma estrutura sobre chassis de automóvel e de um ônibus adaptado, distribuirá chocolate quente e agasalhos. Já o projeto Amor de Ruas iniciou a campanha de recolhimento de agasalhos e cobertores, entregues no Centro, Glória e Catete.

— Nos últimos dois anos, distribuímos em média 600 cobertores, fora os casacos. A gente deve ultrapassar esse número este ano, com previsão de frio mais rigoroso e por um tempo mais longo — contou Alexandre Marques Cabral, idealizador do projeto.

O foco do Voz das Comunidades, do Complexo do Alemão, são os bairros da Zona Norte, geralmente fora do roteiro de solidariedade. A campanha recolhe roupas de frio, meias, cobertores e luvas. A ONG A Nova Chance, por sua vez, pretende amenizar o frio nas calçadas com mantas térmicas de caixas de leite.

Enquanto isso, a Correntes pelo Bem, que oferece quentinhas, adaptou o cardápio para os dias mais frios. A distribuição, antes quinzenal, agora é semanal. Na noite de ontem, na Central do Brasil, o grupo entregou cerca de 500 refeições com angu, calabresa e rabada. Tem dia que há sopa também.

— No verão, a gente prepara um cardápio mais adequado, que inclui salpicão e frango com farofa. Agora no inverno a gente opta por refeições mais quentinhas como um angu, sopão ou uma feijoada— disse Rodrigo Freire, fundador da ONG.

Onde e como  doar

Secretaria Municipal de Assistência Social: Locais para doações de roupas e calçados de frio, mantas e cobertores, material de limpeza pessoal e de higiene 24 horas por dia:

  • Creas Maria Lina de Castro Lima — Rua São Salvador, 56, Flamengo
  • Creas Zilda Arns Neumann — Rua Cândido Magalhães, 88, Campo Grande
  • POP Bárbara Calazans — Rua República do Líbano, 54, Centro

ONG Ores: Doações em dinheiro (qualquer quantia): PIX (30511114000167).

Doações de roupas e calçados de frio, mantas e cobertores:

  • Ilha do Governador — Rua Beni,78, Praia da Bandeira
  • Largo da Carioca — no posto do Centro Presente
  • Mais informações no site

ONG A Nova Chance: Para doar caixinhas de leite vazias, que vão virar mantas térmicas, ligar para os seguintes números de telefone e whatsapp, conforme o bairro de retirada do material:

  • Copacabana: 96714-8663 (Juliana Telles)
  • Laranjeiras e Catete: 99969-1755 (Cláudia Poggio)
  • Madureira: 98135-6490 (Vera Quintanilha)

Corrente pelo Bem: Contribuições em dinheiro: PIX (corrente pelo [email protected]).

Doações de roupas de frio e cobertores :

Ipanema:

  • Rua Visconde de Pirajá 539
  • Avenida Vieira Souto em frente ao 472
  • Rua Gomes Carneiro 138, loja 5

Copacabana:

  • Avenida Nossa Senhora de Copacabana 581, térreo
  • Avenida Nossa Senhora de Copacabana 1.088

Leme:

  • Rua Gustavo Sampaio, 745

Tijuca:

  • Rua Conde de Bonfim 255, loja 113
  • Rua Conde de Bonfim 451

Jacarepaguá:

  • Avenida Geremário Dantas 991, Pechincha

Barra/Recreio:

  • Avenida Olegário Maciel 531, loja 106
  • Avenida das Américas 3.301, bloco 2, loja 1011
  • Avenida Lúcio Costa 4.500

Niterói:

  • Rua Gavião Peixoto, 69, Icaraí
  • Avenida Washington Luís 10

Catedral Metropolitana: Doações de roupas e agasalhos das 7h às 17h, na Catedral (Avenida Chile, 245, Centro) ou nas igrejas mais próximas

Exército da Salvação: Para a retirada de doações, ligar para o telefone 4003-2299

* Estagiário sob supervisão de Paolla Serra

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