Se passaram três horas e 18 minutos da decolagem do voo 447 da Air France, na capital fluminense, até a aeronave sumir dos radares brasileiros. O avião partiu do Aeroporto Tom Jobim, no Rio, às 19h30m de um domingo, 31 de maio de 2009, e deveria ter pousado no Aeroporto Chales de Gaulle, em Paris, às 6h10m. Entretanto, ele foi detectado pela última vez às 22h48m, quando entrou em uma área cega e não foi mais captado por nenhum radar. A aeronave deveria ter feito contato às 23h20, mas isso nunca aconteceu. Confira destalhes do acidente que deixou 228 pessoas mortas.
![Passo a passo do voo 447 — Foto: Editoria de Arte](https://s2-oglobo.glbimg.com/0gyX_Aa2tsNTKP9Yuj8UEusb0yE=/0x0:648x1187/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/f/5/aoBpYJSX2hQ87RNNy64g/voo-447-mapa-passo-a-passo.jpg)
![Voo 447 entrou em área cega por volta das 22h48. Veja detalhes. — Foto: Editoria de Arte](https://s2-oglobo.glbimg.com/8WjeQkJ7saOa0TRgipc61Jk6a3s=/0x0:648x552/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/M/j/lD9JaHS968wslEnAA6lg/voo-447-mapa-area-cega.jpg)
A aeronave
O conteúdo das caixas-pretas confirmou que o acidente foi motivado pelo congelamento das sondas de velocidade no momento em que o avião estava em voo de cruzeiro, em uma zona com condições meteorológicas adversas denominada Zona de Convergência Intertropical. O problema levou os aparelhos a emitirem informações incorretas sobre altitude, o que fez com que os pilotos perdessem o controle do avião.
A bordo do avião, um A330 com a matrícula F-GZCP, viajavam pessoas de 33 nacionalidades: 61 franceses, 58 brasileiros e 28 alemães, assim como italianos (9), espanhóis (2) e um argentino, entre outros.
![Airbus 330-200 — Foto: Editoria de Arte](https://s2-oglobo.glbimg.com/Q_KieMe4zoko9PnpPtuseKGYzqU=/0x0:649x943/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/D/9/jbQDKBQQussT7CgEUnWw/airbus330-site.jpg)
Imprudência ou negligência
Nesta segunda-feira, a Justiça francesa absolveu a Air France e a Airbus pelo acidente com o voo 447. A companhia aérea e a fabricante da aeronave enfrentavam a acusação de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Quase 14 anos depois da tragédia, o tribunal considerou que, apesar de cometerem "falhas", não se "pôde demostrar (...) nenhuma relação de causalidade segura" com o acidente. Foram nove semanas de audiências, encerradas em 7 de dezembro do ano passado.
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Para o tribunal, a Airbus cometeu "quatro imprudências ou negligências", em particular por não ter substituído os modelos de sondas Pitot chamadas "AA", que pareciam congelar com maior frequência, nos aviões A330 e A340, e por "reter informações".
A Air France cometeu “imprudência culposa”, relacionada com os métodos de distribuição de uma nota informativa dirigida aos seus pilotos sobre a falha das sondas.
Acidente do voo Rio-Paris de 2009: veja imagens do Airbus da Air France
![Destroços e objetos da aeronave Air France A330, o voo AF447, apresentados no Recife, em junho de 2009 — Foto: MAURICIO LIMA / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/-2hW6FYaC2kLHeqRzSQY11bIaD8=/0x0:3888x2592/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/R/B/CvqyKlQbiWEu2EXQeDCQ/100758266-files-this-file-photo-taken-on-june-12-2009-shows-journalists-reporting-the-first-wreckage.jpg)
![Destroços e objetos da aeronave Air France A330, o voo AF447, apresentados no Recife, em junho de 2009 — Foto: MAURICIO LIMA / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/zG3krvBoUcHgaQ3kZGTigx68XKo=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/R/B/CvqyKlQbiWEu2EXQeDCQ/100758266-files-this-file-photo-taken-on-june-12-2009-shows-journalists-reporting-the-first-wreckage.jpg)
Destroços e objetos da aeronave Air France A330, o voo AF447, apresentados no Recife, em junho de 2009 — Foto: MAURICIO LIMA / AFP
![Cauda recuperada da aeronave Air France A330 é descarregada no porto do Recife, em 2009 — Foto: Evaristo Sá / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/nBZQxRlFKIKa79bzQipUYOV1nBQ=/0x0:3895x2509/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/y/h/xDkrjHRRmcAe1zf9Echg/100758264-files-this-file-photo-taken-on-june-14-2009-shows-the-recovered-tailfin-of-the-air-france.jpg)
