Rio
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Por Camila Araujo, Giulia Ventura e Carolina Heringer — Rio de Janeiro

Há sete meses, Leandro Xavier da Silva, o Playboy da Curicica, então chefe da milícia em localidades da Zona Oeste do Rio, iniciava uma aproximação com o tráfico de drogas. O objetivo era juntar forças contra as investidas da maior facção do tráfico do estado, assim como do grupo paramilitar rival dele, dominado por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho. A morte de Playboy nesta quinta-feira, após confronto com a Polícia Civil durante uma operação no Complexo da Maré, evidenciou, segundo a polícia, a associação perigosa de grupos criminosos distintos em comunidades do Rio.

— A partir do início dessas guerras, que começaram em janeiro deste ano, a gente identificou que grupos criminosos se juntaram para conseguir fazer a proteção dos seus territórios. A milícia da região de Curicica se aliou à facção criminosa que comanda o tráfico de entorpecentes em determinadas localidades, justamente para esse objetivo — explica o delegado Mauro César, assistente da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).

As investigações apontam que milicianos passaram a atuar em áreas que eram comandadas por traficantes e estes, por sua vez, também se beneficiaram ao ampliar o espectro de atuação em áreas de grupos paramilitares.

— Historicamente, o tráfico se ocupa de vender drogas, e a milícia se sustenta através de venda irregular de serviços de TV a cabo clandestino, transporte alternativo, gás, agiotagem. Os milicianos passaram praticar os crimes também em regiões comandadas pelo tráfico e vice-versa. Uma prova cabal dessa ligação foi que, hoje (esta quinta-feira), o Playboy foi preso quando estava escondido em uma comunidade comandada por facção criminosa em uma residência que tinha drogas — afirma o delegado.

Playboy atuava nas áreas de Curicica — daí seu apelido, com o nome do bairro —, Terreirão, Vargem Pequena, Vargem Grande, Rio das Pedras e Muzema, todas na Zona Oeste do Rio. Playboy da Curicica contava ainda com o apoio de André Costa Barros, conhecido como André Boto, preso em março do ano passado, e transferido na terça-feira para o presídio federal do Mato Grosso do Sul.

Segundo informações de inteligência da Polícia Civil obtidas pelo GLOBO, Playboy da Curicica buscou refúgio na Vila dos Pinheiros após receber uma ordem de Boto. No início deste mês, Playboy também teria mandado que seus comparsas roubassem cargas de remédios, assim como liberassem o tráfico de drogas na região de Curicica. Em uma das investidas do grupo, R$ 900 mil foram roubados em remédios e levados para a comunidade da Maré, e posteriormente, distribuídos para outras regiões.

A ação desta quinta-feira, que tinha como objetivo a prisão preventiva de Playboy Curicica pelo crime de homicídio, foi realizada pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). A operação se deu após dois meses de monitoramento e trabalho de inteligência.

Com a aproximação dos agentes, houve confronto. Além de Playboy da Curicica, um cúmplice dele também ficou ferido e morreu momentos depois: Ivert Leone Ramos Ferreira é apontado pela polícia como segurança pessoal de Leandro. Os dois chegaram a ser levados para o Hospital municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, segundo os agentes, mas não resistiram.

Por meio de redes sociais, moradores relataram um intenso tiroteio na região. Segundo eles, um helicóptero da Polícia Civil sobrevoou a comunidade durante parte da manhã. Pelo menos dois blindados da corporação também circularam pelas ruas da Maré. Devido à operação, a clínica da família Adib Jatene e o Centro Municipal de Saúde Vila do João suspenderam o atendimento.

Playboy foi baleado pela polícia durante operação no Complexo da Maré — Foto: Reprodução
Playboy foi baleado pela polícia durante operação no Complexo da Maré — Foto: Reprodução

Ex-aliado de Zinho, Playboy da Curicica era investigado pelos crimes de homicídio qualificado, roubo, extorsão, tortura, receptação, formação de milícia e organização criminosa. A quadrilha que chefiava atua na região de Curicica e faz cobranças de taxas ilegais de segurança, exploração do comércio ilegal de gás, de serviços de internet e de TV a cabo clandestinos e transporte irregular de passageiros, além de grilagem de terrenos e venda ilegal de imóveis.

Prisão e fugas

Em 31 de agosto do ano passado, Playboy da Curicica foi localizado por policiais civis na Rua Coronel Pedro Correia, em Curicica. Na ocasião, ele dirigia uma caminhonete Amarok. Com ele foram apreendidos mais de mil reais, dois celulares, um pendrive e um notebook.

Em maio do ano passado, ele quase foi preso pela Draco em uma boate na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, mas conseguiu escapar. Na ocasião, um policial militar acabou preso. De acordo com os investigadores, o agente fez disparos para auxiliar na fuga de Playboy da Curicica. Os bandidos atiraram ainda três granadas, que não explodiram, contra os agentes.

Em junho, quando a Draco tentou novamente prender o criminoso, cúmplices dele atiraram contra os agentes, e um disparo — que não se sabe de onde partiu — atingiu a cabeça da pequena Alice Rocha, de 4 anos, quando ela e a mãe compravam pipoca, em Curicica.

A menina ficou internada durante 40 dias em estado gravíssimo no Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, na Zona Sul do Rio. Ela passou por duas cirurgias na cabeça, uma delas com duração de dez horas, além de ter acompanhamento de diferentes áreas como fisioterapia, pediatria, neurologia e psicologia. Em julho, Alice recebeu alta e se recupera em casa.

Tortura

Leandro Xavier da Silva e outras seis pessoas foram citadas em um processo judicial sobre o crime de tortura contra um homem em 25 de maio do ano passado. O grupo teria invadido um imóvel na Gardênia Azul, também na Zona Oeste do Rio, e levou o morador até a rua, onde foi brutalmente torturado, segundo investigação relatada na ação judicial.

Ainda de acordo com o documento, a sessão de tortura durou 40 minutos, e Playboy desferiu golpes no rosto da vítima, prometendo matar o irmão dela e esquartejar o corpo. Há relatos do uso de armas como barras de ferro e concreto nas agressões. Apesar da denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), um mandado de prisão contra Playboy da Curicica foi revogado pela Justiça. O processo continua em curso.

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