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Por Carolina Freitas e Rafael Nascimento de Souza — Rio de Janeiro

O ex-secretário de Polícia Civil Allan Turnowski, candidato a deputado federal pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro e do governador Cláudio Castro, foi preso em casa na manhã desta sexta-feira por organização criminosa e envolvimento com o jogo do bicho. A prisão foi feita por agentes do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio. Também foi alvo de busca e apreensão o delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, ex-chefe do Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa e que é candidato a deputado estadual pelo Podemos. Os mandados foram expedidos pelo juiz Bruno Rulière, da 1ª Vara Criminal Especializada.

Turnowski deixou sua casa preso, pouco depois das 8h05, e foi levado para a sede da Corregedoria da Polícia Civil, no Centro do Rio, onde chegou às 8h55. Ele irá depois para o Instituto Médico-Legal (IML). Em seguida, ele irá para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica.

Diferentemente de outros presos, Turnowski não desceu na porta da Secretaria de Polícia Civil. Os promotores queriam que ele descesse, fosse andando até a entrada principal e subisse pelo elevador social. Entretanto, agentes da Polícia Civil pediram que o ex-secretário não fosse exposto aos repórteres. A viatura em que ele estava então seguiu para o subsolo do prédio, onde ele desceu, entrou em um elevador privativo — usado por autoridades — e foi para a sala onde prestará depoimento.

Na casa do ex-secretário, os agentes apreenderam armas, como um fuzil. Os promotores afirmaram que vão investigar se o armamento era usado para a escolta de Turnowski. Ainda de acordo com a promotoria, equipes encontraram também vários celulares e dezenas de materiais como agendas com anotações.

Após passar o dia na Corregedoria da Secretaria de Polícia Civil, o delegado Allan Turnowski foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML), no Centro do Rio, onde fez exame de corpo de delito, encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, e finalmente transferido para a Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, onde ficam presos os policiais civis.

Turnowski foi chefe de polícia em 2010 e 2011, durante o governo de Sergio Cabral, hoje também preso, e deixou a pasta durante uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto vazamento de uma operação. O caso foi arquivado por falta de provas. O delegado sempre negou haver qualquer irregularidade no caso.

À frente da Secretaria de Polícia Civil, pasta criada por Wilson Witzel, Turnowski inaugurou uma força-tarefa de combate às milícias, que, até março, segundo a Polícia Civil, somou mais de 1,2 mil prisões.

A prisão de Turnowski ocorreu em consequência de investigações em curso desde o ano passado, quando o delegado da Polícia Civil Maurício Demetrio Afonso Alves foi preso, em junho. Segundo o Ministério Público do estado, Demetrio negociava e cobrava propina de comerciantes da Rua Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana.

Turnowski chega à sede da Corregedoria da Polícia Civil, no Centro — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Turnowski chega à sede da Corregedoria da Polícia Civil, no Centro — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

De acordo com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPRJ, Demetrio e Turnowski agiam em benefício dos bicheiros Fernando Iggnácio (morto em 2020) e Rogério de Andrade. Demetrio, afirma o Gaeco, era interlocutor entre chefões da contravenção e policiais ao mesmo tempo que negociava com políticos a nomeação de aliados para cargos estratégicos na Polícia Civil. A ação desta sexta-feira foi batizada de Operação Águia na Cabeça, uma alusão ao jogo de bicho. Ela é uma continuação das operações Carta do Corso I e II, sobre o esquema de extorsões supostamente praticadas por Demetrio.

Uma nota da Polícia Civil informa que a Corregedoria-Geral da Polícia Civil (CGPOL) "ainda não recebeu cópia da denúncia para poder se manifestar sobre a ação realizada" Gaeco nesta manhã. O texto destaca ainda que a "Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) informa que foi na atual gestão do Governo do Estado do Rio de Janeiro que os três chefes das principais facções da contravenção, Rogério Andrade, Bernardo Bello e José Caruzzo Escafura, o Piruinha, foram investigados e tiveram os pedidos de prisão solicitados à Justiça".

Pouco depois das 14h desta sexta-feira, o secretário de Polícia Civil, Fernando Antônio Paes de Andrade Albuquerque, que sucedeu Turnowski, deixou o prédio da pasta, acompanhado da subsecretária de Gestão Administrativa, a delegada Valéria de Aragão Sádio, e pelo subsecretário de Planejamento e Integração Operacional, o delegado Ronaldo de Oliveira F. da Silva. Ao voltar, 50 minutos depois, ele foi indagado sobre a prisão de Turnowski e respondeu que “não iria se pronunciar”.

O que diz a defesa

Em nota divulgada no meio da tarde desta sexta-feira, o delegado Allan Turnowski afirma que "não soube até agora o motivo de sua prisão". O delegado afirma ainda "que a prisão de hoje foi um movimento de perseguição política, realizado por um grupo específico infiltrado no ministério público. Este grupo não quer que ele seja eleito por medo de ser investigado", diz a nota. O advogado Fernando Drummond, que defende Turnowski, afirmou que “a prisão é completamente ilegal”. Ele sustenta que “os advogados de defesa ainda não tiveram acesso ao inquérito”. Os advogados de Allan Turnowiski afirmam ainda que “sequer sabe do que está sendo acusado”.

Ao GLOBO, Fernando Drummond afirmou que recorrerá da decisão de prisão nesta tarde no Tribunal de Justiça do Rio.

— Vamos entrar com um Habeas Corpus ainda hoje. Estou saindo da Corregedoria da Polícia Civil e vou para o TJ. Ainda não tivemos acesso ao inquérito e por isso não sabemos pelo que ele está sendo acusado. No mandado de prisão não tem a decisão do juiz. Por si só isso já mostra que essa prisão é ilegal e desnecessária.

Enquanto isso, Allan Turnowski segue preso na Corregedoria da Polícia Civil. A reportagem apurou que ele ainda não teria sido ouvido. É que o MP ainda não teria enviado a documentação do inquérito em que o policial é alvo.

A advogada do delegado Antônio Ricardo, Adriana Galucio, afirmou que “suspeita de um viés político nessa operação”. Ela afirmou que não teve acesso ao inquérito que culminou na busca e apreensão na casa de seu cliente.

— Não tivemos acesso ao inquérito e nem ao processo. É muito suspeito, às vésperas da eleição, já que ele vem como candidato, aparecer uma busca e apreensão em sua casa. Nada de ilícito foi encontrado. Até o presente momento não temos ideia do que aconteceu. O doutor Antônio Ricardo é inocente. Nunca respondeu a nada — afirmou a advogada.

De acordo com Adriana Galucio, os investigadores apreenderam quatro celulares. Um deles em uso pelo policial atualmente e outros três aparelhos antigos.

— Na casa dele, os agentes do MP falaram que era de uma investigação vinculada ao doutor Maurício Demetrio. Mas ele não tem nenhum acesso a esse delegado, não trabalharam juntos... Então, isso é muito estranho. O Gaeco não deu detalhes. O doutor Antônio Ricardo está na condição de investigado. Eles podem vasculhar a vida dele toda. Ele está à disposição, disponível para ser investigado. Ele não teme a nada.

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