Rio
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Por AFP

A gravação em áudio das caixas-pretas do voo Rio-Paris, que caiu no mar em 2009, matando as 228 pessoas a bordo, foi divulgada nesta segunda-feira (17) durante o processo contra a fabricante, Airbus, e a companhia aérea, Air France, em um tribunal de Paris.

— Nós ouvimos as vozes do além túmulo. Foi um momento apavorante porque ouvimos os pilotos, que em vários trechos (dizem), 'Nós tentamos de tudo'. Eles não entendiam o que estava prestes a acontecer — declarou Alain Jakubowicz, um dos advogados da associação Entraide et Solidarité AF447 (Cooperação e Solidariedade AF447).

O advogado Alain Jakubowicz, que representa as famílias das vítimas do acidente: "Nós ouvimos as vozes do além túmulo" — Foto: Thomas Samson / AFP
O advogado Alain Jakubowicz, que representa as famílias das vítimas do acidente: "Nós ouvimos as vozes do além túmulo" — Foto: Thomas Samson / AFP

Os quatro últimos minutos do cockpit voice recorder (CVR), que memoriza a voz dos pilotos e os ruídos da cabine, foram divulgados sem a presença nem do público, nem da imprensa.

Só foram autorizados a entrar na sala de audiências do tribunal correcional de Paris os magistrados, secretários judiciais e advogados, as partes civis e as equipes dos acusados. Todos tiveram que desligar seus telefones e colocá-los em um saco plástico para evitar qualquer divulgação externa da gravação.

A escuta do aúdio foi solicitada pelas partes civis, segundo as quais ouvir as vozes dos pilotos era "absolutamente indispensável" para a "busca da verdade".

— Para as famílias das vítimas, foi muito importante. Muitas pessoas dormiam, foram despertadas pela morte — acrescentou.

Em frente à sala, as partes civis estavam aturdidas e emocionadas.

— Eu temia este momento e foi ainda mais forte do que eu poderia imaginar. Os pilotos estavam perdidos, não sabiam o que os esperava, estavam na incompreensão total — reagiu Corinne Soulas, cuja filha morreu no acidente.

Ophélie Toulliou, que perdeu seu irmão, disse ter ouvido três pilotos "que enfrentaram uma situação que não compreendiam e que os sobrepujou completamente, pessoas que demonstraram ter um sangue frio extraordinário e que ouvimos lutar até o final".

— A escuta da áudio do voo foi um momento extremamente forte para todas as pessoas presentes. Nós nos unimos ao sofrimento das pessoas próximas dos pilotos e das vítimas, revivido pela escuta desta gravação — declarou um porta-voz da Airbus.

O acidente do voo Rio-Paris — Foto: Editoria de Arte
O acidente do voo Rio-Paris — Foto: Editoria de Arte

Naquela noite, a alta altitude, os pilotos do A330 foram surpreendidos pelo congelamento das sondas Pitot, que servem para medir a velocidade do avião, provocando o desligamento repentino do piloto automático. Eles não conseguiram estabilizar a aeronave.

Na manhã desta segunda-feira, o tribunal assistiu a dois vídeos da Airbus, um deles descrevendo as manobras que os pilotos deveriam ter realizado para controlar a situação. Os vídeos foram considerados pelas partes civis como dignos de um "mundo ideal" e não da "realidade".

À tarde, a defesa da fabricante, que refuta qualquer sanção penal, questionou especialistas do primeiro colegiado encarregado da instrução sobre as regras de pilotagem, a atitude da tripulação frente à condição meteorológica e o fato de o copiloto, "o menos experiente", estar no comando.

— Para os senhores, a tripulação identificou a pane? — questionou Simon Ndiaye.

As caixas-pretas do voo 447 foram encontradas quase dois anos após o acidente — Foto: AFP
As caixas-pretas do voo 447 foram encontradas quase dois anos após o acidente — Foto: AFP

Os pilotos tinham sido treinados em um procedimento para o caso em que as velocidades não fossem "coerentes entre si"; mas, desta vez, não havia dado sobre "velocidade em absoluto", explicou o especialista.

— Houve uma espécie de atordoamento, pois os elementos que eles tinham não correspondiam à imagem mental do que haviam aprendido — descreveu.

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