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Por Paolla Serra — Rio de Janeiro

O modelo Bruno Fernandes Moreira Krupp, de 25 anos, foi preso preventivamente pelo atropelamento que matou o estudante João Gabriel Cardim Guimarães, na manhã desta quarta-feira, dia 3. O rapaz foi surpreendido por policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca), em um hospital particular onde está internado no Méier, na Zona Norte do Rio. Na decisão que decretou a medida, a juíza Maria Isabel Pena Pieranti, do plantão judicial do Tribunal de Justiça do Rio, afirma que o ele “não é um novato nas sendas do crime” e que sua liberdade “comprometeria a ordem pública, sendo a sua constrição imprescindível para evitar o cometimento de crimes de idêntica natureza, podendo-se dizer que a medida visa também resguardar a sociedade de condutas que ele possa vir a praticar”. O despacho ainda menciona que o modelo já foi parado por agentes da Lei Seca três dias antes do acidente, mas a blitz acabou por não ter o efeito didático.

A viatura da 16ª DP, que investiga o caso, na porta de hospital onde o modelo Bruno Krupp está internado — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
A viatura da 16ª DP, que investiga o caso, na porta de hospital onde o modelo Bruno Krupp está internado — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

No pedido de prisão, o delegado Aloysio Berardo Falcão de Paula Lopes, adjunto da 16ª DP (Barra da Tijuca), afirma que o Relatório de Vida Pregressa do modelo demonstra outras passagens policiais por estupro e estelionato, “razão pela qual se faz necessária sua segregação cautelar, por meio de expedição de mando de prisão preventiva, visando garantir a ordem”. Bruno era investigado por lesão corporal culposa provocada por atropelamento e falta de habilitação e proibição de dirigir veículo automotor, mas o registro da 16ª DP (Barra da Tijuca) foi aditado para homicídio doloso, uma vez que a vítima morreu após dar entrada no Hospital Municipal Lourenço Jorge.

“(…) tenho que a liberdade do Indiciado compromete sobremaneira a ordem pública, sendo a sua constrição imprescindível para evitar o cometimento de crimes de idêntica natureza, podendo-se dizer que a medida ora decretada visa, também, resguardar a sociedade de condutas outras análogas que o Representado possa vir a praticar. A situação por ele vivida três dias antes, ao ser parado em uma blitz, não foi suficiente para alertar-lhe dos riscos de direção perigosa e em contrariedade ao que dispõe a lei e o bom-senso. Em outras palavras: não foi o bastante que tivesse sido parado pelos agentes da Lei Seca. Ser pego na situação já descrita não teve qualquer efeito didático. Ao contrário, adotou conduta mais ainda letal, acabando por tirar a vida de um jovem que estava acompanhado de sua mãe, ressaltando-se que Bruno não é um novato nas sendas do crime”, escreveu a juíza.

Moto do modelo Bruno Krupp, envolvida no acidente que matou o estudante João Gabriel Cardim Guimarães — Foto: Rprodução/Alba Valéria Mendonça/G1
Moto do modelo Bruno Krupp, envolvida no acidente que matou o estudante João Gabriel Cardim Guimarães — Foto: Rprodução/Alba Valéria Mendonça/G1

De acordo com as investigações da 16ª DP, câmeras de segurança de um quiosque na altura do Posto 3 registraram o momento em que o modelo, que não era habilitado, passa em alta velocidade em uma moto sem placas. As imagens mostram frequentadores do estabelecimento se assustando com a batida. De acordo com o Corpo de Bombeiros, profissionais do quartel da Barra foram acionados às 22h55, assim como policiais militares do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes). Ao chegarem no local, em frente ao número 2.016 da Avenida Lúcio Costa, constataram que João Gabriel teve a perna esquerda amputada em consequência do acidente. Já Bruno Krupp sofreu escoriações e ambos foram encaminhados, em ambulâncias, para o Lourenço Jorge.

Uma das testemunhas afirmou, em depoimento prestado na delegacia, que "foi surpreendido por uma motocicleta trafegando entre os carros, em alta velocidade e fazendo barulhos com o acelerador”. Segundo trecho do termo de declaração, "o declarante afirma certamente que o motociclista estava pilotando a pelo menos mais de 150 km/h na avenida”.

Segundo o depoimento prestado na delegacia por um dos PMs, o modelo não possui Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o local do acidente não foi preservado. A moto que ele dirigia foi apreendida e levada a delegacia. A mãe da vítima, que prestou assistência do filho na unidade de saúde, foi arrolada como testemunha do caso.

Horas após o acidente, o delegado Paulo Roberto Mendes Junior, de plantão na 16ª DP, determinou, com a morte de João Gabriel, a remoção do seu cadáver do hospital para o Instituto Médico-Legal (IML), para a realização do exame da necropsia. O corpo do estudante foi sepultado nesta segunda-feira, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte da cidade, em uma cerimônia que reuniu mais de 100 pessoas, entre as quais colegas de escola e professores.

O modelo Bruno Krupp teve prisão preventiva decretada por morte de adolescente. Policiais da 16ª DP foram ao hospital onde ele está internado — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
O modelo Bruno Krupp teve prisão preventiva decretada por morte de adolescente. Policiais da 16ª DP foram ao hospital onde ele está internado — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Ao GLOBO, o advogado Willian Pena, que representa Bruno Fernandes Moreira Krupp, admitiu que o modelo estava acima da velocidade permitida na Avenida Lúcio Costa, mas afirmou que a vítima “subitamente” surgiu na via, atravessando fora da faixa de pedestres:

— Ele disse que, segundos após dar uma arrancada com a moto, houve o choque. Mas o velocímetro ainda será avaliado pela perícia. Além disso, confirmou ter tirado a Carteira Nacional de Habilitação há cerca de 15 dias e que o veículo estava emplacado até o momento do acidente, quando a placa caiu. É importante frisar também que os pais dele estão dando todo apoio a família da vítima, com suporte emocional e financeiro.

A assessora jurídica Mariana Cardim de Lima, com o filho único, João Gabriel Cardim Guimarães, que morreu após ser atropelado na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução
A assessora jurídica Mariana Cardim de Lima, com o filho único, João Gabriel Cardim Guimarães, que morreu após ser atropelado na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução

A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca) inicialmente como lesão corporal na direção de veículo automotor, mas, com a morte da vítima, será investigado como homicídio. “A perícia foi realizada no local e a motocicleta foi apreendida. O condutor da moto está hospitalizado e será ouvido assim que receber alta médica. De acordo com os agentes, ele não tem habilitação. As investigações estão em andamento para esclarecimento de todos os fatos”, diz o comunicado.

Já a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que, na noite de sábado (30/07), equipe do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) foi acionada para verificar uma ocorrência de acidente de trânsito com vítima na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. “No local, os policiais foram informados que um homem foi atropelado por uma motocicleta e socorrido ao Hospital Municipal Lourenço Jorge. O condutor foi socorrido para a mesma unidade de saúde. A ocorrência foi encaminhada à 16ª DP”, disse, em nota.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que o João Gabriel deu entrada, no final da noite de sábado, no Hospital Lourenço Jorge, vítima de um acidente de trânsito. "O paciente foi levado para o Centro Cirúrgico, onde faleceu pouco tempo depois", afirmou a pasta, também em nota. Já o modelo recebeu alta no dia seguinte do acidente.

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