Rio
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Por João Vitor Costa e Marcos Nunes — Rio de Janeiro

"Perdeu, sai do carro!" A frase que costuma preceder assaltos contra motoristas foi uma constante nos quatro primeiros meses deste ano no Rio de Janeiro. Microdados obtidos pela Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam que a capital é a região do estado onde ocorreu a maior parte dos 7.941 roubos de veículos registrados pela Polícia Civil e anotados pelo Instituto de Segurança Pública entre janeiro e abril de 2023. Só no Rio, foram 4.040 registros deste tipo. Entre os dez bairros que lideram a estatística deste crime no município, Bangu aparece em primeiro lugar, com 185 casos, seguido por Irajá (184), Vicente de Carvalho (116), Pavuna (106), e Coelho Neto, com 94, fechando os cinco primeiros lugares.

Áreas que têm territórios controlados pela milícia, como os bairros da Praça Seca e de Campo Grande, aparecem empatadas, com 84 registros cada. A lista do top 10 tem ainda Piedade (90), Bonsucesso (87) e Madureira (77). Os números do crime refletem a realidade de um negócio explorado tanto por traficantes quanto milicianos: o roubo de veículos para clonagem e venda. Só nesta terça-feira, durante uma operação no Complexo da Maré, a Polícia Civil apreendeu 27 carros. Cinco deles já estavam clonados. O destino de carros e motos, segundo as investigações da polícia, são os estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás e Ceará, além do Paraguai. Dos dez bairros citados, metade é cortado pela Avenida Brasil.

Após a capital, a Baixada Fluminense é a região que desponta com mais roubos de veículos anotados no período, com um total de 1.830 registros feitos em delegacias. Duque de Caxias ocupa a primeira posição da estatística, com 725 casos, seguido de Nova Iguaçu (355), Belford Roxo (295), São João de Meriti (254) e Mesquita (59), respectivamente. Mas são três municípios localizados do outro lado da Baía de Guanabara que estão no top 3 deste tipo de crime: São Gonçalo lidera, com 330 registros de roubos de veículos nos quatro primeiros meses de 2023. Em seguida, aparecem Itaboraí(76) e Niterói(42). Os dados repassados pela Secretaria de Polícia Civil através da LAI foram separados por áreas de policiamento.

O Departamento Geral de Policiamento da Capital, por exemplo, concentrou os registros da capital, com 4.040 ocorrências no primeiro quadrimestre do ano. O Departamento Geral de Policiamento do Interior também concentra parte dos dados disponibilizados, com 618 registros — este último, inclusive, agrupa as ocorrências registradas nas delegacias de Niterói, São Gonçalo, e Itaboraí, além de outras unidades localizadas no interior do estado. Outros 13 foram anotados na estatística como registrados em unidades do Departamento Geral de Polícia Especializada; e três, no Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP). Um não teve o local do registro mencionado.

Estatísticas do Instituto de Segurança Pública revelam que o roubo de veículos vem crescendo no estado. No primeiro quadrimestre de 2023, foram registrados 7.941 casos contra 7.753 no mesmo período do amo passado.A comparação revela um acréscimo de 2,4%. Em 2021, a polícia registrou 24.332 delitos deste tipo. Já em 2022, foram registrados 25.198. Ou seja, um aumento de 3,5%. Em maio de 2023 (2.380 ocorrências), este tipo de crime subiu 14% na comparação com o mesmo mês de 2022, quando foram registrados 2.078 roubos a veículos.

Atenção à Avenida Brasil

Em reunião realizada em abril deste ano, foram apresentados "resultados indesejados" em três indicadores: letalidade violenta, roubo de cargas e, justamente, os roubos de veículos. À mesa, estiveram o governador Cláudio Castro, os secretários de Polícia Militar, Luiz Henrique Pires, e de Polícia Civil, Fernando Albuquerque, assim como a diretora-presidente do Instituto de Segurança Pública, Marcela Ortiz.

De acordo com a ata, o governador do Rio destacou que o encontro "consolida a integração entre as polícias" e que ele "acompanha de perto" os indicadores de criminalidade e violência no estado", sendo a segurança pública a "prioridade em sua gestão".

O documento, obtido pelo GLOBO, traz o diagnóstico de que regiões cortadas por vias expressas e rodovias necessitam de planejamento estratégico, com um adendo: "a alta incidência deste indicador na Avenida Brasil", via identificada pelo secretário de PM também como "logradouro de maior incidência" de roubo de cargas. Como causas para os roubos, estão elencados, por exemplo, a proliferação de comércio ilegal de peças de veículos, e a clonagem — que permite a comercialização dos carros — para financiar o tráfico de drogas e armas. Os automóveis também são usados para o deslocamento dos criminosos.

Para combater esses crimes, as soluções apontadas são a instalação de sistemas de monitoramento com leitores de placas, assim como o aumento de operações de trânsito. Outra maneira de reduzir os índices seria a redistribuição do programa Regime de Adicional Noturno, a partir da análise da incidência criminal, e a análise de inteligência, subsidiando a distribuição dos recursos policiais para investigação e policiamento ostensivo.

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