Rio
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Por Rafael Nascimento de Souza e Paolla Serra — Rio de Janeiro

O delegado Leandro Gontijo de Siqueira Alves, titular da 16ª DP (Barra), deverá indiciar nos próximos dias o funcionário comissariado da Prefeitura do Rio Felipe Zelino Vitório Moitinho, de 30 anos, por homicídio culposo, enquanto dirigia veículo automotor sem prestação de socorro e falsidade ideológica pela morte do garçom Rhenê Rodrigues Martins, também de 30, no último dia 30 de julho. A vítima foi atropelada e morreu. Felipe fugiu e não prestou socorro. Após perceber que o veículo estava danificado, ele mentiu e registrou o acidente no Boletim de Registro de Acidente de Transito (Brat) como um atropelamento a um cavalo. Só hoje, após ser encontrado pelos agentes da 16ª DP, o homem foi à delegacia para prestar depoimento. Ele vai responder ao inquérito em liberdade.

Na tarde desta sexta-feira (26), a polícia encontrou a caminhonete que atropelou e matou o garçom Rhenê Rodrigues Martins. O carro foi achado em uma oficina em Campo Grande. As imagens mostram que o veículo sofreu avarias no capô e nos faróis, o que indica que poderia estar passando por reparos. Durante todo o dia, policiais realizaram buscas em oficinas e concessionárias da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

Encontrada caminhonete que atropelou e matou garçom na pista do BRT  — Foto: Divulgação
Encontrada caminhonete que atropelou e matou garçom na pista do BRT — Foto: Divulgação

Felipe Zelino, como gosta de ser chamado, é servidor comissionado da prefeitura do Rio e trabalha na Subprefeitura de Jacarepaguá, que alugou o veículo em que ele estava. O órgão informou que ele pediu exoneração do cargo nesta sexta-feira.

O acidente aconteceu na pista do BRT, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. No momento do atropelamento, Felipe conduzia uma caminhonete do município. Questionada, a subprefeita de Subprefeitura de Jacarepaguá, Tálita Galhardo, não informou se o acusado estava trabalhando no momento do atropelamento e se ele tinha permissão para andar com o veículo.

Giroflex do automóvel que Felipe Zelino dirigia na noite do atropelamento — Foto: Reprodução
Giroflex do automóvel que Felipe Zelino dirigia na noite do atropelamento — Foto: Reprodução

Muito ferido após sofrer o impacto, Rhenê foi levado por uma ambulância do Corpo de Bombeiros para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra, onde deu entrada já em óbito. Felipe Zelino fugiu do local do acidente e não parou a picape para prestar socorro. De acordo com o delegado Leandro Gontijo, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), a identificação do motorista foi possível a partir do trabalho de inteligência realizado pelos agentes, que cruzaram bancos de dados oficiais e solicitaram informações a diversos órgãos públicos.

Nesta sexta, em seu depoimento na delegacia, Zelino afirmou que achou ter atingido um objeto de uma pessoa naquela noite.

"O declarante conduzia o veículo envolvido no acidente ora investigado, pela pista do BRT, em direção ao bairro do Itanhangá, quando ao atravessar o semáforo situado pouco antes da estação Bosque Marapendi, sentido Zona Sul, sentiu um impacto vindo da lateral esquerda, e não viu o que tinha atingindo, mas parou em seguida, e ao olhar pelo retrovisor, percebeu que havia uma pessoa de pé, na calçada, e acreditou ter atingido algum objeto que tal pessoa carregava, e como nada percebeu, seguiu viagem (...) e justificou o acidente, junto à locadora, dizendo que teria atropelado um cavalo, informação esta que estava no BRAT (Boletim de Registro de Acidente de Transito) online, pelo sítio da PMERJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro), apresentado na locadora", disse Zelino em seu depoimento.

Ainda em seu termo declaratório, o assessor justificou que tinha autorização para andar na calha do BRT por ser um veículo especial. Mas como o carro ainda não estava cadastrado no sistema da prefeitura, a placa foi retirada para evitar ser multado pelos pardais. No entanto, ele disse não ter certeza sobre quem retirou a identificação obrigatória, pois pode ter sido o próprio ou um colega que também utilizava a caminhonete.

Felipe Zelino ainda citou durante seu depoimento outro atropelamento próximo ao local. Na mesma noite, a moto pilotada pelo modelo Bruno Fernandes Moreira Krupp, de 25 anos, atropelou e matou o estudante João Gabriel Cardim Guimarães, de 16.

"Chegou a ver a reportagem do atropelamento do estudante João Gabriel na orla da praia, e se tranquilizou após saber o local e por quem havia sido atingido, mas ontem, após a visita de nossa equipe (Polícia Civil), e reportagem sobre o atropelamento ocorrido na estação Bosque de Marapendi (...) que, após o acidente, ao estacionar o veículo na esquina perto de sua casa, não movimentou mais o veículo até levá-lo para a locadora; que, perguntado qual o seu horário de trabalho, já que o acidente foi num sábado à noite, e o veículo de trabalho ficou estacionado até a quinta-feira seguinte, o declarante respondeu que trabalha conforme a demanda, a qualquer dia da semana ou horário, sem qualquer monitoramento externo, exceto o da própria subprefeita", diz outro trecho do depoimento.

Felipe Zelino Vitório Moitinho, funcionário da Prefeitura do Rio, dirigia o carro que atropelou Rhenê Rodrigues Martins — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Felipe Zelino Vitório Moitinho, funcionário da Prefeitura do Rio, dirigia o carro que atropelou Rhenê Rodrigues Martins — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

Ainda segundo Zelino, o giroflex usado no carro é seu. O equipamento apreendido pela Polícia Civil era usado pelo motorista "para dar oficialidade ao uso da viatura em vias exclusivas, como a do BRT". Ele afirma que informou à Talita Galhardo, subprefeita de Jacarepaguá, sobre o acidente, mas não entrou em detalhes sobre o ocorrido. Galhardo foi procurada, entretanto, não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Questionada sobre qual função Felipe exercia na prefeitura, bem como se ele tinha autorização para dirigir o veículo com giroflex, a subprefeitura de Jacarepaguá respondeu com a mesma nota que havia divulgado no início da tarde desta sexta-feira (26). O órgão também não informou se será aberto um processo administrativo para o funcionário ressarcir os danos ao carro.

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