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Por Vera Araújo — Rio de Janeiro

O juiz da 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa, Alexandre Abrahão, decidiu que o ex-vereador Cristiano Girão e o ex-sargento da PM Ronnie Lessa irão a júri popular por um duplo homicídio ocorrido em 2014 na região da Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio, onde Girão comandava uma milícia. Lessa, que também é réu pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, terá de enfrentar mais esse julgamento no III Tribunal do Júri.

O ex-PM é acusado de executar o ex-policial André Henrique da Silva Souza, o André Zoio, e sua companheira, Juliana Sales de Oliveira, de 27 anos. Já Girão é apontado como mandante do assassinato do rival, enquanto estava preso no Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. A decisão de Abrahão foi expedida no último sábado.

Em 29 de julho de 2021, o III Tribunal do Júri recebeu a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) e decretou as prisões de Lessa e Girão, sendo que o primeiro já estava preso como autor dos disparos contra a vereadora e seu motorista. A Força-Tarefa do Caso Marielle e Anderson do MPRJ e a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) concluíram, à época, que as investigações do homicídio de Zóio comprovavam a ligação entre o executor e o então chefe da milícia da Gardênia Azul. Segundo as investigações, Girão teria contratado Lessa para executar o ex-policial em 14 de junho de 2014, pois a vítima, com origens em Campo Grande, também na Zona Oeste, entrou na disputa com o ex-bombeiro no controle de seu território.

Na decisão de Abrahão, consta que a materialidade está comprovada por meio de laudos e depoimentos das testemunhas durante as audiências. Uma delas, o agente da Polícia Federal Marcelo Pasqualetti, que atuou em apoio à FTMA do MPRJ, diz:

“Uma das informações que surgiu acerca do Ronnie Lessa durante as investigações do homicídio da Marielle era no sentido de que ele teria sido contratado como assassino de aluguel por Cristiano Girão, miliciano da Gardênia Azul, para matar seus desafetos, de modo que pudesse manter o controle da região enquanto estava preso em presídio federal à época”.

Corroborando com o que Pasqualetti disse em depoimento, o MPRJ afirmou que "durante o ano de 2014, ainda preso, Girão mantinha o controle da região da Gardênia Azul". O órgão prossegue pontuando que "contudo, em razão de sua prisão, vinha perdendo território e força". "Em razão disso, desejou a morte de seus desafetos, dentre eles a vítima dos autos, André, vulgo Zoio", conclui o MP.

Os delegados da Polícia Civil Daniel Rosa e Moyses Santana Gomes, que assumiram o inquérito para apurar quem foi o mandante da execução de Marielle e Anderson, também obtiveram evidências sobre a ligação entre Lessa e Girão. Santana inclusive localizou testemunhas da execução de Zoio e da namorada. Uma delas afirmou ter visto Lessa e o braço direito do ex-bombeiro, o policial civil Wallace de Almeida Pires, conhecido como Robocop, na cena do crime:

"Disse que não viu os disparos, mas ouviu o barulho. Afirmou ter visto Ronnie Lessa sair do local portando um fuzil e entrar em um veículo da marca Fiorino, de cor branca. Ronnie era acompanhado por um miliciano local conhecido como ‘Robocop’, que não usava camisa e deixou sua tatuagem à mostra. Ele também portava um fuzil em uma bandoleira".

A defesa de Girão e ele próprio negaram qualquer elo com o crime. Em seu interrogatório, o ex-bombeiro ponderou: "Na época dos fatos (2014) estava preso em Presídio Federal. Não tinha como ordenar nada. Essa acusação não procede". Ele também refutou conhecer Ronnie Lessa, afirmando que "nunca" esteve com ele. No entanto, testemunhas do crime confirmaram que viram Lessa.

Segundo o juiz Alexandre Abrahão, "a prova oral produzida na fase judicial, quando somada às demais, formou contexto hábil a demonstrar sinais mínimos suficientes de autoria em relação aos acusados". Em decorrência de tais evidências, o magistrado decidiu-se pela pronúncia dos réus, ou seja, que Girão e Lessa sejam julgados por um júri popular:

"Registre-se que a motivação do crime, segundo o relato das autoridades policiais perante este Juízo seria financeira; é dizer: para manutenção do suposto domínio exercido sobre a região da Gardênia Azul", disse o juiz em sua decisão, que manteve a prisão preventiva dos réus.

Zoio e Juliana foram atacados na Gardênia quando o miliciano a levava para o trabalho. O casal foi morto com 40 tiros em um Honda Civic prata, dirigido pela vítima, que foi fechado por uma Fiat Doblo prata ocupada por três homens, em frente à sede da associação de moradores local. O advogado Zoser Hardman, que defende o ex-vereador e ex-bombeiro, reafirmou que seu cliente estava preso, fora do Rio, quando Zoio foi assassinado. Lessa foi expulso da Polícia Militar no início do ano e se encontra preso em presídio federal. O GLOBO não localizou a defesa do ex-sargento.

Depois que Lessa foi preso como o executor de Marielle com seu compadre, o ex-PM Élcio de Queiroz, em 12 de março de 2019, os investigadores da DHC e as promotoras Simone Sibílio e Letícia Emile analisaram tudo que foi pesquisado pela dupla. Chamou a atenção o fato de Lessa ter buscado pelo Google, em 2018, as mortes do miliciano Zoio e de Juliana, provavelmente, para saber, por meio da imprensa, o que a polícia havia investigado até então. Daí em diante, perceberam a conexão entre Girão e o réu no caso Marielle.

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