Rio
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Por Carolina Heringer — Rio de Janeiro

Bem mais valioso do espólio do bicheiro Castor de Andrade, um terreno de quase 97 mil metros quadrados, na Ponta da Raposinha, na Ilha Grande, na Costa Verde do Rio, é alvo de disputa entre duas viúvas da família — Elizabeth Costa de Andrade da Silva (Beth Andrade) e Carmen Lucia de Andrade Iggnacio.

Em 2018, Beth, que era casada com Paulo de Andrade, filho de Castor, entrou com um processo na Vara Cível de Angra dos Reis para se manter em uma casa na parte da ilha, que alega ter sido construída por ela e o marido antes de sua morte. Em fevereiro, ela conseguiu uma decisão judicial que garante o seu direito de permanecer no imóvel.

Paulinho de Andrade ao lado da mulher, Elizabeth, na ilha — Foto: Reprodução
Paulinho de Andrade ao lado da mulher, Elizabeth, na ilha — Foto: Reprodução

Meio a meio?

No processo, Beth argumenta que o trecho da ilha foi dividido por Castor, antes de sua morte, em 1997, entre os dois filhos mais velhos — Paulinho e Carmen Lucia. Diante disso, ela e o marido construíram uma casa no terreno. Ao lado, na mesma ilha, Carmen e seu marido, Fernando Iggnacio, ocupam outra mansão. Paulinho acabou assassinado no fim de 1998, um ano e meio depois da morte do pai. A violência também tirou a vida de Fernando: ele foi executado em novembro de 2020, quando voltava com a mulher da casa na ilha.

A briga entre vizinhos se arrasta há mais tempo. Segundo Beth, quando Fernando Ignnacio ainda era vivo, ele e Carmen vinham causando problemas à sua permanência na ilha, jogando entulho de obra em seu terreno e impedindo que ela instalasse um relógio de luz próprio, chegando a ficar sem energia elétrica em razão disso. No processo, a viúva de Paulinho afirma que a convivência com a cunhada e o marido era razão de “constantes incômodos e dificuldades”.

Paulinho em foto tirada na ilha um ano antes de sua morte — Foto: Reprodução
Paulinho em foto tirada na ilha um ano antes de sua morte — Foto: Reprodução

Em suas alegações, Beth afirma que soube dos problemas causados por Carmen e Fernando por seus funcionários, que tinham medo de relatar o que acontecia em razão do “histórico violento” da família. Ela anexou à ação notas fiscais de obras e compras feitas para casa, além de diversas fotografias dela e do marido no local, no intuito de comprovar que a casa ocupada por ela fora construída pelo casal. Nas imagens, Paulinho aparece em momentos de descontração, cozinhando na propriedade e na companhia de amigos e também de funcionários.

Carmen Lucia rebate os argumentos da cunhada, afirmando que nunca houve divisão do imóvel e ressalta que o processo de inventário de Castor continua em andamento na 12ª Vara de Órfãos e Sucessões do Tribunal de Justiça do Rio. Ela diz, ainda, que a casa que Beth afirma ser dela, na realidade, foi construída e custeada pelo próprio Castor, e a acusa de mentir no processo para permanecer em imóvel que não é seu. Segundo a filha do bicheiro, o intuito da cunhada com o processo é apenas ter uma decisão judicial que lhe garanta continuar no imóvel.

Em agosto de 2018, Beth já tinha conseguido uma liminar garantindo sua permanência no imóvel. Com a sentença do último dia 14 de fevereiro, a decisão foi confirmada. Inconformada com a decisão, Carmen entrou com um recurso no mês passado, que ainda não foi julgado.

A primeira decisão provisória obtida por Beth conseguiu impedir, em 2021, que a ilha fosse incluída em um leilão dos bens de Castor que chegou a ser marcado pela Justiça, mas foi suspenso após pedido feitos por herdeiros.

Em uma de suas petições no processo em andamento em Angra dos Reis, Beth alega que, por ser herdeira de Paulinho, tem direito a 6,25% dos bens de Castor, o que lhe daria direito a ficar com a casa na Ponta da Raposinha. A alegação é rebatida por Carmen.

O advogado de Carmen não comentou a recente decisão judicial no processo movido contra ela. Assim como o escritório que representa Beth afirmou que não tinha nada a declarar porque o processo ainda está em andamento, apesar de a decisão conferir à sua cliente “todos os direitos inerentes à posse”.

Outros dois filhos

A propriedade na Ponta da Raposinha é um dos 20 bens disputados pelos herdeiros de Castor no inventário que já dura 26 anos. Desde outubro do ano passado, o processo está sendo digitalizado, com um aviso solicitando aos advogados que não peticionem em razão disso.

Dos 20 imóveis, 19 foram avaliados em 2020, por determinação da Justiça, em R$ 10,5 milhões. À época, a ilha ficou fora da análise porque não poderia ser vendida em razão da decisão judicial que mantém Beth na propriedade. Corretores consultados pelo GLOBO estimam que o terreno na Ponta da Raposinha está avaliado em cerca de R$ 40 milhões.

Na lista de bens de Castor, depois da ilha, a propriedade mais valiosa é uma casa no Joá, na Zona Sul do Rio, de R$ 6 milhões. De acordo com a avaliação, a propriedade tem 992 metros quadrados de área construída e estava, em 2020, em péssimo estado de conservação.

Há ainda dois apartamentos em Copacabana, um na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, avaliado em R$ 380 mil, e outro, na Rua Duvivier, cujo preço estimado é de R$ 800 mil.

Metade dos imóveis que seriam colocados à venda no leilão de 2021 fica em Bangu, na Zona Oeste do Rio, bairro onde Castor mantinha sua “fortaleza” do jogo do bicho. Em um prédio, o contraventor é proprietário dos quatro apartamentos do primeiro andar. Cada imóvel vale R$ 180 mil, totalizando R$ 720 mil.

Além de Carmen e Paulinho, frutos do primeiro casamento de Castor, com Wilma Andrade, o contraventor teve outros dois filhos — Camila Moreira de Andrade Silva, hoje com 32 anos, e Ricardo Moreira de Andrade Silva, de 34.

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