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Por Selma Schmidt — Rio de Janeiro

Com a possibilidade de o Galeão receber mais voos diante da decisão de limitar as chegadas e as partidas do Santos Dumont, um novo caminho surge no horizonte para facilitar o acesso à Ilha do Governador. É pelo mar. A ideia de fazer uma linha aquaviária pela Baía de Guanabara, ligando os dois aeroportos, foi apresentada à prefeitura. E o município publica hoje uma Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada (MIP) — mecanismo previsto na legislação — em que um consórcio se propõe a realizar estudos sobre a viabilidade técnica e econômica do projeto. Outras empresas, segundo o secretário de Coordenação Governamental Jorge Arraes, têm 20 dias para demonstrar a vontade de fazer uma proposta nessa mesma linha.

Arraes considera importante, neste momento em que o Tom Jobim passará a ter mais voos, que seja implementado um transporte aquaviário para melhorar a mobilidade. O próximo passo, diz ele, será os interessados formularem os estudos. Após a seleção daquele que melhor atender às necessidades do município, será lançada uma licitação para a escolha do concessionário que irá explorar o novo serviço.

— Espero estarmos aptos a colocar a licitação na rua no segundo semestre deste ano. É do interesse da prefeitura dar vida ao Galeão — ressalta Arraes. — A baía está no território municipal, e o transporte proposto liga dois pontos dentro do município. Ou seja, trata-se de uma concessão municipal.

Pelo MIP já protocolado, a intenção é que as embarcações saiam de um trecho da Marina da Glória (concessão municipal), em frente ao Shopping Bossa Nova (junto ao Santos Dumont). Elas se deslocariam quase em linha reta, até uma área na entrada da Ilha do Governador, onde está sendo erguido um polo de educação, saúde e sustentabilidade, o Aldeya Life Park. De lá, haveria um serviço (de van ou ônibus) para levar os passageiros até os dois terminais do Tom Jobim.

Linha Vermelha saturada

Para o engenheiro Francisco Filardi, ex-funcionário do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER-RJ), a implantação de um serviço de transporte aquaviário conectando os dois aeroportos é fundamental.

— Essa ligação seria uma excelente alternativa não só para transportar passageiros para o Galeão como para os próprios moradores da Ilha do Governador. Principal acesso ao Tom Jobim, a Linha Vermelha está saturada. Hoje, se leva uma hora do Centro à Ilha. Teríamos um transporte mais rápido e mais seguro — resume o engenheiro, que trabalhou em obras rodoviárias como a da própria Linha Vermelha, do Túnel Rebouças e do Elevado do Joá.

Filardi lembra ainda que, com o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) chegando ao Santos Dumont, quem estiver no Centro chegaria com facilidade ao terminal. Do lado do Galeão, passageiros já contam com duas estações do BRT Transcarioca (Barra-Galeão).

O grupo empresarial que apresenta a MIP publicada hoje é liderado pela Technion Engenharia e Tecnologia, subconcessionária da Rio Galeão que está implantando o Aldeya, numa área de 150 mil metros quadrados. Seus outros parceiros são a Ilha Open Mall e a Netuno Transportes Marítimos.

— Minha empresa não tem intenção de operar essa linha aquaviária. Mas a gente entende que ela é fundamental para tornar funcional a aerotrópole (polo econômico implantado dentro do Galeão) — afirma André Bendavit, sócio e diretor de engenharia da Technion Engenharia e Tecnologioa e CEO da Aldeya. — A gente tem que fazer um esforço para que o Galeão deixe de ser uma ilha dentro da Ilha. Hoje, ele não tem conexão com o resto da cidade. Esse, então, é um grande incentivo para conectar o aeroporto com o resto da cidade em até 16 minutos.

Num estudo inicial, o trajeto do Centro à Ilha do Governador poderia ser feito entre 11 minutos e 16 minutos. Uma das possibilidades é usar os chamados hovercrafts, veículos anfíbios que ficam sobre colchões de ar pressurizados. Como o calado dessas embarcações não é profundo, sua navegabilidade na Baía de Guanabara, que tem trechos muito rasos, seria facilitada. Contudo, seu preço é elevado.

Numa estimativa inicial, que consta do MIP, cada uma delas custaria R$ 80 milhões. A previsão é que sejam necessários ainda entre R$ 50 milhões e R$ 80 milhões por terminal, para obras civis de construção de cada píer de atracação das embarcações, além da construção de acessos para os passageiros.

Entre os estudos a serem realizados pelas empresas interessadas estão o de fluxo de demanda atual e para os próximos 20 anos; o de impacto ambiental e o de modelagem financeira. O valor pretendido de ressarcimento também terá que ser indicado.

A elaboração do plano não terá custo para a prefeitura. Jorge Arraes esclarece que, caso a empresa que tenha o seu trabalho escolhido não vença a licitação para explorar o serviço, ela deverá ser reembolsada em R$ 250 mil pelo futuro concessionário.

Infográfico — Foto: Editoria de Arte
Infográfico — Foto: Editoria de Arte
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