Mesmo tendo sido filmada agredindo e xingando dois entregadores negros — um deles foi mordido e outro, chicoteado —, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, no último domingo, a ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá continua em liberdade. Em outro caso, ocorrido no mesmo dia, no Flamengo, também na Zona Sul, a estudante Lívia Coelho foi levada por policiais militares para a delegacia após ser acusada de chamar uma garçonete de "macaca" e recebeu voz de prisão em flagrante por injúria — ela foi libertada após passar por uma audiência de custódia.
Por que as duas situações são diferentes?
- no caso de São Conrado, consumada a infração penal, a autora foi embora sem que fosse contida até a chegada da polícia, explicou o advogado criminalista Caio Padilha
- com isso, segundo o defensor, a situação flagrancial foi encerrada, o que impediu a prisão em flagrante
- o passo seguinte, então, foi a instauração de um inquérito na 15ª DP (Gávea)
- de acordo com o advogado, o Código de Processo Penal permite que qualquer cidadão dê voz de prisão a quem esteja em situação flagrancial
- policiais devem ser acionados e levar a pessoa até uma delegacia para que a ocorrência seja analisada por um delegado, que pode ratificar a voz de prisão lavrando um auto de prisão em flagrante ou Termo Circunstanciado, em caso de crime de menor potencial ofensivo. Isso foi o que aconteceu no Flamengo: PMs levaram a suspeita à 9ª DP (Catete)
COB nega que ex-jogadora tenha feito parte de seu quadro
Nesta quarta-feira, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) negou que Sandra tenha feito parte de seu quadro de colaboradores. Segundo o comitê informou por meio de nota, a professora de vôlei, nutricionista e ex-atleta "jamais atuou na entidade como supervisora de produção nem fez parte do seu quadro de colaboradores em qualquer outra função".
Nas redes sociais, Sandra diz ter trabalhado no COB, entre outubro e novembro de 2022, como supervisora de produção. A ligação mais recente com esportes é atuar como professora na escolinha de vôlei que possui na Praia do Leblon, na altura do posto 12, na Zona Sul do Rio.
Professora de vôlei deu quatro chibatadas em entregador, em São Conrado
Após o caso em que chicoteou o entregador Max Angelo Alves dos Santos quatro vezes com a guia de uma coleira de cachorro, a Secretaria Municipal de Esportes confirmou que não concederá a renovação até que todos os fatos sejam esclarecidos pela Justiça. Segundo a pasta, a autorização para a atividade venceu em dezembro de 2022 e estava em processo de renovação.
As imagens em que Max aparece como alvo da ex-atleta de vôlei, Sandra puxa o entregador pelo uniforme, além de tentar dar um soco no rosto do homem, que é morador da Rocinha. Após essa primeira sequência de golpes, ela o alerta: "Não vai embora!".
Nesse momento, Sandra se distancia de Max, mas vai até o seu cachorro, que até então estava preso pela guia em um corrimão, e o deixa solto. Com a coleira em mãos, caminha em direção ao entregador.
Quando a professora se aproxima, o entregador chega a falar: "seu 'caô' não é comigo não", mas Sandra começa a chicoteá-lo. Ao todo foram quatro golpes, dos quais, em um, o entregador conseguiu se esquivar, ao abaixar. Em um dos golpes, a mulher ainda dá um empurrão em Max.
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