![Cauda recuperada da aeronave Air France A330 é descarregada no porto do Recife, em 2009 — Foto: Evaristo Sá / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/4c7lplBnLQcbEEIPyiufkmBnkdM=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/y/h/xDkrjHRRmcAe1zf9Echg/100758264-files-this-file-photo-taken-on-june-14-2009-shows-the-recovered-tailfin-of-the-air-france.jpg)
Cauda recuperada da aeronave Air France A330 é descarregada no porto do Recife, em 2009 — Foto: Evaristo Sá / AFP
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![Acidente do voo Rio-Paris matou 228 pessoas em 2009. — Foto: Maurício Lima / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/pD5qdAOsTSEtQlAcWW1J7ITZDyE=/0x0:3888x2592/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/b/I/RPAG3dTyG7MkOYbk62ow/100758260-files-this-file-photo-taken-on-june-12-2009-shows-a-closeup-of-some-of-the-first-wreckage.jpg)
![Acidente do voo Rio-Paris matou 228 pessoas em 2009. — Foto: Maurício Lima / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/AGK7XkRTgmZqwxkd2RJvd4STC-Q=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/b/I/RPAG3dTyG7MkOYbk62ow/100758260-files-this-file-photo-taken-on-june-12-2009-shows-a-closeup-of-some-of-the-first-wreckage.jpg)
Acidente do voo Rio-Paris matou 228 pessoas em 2009. — Foto: Maurício Lima / AFP
![Mergulhadores recuperam parte da aeronave Air France A330 que caiu durante voo sobre o Atlântico, em 1º de junho de 2009 — Foto: AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/-y6u_N1vTZeD_sEqrK7dIMuf8wo=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/n/4/9Q8X76SWeq5FfFBZDS9w/92852385-files-a-file-handout-photograph-released-june-8-2009-by-the-brazilian-navy-showing-divers-r.jpg)
Mergulhadores recuperam parte da aeronave Air France A330 que caiu durante voo sobre o Atlântico, em 1º de junho de 2009 — Foto: AFP
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![Acidente, que resultou na morte de 216 passageiros e 12 tripulantes, foi o mais mortal da história da Air France — Foto: Marinha do Brasil](https://s2-oglobo.glbimg.com/oxnOZqDS96IjFbYy0ZFblbzFMOA=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/e/x/sPx3IaQ7uwBwyQAFQGlg/36403877-handout-picture-released-on-june-17-2009-by-the-brazilian-navy-showing-wreckage-of-the-air.jpg)
Acidente, que resultou na morte de 216 passageiros e 12 tripulantes, foi o mais mortal da história da Air France — Foto: Marinha do Brasil
![Tripulantes da Fragata Brasileira "Constituição" recuperam, em 7 de junho de 2009, destroços do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 1º de junho daquele ano — Foto: AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/sbRtAUhsJ8LLT7NzXy-R-xH56yQ=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/K/J/8ZBd9gSBikZ6HSFHQCzQ/36391694-a-handout-picture-from-the-brazilian-navy-press-office-shows-crew-members-of-the-brazilian.jpg)
Tripulantes da Fragata Brasileira "Constituição" recuperam, em 7 de junho de 2009, destroços do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 1º de junho daquele ano — Foto: AFP
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![O avião AF 447, que desapareceu após decolar do Brasil, visto em janeiro de 2009, no aeroporto Roissy Charles de Gaulle, perto de Paris. — Foto: AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/Zh6V_dvuOookxoqPPoirpZZA-cI=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/l/W/oEbhA0ST2FlSvBpW2iLQ/36377634-a-picture-taken-on-january-30-2009-at-the-roissy-charles-de-gaulle-airport-near-paris-shows.jpg)
O avião AF 447, que desapareceu após decolar do Brasil, visto em janeiro de 2009, no aeroporto Roissy Charles de Gaulle, perto de Paris. — Foto: AFP
Na esfera criminal, no entanto, segundo o tribunal, "uma relação de causalidade provável não é suficiente para tipificar um crime. Neste caso, como se trata de falhas, não foi possível demonstrar nenhum nexo de causalidade com o acidente".
A Air France “toma nota do julgamento”, de acordo com um comunicado. "A empresa sempre lembrará a memória das vítimas deste terrível acidente e exprime sua mais profunda solidariedade a todos os seus entes queridos." A Airbus considerou que a decisão judicial foi “conerente” com a decisão proferida no final da investigação em 2019. O grupo também expressa a sua “compaixão” aos familiares das vítimas, e “reafirma (o seu) total empenho (.. .) em termos de segurança da aviação”.
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