O corpo da bebê Manoela foi sepultado na tarde deste domingo de Páscoa, no cemitério Jardim dos Eucaliptos, em Cabo Frio. A criança foi morta ainda na barriga quando a mãe foi esfaqueada, na última sexta-feira. De acordo com a polícia, Luís André Soares, de 33 anos, suspeito do crime, foi preso em flagrante e conduzido por policiais militares para a 126ª DP (Cabo Frio). Ele é ex-companheiro da mãe da mulher. A vítima, de 20 anos, que estava grávida de nove meses, segue internada na Unidade de Pacientes Graves (UPG) do Hospital Central de Emergência (HCE), no bairro São Cristóvão, em observação médica, mas fora de perigo. De acordo com laudo do Instituto Médico-Legal (IML), a bebê teve o cordão umbilical cortado e morreu por asfixia ainda na barriga.
— Ele era carinhoso com a gente. Ele ajudou a pintar o quarto para chegada do bebê e costumava ficar sozinho em casa com a minha filha. Não parecia ser um monstro. Ele começou a beber há uns dois meses, mas não apresentava comportamento agressivo. Eu espero que a minha filha um dia possa me perdoar. Se eu não tivesse colocado ele dentro de casa, nada disso teria acontecido. Não percebi que ele era ruim. Confiei num estranho e ele me apunhalou. Tentou tirar o que eu mais amava que é a minha filha — disse a mãe da vítima.
Neste domingo, na porta do hospital onde a filha está internada, a mulher contou que conheceu Luís André no restaurante em que trabalhavam, em Búzios, em junho do ano passado. Segundo ela, estava tentando se separar dele há pouco mais de três meses e, como a casa onde moravam era pequena, pediu para ele sair.
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— Eu pedi para ele alugar uma quitinete. Minha casa é pequena, tem apenas dois quartos e um banheiro. Minha filha voltou a morar comigo há uns três meses, depois que se separou do marido. Eu expliquei isso para ele, mas acho que não quis aceitar. Eu ficava mandando ele sair e ele fingia que não estava ouvindo. Ele estava trabalhando na oficina do tio dele. O pior de tudo é que eu não percebi nada. Ele não era agressivo, muito menos violento. Se eu tivesse chegado em casa e encontrado minha filha morta, ele seria uma das últimas pessoas que eu iria desconfiar — desabafou a mãe.
No dia em que a jovem grávida foi esfaqueada, Luis André Soares não foi trabalhar e não justificou a ausência. O tio do suspeito chegou a enviar uma mensagem para a mãe da vítima relatando que ele não estava indo ao trabalho. Dois dias antes do crime, Luís esteve na casa da ex-companheira e jantou com ela e a filha.
Testemunhas afirmam que Luís André, ex-padrasto da vítima, teria entrado na casa onde ela morava com a mãe, no bairro Jardim Esperança, na Região dos Lagos, para pegar dinheiro por volta das 15h30. O suspeito, que segundo a mãe apresentava um comportamento calmo e quieto, teria ficado aguardando a filha sair na varanda da quitinete desde às 9h. No hospital, a jovem detalhou para a mãe o que teria ocorrido no momento em que foi atacada:
— Ela me disse que ele bateu na porta de casa pedindo um copo de água e dizendo que estava de passagem. Minha filha pegou água para ele, se despediu e depois entrou para dormir. Luís não foi embora. Ele se escondeu no quintal perto do tanque de roupa e minha filha não percebeu — contou a mãe da vítima, que no dia do crime estava no trabalho e foi avisada do ocorrido pelos vizinhos.
A jovem grávida, sem perceber que estava sendo observada pelo suspeito, voltou para casa e foi dormir. Mais tarde, por volta das 15h30, segundo o que relatou para a mãe no hospital, foi até o quintal pegar umas roupas que estavam no varal, quando foi abordada por Luís, que a estrangulou e, em seguida, disparou golpes de faca nas costas, no braço, pescoço, barriga e pernas. Ela foi socorrida por vizinhos, que ouviram seus gritos.
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