Rio
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Por Jéssica Marques — Rio de Janeiro

Todos os dias os irmãos Bryan, de 6 anos, e Bernardo Mota de Oliveira, de 7, acordam com a mesma animação e querendo saber: “Vamos brincar de limpar que rua hoje?”. Além da rotina da escola, dos desenhos animados e do jogo de futebol no pátio do prédio onde moram em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio, os meninos têm se aventurado numa tarefa de gente grande: a coleta de lixo.

Bryan e Bernardo, que moram com os tios e o pai, aprenderam desde cedo a usar a imaginação na hora de se divertir. Até que quiseram trocar a capa de super-herói pelo uniforme cor de laranja — feito para eles sob medida. Debaixo do olhar atento do tio e padrinho Mario Luiz Nogueira, a dupla acompanha o caminhão da Comlurb por algumas ruas do bairro três vezes na semana.

O foco dos pequenos garis é o material reciclado. E o trabalho deles vai além da coleta: eles têm despertado nos moradores a consciência da importância da separação do lixo. Agora, muitos já deixam na porta um embrulho para os meninos.

— Eles recolhem papelão, garrafas PETs e jornais. Os garis não os deixam pegar outras coisas devido aos riscos. Eu sempre vou junto, acompanhando e tomando todo o cuidado para que nenhum deles se machuque. A equipe da Comlurb conhece os dois e adora quando eles chegam. A empolgação das crianças com a coleta cativa todo mundo. Nossos vizinhos sabem que eles amam brincar de gari e já deixam um saquinho separado — afirma Mario Luiz.

Vídeo no site da prefeitura

O passatempo dos irmãos foi parar na internet graças a um registro anônimo de um vizinho. As imagens deles vestidos de gari e coletando lixo na Rua do Arminho, em Bangu, foram publicadas no perfil da prefeitura do Rio.

Mas a amizade das crianças com o motorista e os três garis que fazem a coleta de lixo em Padre Miguel e Bangu existe há mais de dois anos. O que começou como uma “brincadeira”, segundo o tio, tornou-se um coletivo de reciclagem que ajuda o bairro a ficar mais limpo e organizado.

Crianças são flagradas catando lixo em Bangu, na Zona Oeste

Crianças são flagradas catando lixo em Bangu, na Zona Oeste

— Antes, quando chovia, as ruas ficavam com lixo boiando, e alguns pontos até alagavam. Agora, isso não tem acontecido tanto. Os moradores estão mais conscientes, e os meninos com certeza contribuíram para isso — acredita Mario Luiz. — Os vizinhos começaram a separar o lixo por causa deles. A coleta no bairro está mais organizada, o que facilita o trabalho dos garis. Eles podem ser pequenos e não ter noção disso, mas são exemplo para muitos adultos.

Antes de saírem para a aula, que começa às 13h, Bryan e Bernardo já deixam o uniforme separado para vestir na volta. Eles vão para a coleta às 18h e, pouco depois das 19h, já estão em casa. Já os garis seguem trabalhando até as 22h, pelo menos.

Futebol e biologia

Apesar da paixão pelo trabalho de limpeza pública, os dois aspiram seguir profissões diferentes.

— Bryan quer jogar futebol, e o Bernardo segue querendo ser biólogo. Eles são inteligentes, dedicados, crianças boas. Na escola, todos os conhecem. Os amigos querem coletar também. Todo mundo agora recicla por causa deles. Não tenho dúvida de que vão conseguir realizar todos os sonhos. Tenho orgulho deles — diz o tio dos meninos.

A profissão de gari mexe com o imaginário infantil. Tanto que a Comlurb vem promovendo encontros com “os amiguinhos da limpeza urbana”, na sede da empresa, na Tijuca. Nos encontros, as crianças conversam com os garis, inclusive com Renato Sorriso — muito conhecido por sambar durante a limpeza do Sambódromo —, recebem lanches e crachá de “minigaris”. Além da diversão, os pequenos descobrem como funciona a operação de coleta de lixo na cidade.

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