Sandra Mathias Correia de Sá, investigada por injúria contra um entregador de aplicativo, no domingo, é atacada nas redes por pessoas que pedem sua prisão. Ela, que é professora de vôlei, desferiu chibatadas contra Max Angelo Alves dos Santos em São Conrado, na Zona Sul da cidade. O crime foi registrado em vídeo, com duração de cerca de um minuto, que também mostra que a mulher puxou a camisa do trabalhador e tentou socá-lo. O caso é investigado pela 15ª DP (Gávea).
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Em seu perfil profissional, Sandra compartilha desde 2016 dicas para uma alimentação saudável, a rotina de treinos em sua escola de vôlei de praia, no Leblon, na Zona Sul do Rio, além de campeonatos e eventos dos quais participou. Após ser acusada de injúria racial, comentários que antes a parabenizavam por seu trabalho, deram espaço a outros que a chamam de “racista”, “desequilibrada” e “agressora”. Em alguns, as pessoas afirmam que Sandra deveria ser presa e que a ex-jogadora “não é melhor do que ninguém”. Há, inclusive, postagens com ilustrações que remetam a um escravo sendo chicoteado, em comparação ao que ela fez com o entregador de aplicativo no último domingo.
Na conta pessoal, Sandra indica ser nutricionista, ex-atleta profissional de vôlei de praia, proprietária da Escola e Centro de Treinamento de Vôlei de Praia Sandra e Elaine, que fica no Leblon. Nas publicações, pessoas mencionam suas passagens policiais: “Nas lembranças também estão suas passagens policiais e agressões racistas?”.
Engajada com a causa animal, Sandra compartilha diversas postagens para encontrar cães desaparecidos. Em uma das fotos, um homem chega a dizer que a ex-jogadora deveria ter empatia com os humanos da forma que tem com os animais: “Essa é igual a muitas dondocas que tem nos condomínios de luxo. Tratam os animais bem, mas trata o semelhante mau. Seja amável com os animais, mas principalmente com seu semelhante. Arrogância não leva a nada”.
As imagens em que Max aparece como alvo da ex-atleta de vôlei, Sandra puxa o entregador pelo uniforme, além de tentar dar um soco no rosto do homem, que é morador da Rocinha. Após essa primeira sequência de golpes, ela o alerta: “não vai embora!”.
Nesse momento, Sandra se distancia de Max, mas vai até o seu cachorro, que até então estava preso pela guia em um corrimão, e o deixa solto. Com a coleira em mãos, caminha em direção a Max.
Quando a professora se aproxima, o entregador chega a falar: “seu 'caô' não é comigo não”, mas Sandra começa a chicoteá-lo. Ao todo foram quatro golpes, dos quais, em um, o entregador conseguiu se esquivar, ao abaixar. Em um dos golpes, a mulher ainda dá um empurrão em Max.
Professora de vôlei deu quatro chibatadas em entregador, em São Conrado
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O cachorro, solto, late enquanto a tutora termina as agressões.
— Te juro, nem acreditei, para mim ela ia pegar o cachorro e ir embora. Nunca me passou pela cabeça que ia me agredir com a coleira e me dar chicotada nas costas — contou Max, que narra ter tentado intervir numa discussão que começara anteriormente, entre Sandra e outra entregadora, Viviane Maria Souza. — Uma menina (Viviane) perguntou porque ela tem tanto ódio da gente, e aí começou a discussão delas. Foi quando ela começou a falar diversas palavras ofensivas, ameaçou a menina, avançou, agarrou a menina, puxou pelas pernas, mordeu. Ela ainda ficou correndo aqui, falou que ia matar a menina. Quando voltou, já voltou me agredindo.
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O local em que ocorreram as agressões fica em frente a uma central de entregas, estabelecimento de onde o morador da Rocinha pega as entregas que faz por meio de um aplicativo. De bicicleta, ele e os colegas costumam ficar sentados nos degraus em frente à loja, localizada na Estrada da Gávea.
Max trabalha há um ano e meio como entregador, após perder o emprego como porteiro em um prédio, também em São Conrado.
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