Uma grande quantidade de gigogas e resíduos sólidos flutuantes na Baía de Guanabara apareceu no entorno do Museu do Amanhã, na Praça Mauá, na região central do Rio, na manhã desta segunda-feira. Com as chuvas e a ressaca dos últimos dias, os materiais acabam sendo arrastados para o mar, provocando a cena de sujeira flagrada pelo GLOBO.
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A maioria desses resíduos vem por fontes terrestres, sobretudo a partir de rios, córregos e canais artificiais que drenam a água de toda a Região Metropolitana para dentro da Baía de Guanabara, conforme elucida Eduardo Bulhões, geógrafo marinho da Universidade Federal Fluminense (UFF).
— Após chuvas mais fortes, grandes volumes acabam sendo transportados e ficam flutuando, sendo levados "ao sabor das marés" pela circulação da água para dentro da baía. Quando aparecem assim concentrados em um lugar como o Museu do Amanhã, significa que ali a velocidade das correntes é bem menor, o que permite que eles fiquem quase "estacionados" ou retidos junto às estruturas dessa região — explica o geógrafo.
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— Infelizmente tem muito mais "lixo" no fundo da baía e ainda partículas minúsculas que ficam flutuando e não vemos. Se existe algum lado bom nessa história é que, durante esses momentos de calmaria e acumulação, pode ser feita uma coleta mecânica desses materiais para o descarte adequado — acrescenta o geógrafo.
As gigogas são plantas aquáticas nativas dos rios e lagoas que proliferam em grandes quantidades em águas poluídas. De acordo com o biólogo Mario Moscatelli, o lançamento de esgoto sem tratamento e o descarte irregular de lixo são os principais agentes poluidores dos rios que deságuam na Baía.
— Quando chove, as gigogas são arrastadas para as águas salgadas-salobras da baía, onde acabam morrendo, pois são plantas de água doce. Com as gigogas, desce a lixarada toda que a turma joga dentro dos rios e que também vai parar nas águas da Baía de Guanabara, formando verdadeiras ilhas flutuantes de lixo e plantas aquáticas — analisa Moscatelli.
A ressaca é outro fenômeno que favorece cenas como essa, segundo o biólogo.
— Ela possibilita que as águas da baía entrem nos rios durante a maré alta, e durante a maré baixa voltam arrastando tudo que tiver na calha do rio em direção à baía. Isso acontece de forma parecida com o sistema lagunar de Jacarepaguá — completa.
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